SANGUE FRESCO, billie eilish

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SAM

Na segunda-feira, esperei cinco minutos muito longos depois de Billie sair para correr e liguei para minha mãe.

Desde que eu chegara em Harcote, a gente se comunicava principalmente por mensagem, o que eu sabia que ela odiava. Eu não ligava para ela desde antes de ganhar a mentoria com Victor, o que fazia semanas. No entanto, precisava falar com ela, mesmo sem querer. Não podia conhecer os pais de Nathan no Dia dos Descendentes sem saber qual era a relação dela com eles. Além do mais, eu precisava saber com certeza se ela planejava comparecer.

Além disso, eu estava me sentindo meio sensível. Não era só pelo que acontecera no Baile da Fundação, ou porque eu e Billie estávamos basicamente investigando um assassinato, ou porque a cura da DFaC talvez estivesse guardada em um HD no meu quarto. Era também porque a morte do sr. Darius me fizera pensar no meu pai. Eu nunca conhecera mais ninguém que morrera de DFaC. Pelo que Billie descrevera — gosma preta escorrendo de todos os lugares —, era impossível não pensar nos últimos momentos dele.

Minha mãe atendeu no primeiro toque.

— Sam? O que houve?

Esfreguei a testa.

— Por que acha que houve alguma coisa?

— Não estou acostumada com você me ligando do nada — disse ela, fria.

E, assim, qualquer esperança que eu tinha de uma conversa reconfortante entre mãe e filha se esvaiu.

— Só queria saber se você vem para o Dia dos Descendentes. É daqui a duas semanas. Meu, hum, namorado quer me apresentar aos pais dele.

— Eu nem sabia que você tinha namorado, e já vai conhecer os pais dele?

— Seria mais estranho tentar evitá-los, já que estarão no campus. Além do mais, eu quero conhecer eles. São os líderes da Fundação pela Cura.

— Você está namorando o filho de Anthony e Asha Black?

— Nathan Black. A gente se conheceu na mentoria. Com Victor Castel.

— Não sabia que você tinha interesse em confraternizar com esse tipo de gente.

— Que exagero. Eu não sei como eles são. Ainda não os conheci. Você os conhece? — perguntei, parando um instante, mas ela não respondeu. — Tenho certeza que eles vão perguntar pelos meus pais e pelo meu pedigree quando nos conhecermos. É óbvio que contarei o que puder. Aí, quando vocês se conhecerem um dia...

— Quando eu conhecer os Black um dia?

— Quer dizer, eu e Nathan... está ficando bem sério.

Fiz uma careta. A ideia de um relacionamento sério com Nathan — nos formarmos juntos, levá-lo a Sacramento, apresentá-lo a Logan e Noah — me dava nojo de um jeito que não sabia explicar.

— Pensando bem, eu já os conheci. Há muito tempo. Duvido que lembrem de mim, então é melhor nem mencionar.

— Ótimo. Vou só dizer que sou órfã, então.

— Sam.

— Então é para eu dizer o quê quando perguntarem dos meus pais? Tenho seu sobrenome, eles vão reconhecer.

— Na época eu usava outro nome — admitiu ela.

— Qual era...

— Meu bem, meu horário de almoço é curto, e prefiro não gastar o tempo explicando por que não quero nada com Anthony e Asha Black.