34 - It couldn't get any worse, but it did

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⛧╾──╼⛧
SAM

Eu estava sentada à mesa, escrevendo o trabalho final da aula de Ética Vampírica da sra. Ebonhart, quando alguém esmurrou a porta do quarto.

— Inspeção! Arrumem-se, pois abrirei a porta daqui a dez segundos!

Era a voz do diretor Atherton. O que ele estava fazendo ali? Inspeções deveriam ser feitas pelos intendentes das residências.

— Dez... nove... oito...

Eu me arremessei na cama e puxei a revista que tinha roubado da Coleção Estendida. Enfiei a revista na cintura da minha saia e corri para o lado de Billie do quarto.

— Sete... seis... cinco...

Billie estava na biblioteca, mas o HD estava ali. Onde ela tinha escondido? Vasculhei a mesa dela, na esperança que o diretor não me ouvisse abrir as gavetas. Nada.

— Quatro... três...

Ali estava, encaixado na estante, bem ao lado de 1000 filmes para ver antes de morrer.

— Dois...

Peguei o HD e escondi na manga do meu cardigã.

— Um.

Quando o diretor Atherton abriu a porta, eu estava de pé, em pose educada, no meio do quarto. Ao lado dele estava a sra. Radtke, com sua expressão típica de leve irritação. Ao encontrar meu olhar, a irritação virou alarme. Três serventes de olhar vazio os acompanhavam.

O diretor Atherton, preso naquele corpo juvenil, pela primeira vez pareceu ter a idade que tinha ao dizer:

— Recebemos uma denúncia anônima dizendo que você foi a autora daquela coluna de opinião.

Uma denúncia anônima? A coluna tinha sido publicada semanas antes, e o diretor Atherton nunca encontrara provas de que eu a escrevera... porque não escrevera. Por que ele tinha decidido vasculhar nosso quarto?

— Esta é sua oportunidade de praticar os valores de respeito de Harcote — disse o diretor. — Você escreveu aquela coluna, Sam?

— Não — falei, com a voz esganiçada.

— Espero que seja verdade. Aguarde no corredor.

— Este é meu lado do quarto — falei, apontando minha mesa. — As coisas são bem separadas por eu e Billie.

— Por mim e Billie— corrigiu o diretor Atherton. — Corredor, Sam.

⛧╾──╼⛧

Eu me apoiei no corrimão, me esticando para enxergar o quarto entre o diretor Atherton e a sra. Ebonhart, na porta, enquanto os serventes reviravam tudo. Eles passaram por todas as gavetas da minha escrivaninha, até folhearam os cadernos. Depois seguiram para a cama, revistaram debaixo do colchão e debaixo do estrado, como se o colégio fosse uma prisão, e o diretor Atherton, nosso carcereiro. Quando acabaram de mexer no meu armário, esperei que fossem embora. Não encontraram nada nas minhas coisas, já que não havia nada a encontrar. Era eu o alvo da busca, afinal.

Mas aí eles passaram para o lado de Billie.

Um sentimento de pavor retorceu meu estômago. Era melhor Billie não ter deixado nenhuma pista de que escrevera aquela coluna. Eu sabia que haveria evidências no computador, mas ela o levara à biblioteca. Se eu a encontrasse a tempo, ela poderia apagar. Daria tudo certo.

Ficaria tudo bem.

Billie ficaria bem.

Não que fosse da minha conta, ela estar bem ou não.

SANGUE FRESCO, billie eilishOnde histórias criam vida. Descubra agora