37 - Mommy's little girl

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SAM

Eu estava no auditório com o comitê do Ação Climática Já! responsável pelo Dia dos Descendentes, discutindo a apresentação que deveríamos fazer na hora do almoço de domingo. Eu me oferecera para fazer os slides, na esperança, provavelmente fútil, da apresentação talvez falar de alguma coisa relevante.

Eu não estava prestando a menor atenção. Lá no quarto, Billie estava fazendo as malas. Eu sabia que estaria, porque eu não estava lá, e ela não andava fazendo muita coisa quando eu estava por perto. Corei ao lembrar os dois dias anteriores. Eu não acreditava que chegara a cogitar que talvez só não tivesse tanto interesse em sexo. Porque eu tinha muito, sim.

Tinha levado um tempo para convencer Billie de que minha oferta de abandonar Harcote e levá-la comigo para Sacramento era séria, mas, quando a convencera, ela rejeitara com firmeza. Ela entendia que Harcote era muito importante para mim. Doía pensar em tudo que não viveríamos juntas: noites de inverno aconchegantes, passeios de mãos dadas pelo campus, os olhares escandalizados do resto dos harcotinhos.

Fomos passando pelos slides que eu tinha feito com imagens de plástico oceânico e lixões.

— A apresentação não devia ser tão deprimente — disse um dos líderes. — Nossos pais e presancestrais vão estar presentes.

Eu revirei os olhos.

— Claro, eles merecem uma perspectiva mais alegre sobre as mudanças climáticas. Posso trocar por, tipo, fotos de passarinhos sendo resgatados de um derramamento de óleo.

A ideia não era séria, mas todo mundo gostou mesmo assim.

Senti um toque no ombro: era o vampiro de rosto pontudo que me acolhera no Dia da Mudança.

— Sam Clarke — falou, e a vibração nasalada de sua voz me deu calafrios. — Alguém a aguarda no Centro de Visitantes.

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O Centro de Visitantes de Harcote era um chalé perto do portão, com as paredes cobertas de hera. A fofura do lugar quase disfarçava que na verdade servia como centro de segurança para avaliar todos os convidados, especialmente os humanos que apareciam nos eventos esportivos e outros dias de visita que o colégio era obrigado a manter para ser publicamente visto como um internato de elite.

Quando o vampiro abriu a porta da sala de espera, minha mãe estava ali de pé.

Assim que me viu, ela veio correndo me abraçar.

— Mãe, o que você está fazendo aqui? — perguntei, com o rosto esmagado contra seu ombro.

— Decidi chegar mais cedo para o Dia dos Descendentes! Queria passar mais tempo com minha bebê.

— Você me disse que não viria.

— Surpresa!

Ela emanava uma energia agitada, abalada. Não parava de olhar de relance para o vampiro que me conduzira ali. Já ele não desviava seus olhinhos de nós.

— Peguei um quarto em um hotel no centro, para você poder passar a noite comigo — disse ela.

Um hotel?

— Mas eu não tenho direito a passar a noite fora no momento.

Ela sorriu de um jeito que não combinava muito com ela.

— Ainda sou sua mãe, Sam. Posso liberar você.

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Enquanto minha mãe, tensa, manobrava o carro alugado pelo portão de Harcote, mandei mensagem para Billie, mesmo sem saber bem o que estava acontecendo. Será que minha mãe estava me sequestrando? Quando saímos e fecharam o portão, minha mãe suspirou.

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⏰ Última atualização: Sep 01 ⏰

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