10 - curfew

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⛧╾──╼⛧
SAM

Quando acabei minha redação, passei um bom momento olhando para o e-mail. Nathan podia até ser o ganhador designado, mas minha redação estava ótima . Todo mundo em Harcote alegava estar ali por mérito, por sermos os Melhores dos Melhores. Eu ia dar a eles a oportunidade de provar. Enviei o e-mail.

Em seguida, olhei o celular e meu estômago quase saiu pela garganta. Tinha esquecido completamente o toque de recolher. Precisava voltar para Hunter correndo. Não podia me meter em confusão duas vezes na mesma semana, tudo no primeiro mês de aula. Ebonhart não seria tão generosa na segunda vez. Enfiei meu material na mochila e saí correndo da sala de estudos.

Olhei para os corredores escuros e desconhecidos, e quase caí de susto quando um servente humano apareceu, empurrando um carrinho de limpeza. Eu não sabia se os serventes delatavam alunos que quebravam o toque de recolher, mas, mesmo se não fosse o caso, as expressões vazias hipnotizadas me apavoravam. Eu não queria ser pega por um deles à noite. Peguei a escadaria leste, descendo de dois em dois degraus, e empurrei a porta do primeiro andar.

A luz da sala do diretor era inconfundível. A porta estava aberta, projetando a sombra de duas silhuetas no corredor.

Eu estava completa e inteiramente ferrada.

Precisava me esconder, fugir ou tentar me proteger de alguma forma, mas como? Minhas pernas tinham virado gelatina. A porta da escadaria leste se fechou atrás de mim, rangendo. As vozes mudaram de tom — O que foi isso? —, as sombras em movimento, e eu só consegui pensar que Harcote tinha sido legal, que foi bom enquanto durou.

Alguém — algo? — me agarrou por trás. Eu arregalei os olhos e quase berrei, mas uma mão apertou minha boca com força. Por instinto, minhas presas escaparam e se enfiaram na pele apertada contra meu rosto. Outra pontada aguda de pânico: será que eu tinha mordido um servente humano? Um transmissor de DFaC? Eu me debati contra quem estivesse me segurando, mas a pessoa era forte e me puxou para o espaço escuro entre a parede e um mostruário de memorabilia de Harcote. Apesar de estar de costas para a pessoa, eu poderia jurar que ela tinha um cheiro estranhamente familiar, que eu quase identificava.

Cheiro de tênis novo.

— Para de se debater e fica quieta — cochichou Billie no meu ouvido.

Eu parei de me mexer. Billie me soltou e eu me desvencilhei, virando para ela, pronta para exigir saber o que exatamente ela estava pensando... quando o clique-claque de salto alto no chão de madeira me provocou outra pontada de medo, e eu acabei me apertando ainda mais perto dela. Apoiei o braço na parede, e Billie me envolveu com o dela, nós duas escondidas em uma só sombra.

Fazia séculos que eu não a tocava.

Da sala do diretor Atherton, vinha uma voz:

— Isso já passou dos limites... A Vampiria é melhor do que isso.

— É a sra. Ebonhart? — sussurrei.

Meus cílios roçaram o maxilar de Billie, de tanta proximidade. Senti e vi Billie confirmar com a cabeça, o rosto tenso do esforço para escutar melhor.

— ... não vou mais aceitar e não estou sozinha... — a voz da sra. Ebonhart foi sumindo.

— Você não pode fazer esse tipo de exigência, Edith!

SANGUE FRESCO, billie eilishOnde histórias criam vida. Descubra agora