29 - hair dyed black

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⛧╾──╼⛧
SAM

— Por que ele quer falar com a gente , no meio disso tudo? — cochichei para Nathan enquanto acompanhávamos o diretor Atherton ao Velho Monte.

Nathan me olhou, resignado, mas não respondeu. Conforme nos aproximávamos do Velho Monte, sua postura ia se enrijecendo com aquele autocontrole de alta pressão que ele sempre demonstrava em relação a Victor Castel. Fazia ele parecer quase outra pessoa, toda a confiança arrogante envolvendo-o como uma armadura. Apertei a mão dele.

O diretor Atherton nos levou a uma sala onde Victor nos aguardava. O terno elegante e os sapatos engraxados dele faziam até a sala de aula impecável parecer meio vagabunda. A aparência dele era diferente de quando eu o conhecera em sua casa; de certa forma, agora ele parecia mais poderoso, mais intimidador. Como se fosse possível ver sua idade, mesmo que não fosse. Ele parecia maior, mais vasto, como se exercesse uma força gravitacional ao redor da qual tudo girava.

Victor olhou nossas mãos unidas.

— Muito bem, Nathan.

Enquanto eu tentava não fazer uma careta, Nathan abaixou a cabeça.

— Obrigado, senhor. Sabendo que o senhor via algo em Sam, eu também comecei a ver.

Nós nos sentamos ao redor da mesa de seminário. Victor nos observou por cima das próprias mãos cruzadas.

— Por que acham que vim visitar o campus hoje?

Olhei de relance para Nathan. Ele não parecia pronto para falar, então eu respondi:

— O senhor é do conselho, e um professor aqui faleceu. Foi o que o diretor Atherton disse.

Era a resposta errada. Victor voltou a atenção para Nathan.

— Há quatro outros membros no conselho. Dois são meus pais. Eles não estão aqui — disse Nathan. — A morte de Max Darius é importante para além do fato de ser professor aqui.

— Correto — disse Victor, com precisão.

Vergonha ardeu no meu rosto. Nathan não sabia nada do sr. Darius, não como eu sabia. Ele só adivinhara aquilo porque Victor aparecera.

— Qual é essa importância? — continuou Victor.

Qual era o significado da morte de Darius? Tentei formular uma resposta, mas eu não parava de pensar na dor no rosto de Billie, no peso em seu olhar quando falava dele.

Victor me viu hesitar. Ele se debruçou na mesa e cerrou um punho.

— Deixe suas emoções de lado. O pensamento emotivo é inimigo do discernimento. Corrompe as decisões que devemos tomar pelo bem maior de todos os vampiros.

Não me parecia certo que emoções fossem inimigas da lógica e do discernimento. O que causava tristeza, raiva e ultraje eram as coisas com as quais nos importávamos, que valorizávamos. Substituir isso por uma racionalidade fria dava a entender que valores não eram nada.

Porém, engoli essas reservas. Victor estava certo — eu não podia me mostrar emotiva, e não apenas porque, de tanto querer impressioná-lo, estava suando. Eu também precisava descobrir o que Victor sabia do sr. Darius. Quem saqueara o laboratório sabia da cura, mas ainda havia dúvida quanto a Victor ter tal informação.

— Há rumores de que o sr. Darius era reunionista — falei, cautelosa.

— Era? — Nathan me cortou com surpresa no rosto. — Mas reunionistas defendem integração. Como o sr. Darius poderia ser reunionista e morrer se alimentando de um humano?

SANGUE FRESCO, billie eilishOnde histórias criam vida. Descubra agora