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BILLIEAs noites de sábado estavam sempre chegando de novo para me irritar: era um lembrete constante de que eu não tinha planos, nem amigos, e deveria ter as duas coisas. Em vez disso, eu tinha Darius. Dessa vez, ele marcou o Cineclube Francês no sábado para compensar a reunião cancelada da última semana. Na verdade, andava bem difícil encontrar Darius ultimamente. Eu nem tivera tempo de contar que Sam e eu tínhamos visto Ebonhart na sala dele.
Mal esperei ele fechar a porta da sala do Velho Monte reservada para o filme, e logo desembuchei. Pelo menos, dessa vez, Darius não desmereceu o que eu estava dizendo. No entanto, o que mais o desagradou fui eu.
— Você não pode fazer esse tipo de coisa, Billie. Vai acabar se metendo em encrenca, e eu não estarei lá para protegê-la.
— Não sou eu que preciso de proteção. Além do mais, um servente pegou a gente, me pegou, mas não aconteceu nada.
Darius arregalou os olhos.
— Um servente viu você perseguir Edith até minha sala?
— Tecnicamente, um servente me viu olhar pela janela da sua sala, enquanto Ebonhart estava lá dentro. Tive certeza de que eu me meteria em confusão com o Atherton, mas nada aconteceu. Mas, se eu me desse mal, valeria a pena, porque...
Porque me preocupo com você era o que eu queria dizer, mas engasguei nas palavras.
— Porque seria uma ótima história para contar — concluí. — Vadiagem no internato, coisa e tal.
Darius passou a mão no rosto, ajeitando o bigode. Parecia cansado.
— Só me conta o que está acontecendo — pedi. — Por que Ebonhart está tão incomodada? É só porque ela é vatra e você, reunionista?
— Eu vou fazer uma pergunta, e quero que você responda honestamente. Pode ser?
Ele estava tão exageradamente sério que senti um calafrio. Foi preciso usar toda minha força para não fazer uma piada.
— Vou tentar.
— Você já considerou que Edith pode estar certa? Que eu estou mesmo fazendo algo perigoso?
Fiquei um pouco chocada.
— Não. Não precisei considerar. Ebonhart é completamente péssima, e você... você é você.
— Bom, ela não está errada — disse ele, baixinho. — A verdade é que faço parte de uma rede reunionista. Estamos trabalhando pela mudança. Por um mundo sem tanta separação entre vampiros e humanos. No qual podemos todos viver juntos, unidos por nossa humanidade comum.
Olhei para ele, boquiaberta.
— Está falando de abandonar a fachada? — perguntei. — Vampiros por todo lado, expostos para os humanos?
— Por enquanto, não, mas queremos poder falar disso no futuro.
— Tipo, daqui a anos-luz? Vampiros e humanos sempre viveram separados.
— Parece argumento de vatra — disse Darius, casualmente me ferindo no fundo do peito. — Como imortal, a gente aprende que muito do que achamos ser eterno na verdade é temporário. Passei a maior parte da vida entre humanos. Não só para me alimentar, mas como parte de uma comunidade. Amigos, namorados, emprego normal. É possível.
— Aí você deixou tudo isso para trás e veio morar em um internato de adolescentes Sangue-Fresco?
— O Perigo mudou tudo. Alguns de nós, vampiros mais jovens e mais tolerantes com humanos, notamos que Hema e a DFaC criavam uma oportunidade incrível: era possível a verdadeira integração. Hema substituiu a necessidade de beber sangue humano, e a DFaC ofereceu uma garantia a mais. Mas, no início da Vampiria, não foi essa a ideia que ganhou terreno. A DFaC fez com que muitos vampiros temessem humanos, e já tinham morrido tantos que a ameaça de extinção era real. Ninguém gosta de sentir medo. Outra facção conseguiu canalizar o medo para essa ideia de supremacia vampírica em relação aos humanos. A ideia já existia há muito tempo, mas, depois do Perigo, ganhou força, e finalmente vieram os Sangue-Frescos.
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SANGUE FRESCO, billie eilish
ParanormalSam Clarke e sua mãe são duas vampiras vivendo entre os humanos que precisam se esforçar para pagar as contas e comprar Hema, o sangue sintético caríssimo de que todos os vampiros necessitam para sobreviver, desde que a humanidade foi quase inteiram...