32 - i'm done with you

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⛧╾──╼⛧
BILLIE

A gente tinha tomado no cu.

Depois de tudo que aguentei nesse colégio idiota, finalmente tinha explodido o Código de Honra e estava prestes a ser chutada porta afora.

O rosto de Atherton, cheio de cicatrizes de acne, estava vermelho do frio no jogo de lacrosse, e ele vestia um moletom da Harcote. Parecia ainda mais um aluno do que de costume, o que era confuso, já que eu estava bem convencida de que ele era também um assassino. O cabelo de Ebonhart estava preso no alto da cabeça em uma auréola de frizz. Ela apertava a boca em uma linha fina e pálida, e seu olhar ia freneticamente de mim para Sam.

— Boa noite, diretor, boa noite, sra. Ebonhart— falei, na minha voz mais educada. — Estamos ganhando o jogo?

A boca rosada de Atherton tremeu. Ele achava o espírito escolar irresistível.

— Está no intervalo. Estamos com um ponto de vantagem.

— Viva Harcote! — falei. — Bom, Sam e eu estávamos só...

— Sim, estavam só o que? — perguntou Atherton. — O que traz vocês duas ao Velho Monte neste horário?

Sam pigarreou, enrolando.

— A gente, hum...

— Essas alunas fazem parte do Cineclube Francês — disse Ebonhart. — Assumi a liderança no lugar do sr. Darius. Como o senhor sabe, diretor, ainda não somos um clube oficial, pois ainda precisamos de mais membros.

Nós três ficamos boquiabertos.

— Cineclube? — repetiu Atherton. — É inusitado para você, Edith.

— É verdade que nunca me habituei ao cinema, mas sinto que já é hora de desenvolver conhecimento sobre esse tipo de arte — respondeu ela. — A srta. O'connell é uma grande cinéfila. Pedi para elas me encontrarem aqui para programarmos as exibições do resto do semestre.

Atherton nos olhava com desdém, procurando confirmação de que estava sendo enganado.

— Diretor, acredito que nosso assunto está resolvido — declarou Ebonhart. — Meninas, venham comigo.

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Se eu queria acompanhar Ebonhart, minha arqui-inimiga vatra, um monumento vivo ao detergente de roupas sem cloro, pelos corredores do Velho Monte? Não queria. Porém, não tinha escolha. Sam e eu estávamos completamente à mercê de Ebonhart. Ela praticamente nos empurrou para dentro da própria sala e fechou a porta.

— Sentem-se — ordenou.

Nós nos sentamos.

Ebonhart ficou de pé do outro lado da mesa, massageando a pele finíssima das mãos e nos olhando com extrema consternação.

— Expliquem-se — falou.

Ao meu lado, Sam tremia que nem um coelhinho apavorado, a ousadia anterior completamente esgotada. Ela não parecia preparada para nenhum tipo de briga. No entanto, se fôssemos ser derrubadas, eu cairia lutando.

Enfim, às vezes é preciso ser direta.

Levantei o queixo.

— A gente sabe o que você fez. Você matou Darius.

Billie! — gritou Sam, mas eu não a deixei me impedir.

— Mesmo que não com as próprias mãos, você ajudou a matá-lo. Acho que você é o próprio demônio — cuspi.

SANGUE FRESCO, billie eilishOnde histórias criam vida. Descubra agora