21 - getting everything wrong

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BILLIE

Quando acordei na manhã seguinte com o barulho do chuveiro de Sam, levei um segundo para lembrar por que estava tão exausta. Até que rolei para o lado e gemi com a cara no travesseiro.

Tipo, com você?

Como eu poderia ter pensado que Sam me convidaria para ir com ela a um baile no meio da madrugada?

Apesar de ela ter feito mais ou menos isso. Platonicamente. Como amigas.

Pior ainda, como a idiota completa que eu era, eu tinha aceitado.

Peguei o outro travesseiro e o esmaguei em cima da minha cabeça, criando um sanduíche de cabeça e travesseiro, mas nem mesmo a situação sufocante mudava a verdade inegável:

Eu ia ao Baile da Fundação.

Eu havia prometido a mim mesma que nunca iria de novo. No ano anterior, Darius me convencera a ir: bailes eram constrangedores, mas eram um ritual de passagem! No entanto, depois de uma hora, eu tinha voltado ao quarto (tecnicamente violando o Código de Honra). Estava acostumada a sentir que não me encaixava em Harcote. Só não esperava sentir aquilo de forma tão aguda — quase dolorida — entre todos os casais de menino-e-menina arrumadinhos.

O vestido que eu usara não ajudara. No cabide, era ótimo, mas, quando o vestira, me sentira... errada. Eu ficara parecendo um garfo de plástico envolto em um guardanapo. Ao chegar no quarto, eu o enfiara no canto mais fundo do armário e o deixara lá até o Dia da Mudança do fim do ano.

Eu não sabia como faria aquilo, mas sabia que não decepcionaria Sam. Estava curtindo o barato de fazer a coisa certa, ser uma pessoa melhor, uma pessoa que se importava com as coisas, e uma das coisas com as quais eu me importava era Sam.

Além do mais, eu meio que devia uma a ela, mesmo. Ela tinha aguentado muita chatice por causa da coluna.

Eu me joguei da cama e revirei o armário. Era um desperdício tremendo, porque sabia que nada ali serviria. Uma coisa era vestir calça e camisa de botão no Jantar Formal. Nem por isso tinha um armário inteiro de roupas formais adequadas para uma jovem caminhoneira.

Quando Sam desligou o chuveiro, eu chutei as roupas de volta para o armário e pulei na cama.

— Você vai se atrasar para a primeira aula — disse Sam.

Ela parecia um anjo, envolta no vapor do banho.

— Mais dois minutos — resmunguei, e peguei o celular.

Escrevi uma mensagem:

Emergência! Pode me encontrar depois da aula?

Não, ele ficaria preocupado. Editei a mensagem:

Emergência de moda!

Mandei para Darius.

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Quando voltei ao quarto à noite, Sam estava de pé, imóvel e ereta. Olhava para uma caixa grande na cama. Estilhaços de uma explosão de papel de seda estavam espalhados pelo quarto.

— É para o baile?

Larguei a mochila na cadeira — a roupa que Darius me ajudou a comprar estava lá dentro. Eu penduraria no armário depois, mas não na frente de Sam.

— Achei que fosse vestir uma das roupas que já tinha — falei.

— Ia mesmo — disse ela, com um tom distante que fez meu peito acelerar. — Mas acho que agora vou usar isso aqui.

SANGUE FRESCO, billie eilishOnde histórias criam vida. Descubra agora