25 - the unbearable stench

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⛧╾──╼⛧
SAM

Andei em círculos pela Coleção Estendida. As luzes esverdeadas com sensor de movimento iam se acendendo nos corredores conforme eu passava.

Eu tinha acordado, visto Billie desmaiada na cama do outro lado do quarto, e ido embora assim que possível. Dar um pouco de espaço para Billie era a decisão mais decente e, de qualquer forma, eu também precisava pensar.

No entanto, ali sozinha na Estante, só conseguia pensar nela.

No alívio que me tomara quando ela se ajoelhara na minha frente na escadaria do baile.

Na aparência dela naquele campo, a camisa branca como um farol ao luar e o peito ofegante, quando uma parte de mim tivera certeza de que ela estava perdida e que eu a encontrara bem a tempo — apesar de ser de mim que ela fugia.

Naquele beijo.

Em um momento a gente estava brigando, a raiva praticamente fumegando, até que de repente parecera que a única coisa importante era a curva dos lábios dela, que Chloe não deveria beijar aquela boca, e eu não conseguira mais pensar. Nem me lembrava de decidir tê-la beijado; de repente, já estava beijando. Com os fios de seu cabelo roçando meu rosto, a pressão leve da boca, o momento em que ela me beijara de volta, o corpo dela junto ao meu. Minha pele formigara com calafrios — mais que minha pele, mais fundo, como uma fome, algo dentro de mim me atraindo a ela. Como se eu quisesse chorar ou rir, mas não conseguisse. Eu poderia beijá-la para sempre. Mesmo naquele momento, eu sentia que ainda deveria estar beijando ela.

Sacudi a cabeça para desanuviar.

Não era certo. Eu nunca deveria ter forçado aquele beijo, sem fazer ideia do que ela queria. Eu não era assim. Eu me importava com consentimento. No entanto, naquele momento, eu não me perguntara o que ela sentia. Tinha certeza de que ela sentia o mesmo que eu. Porém, não sentia. Ela tinha fugido.

Meu celular vibrou com uma mensagem de Chloe:

E aí, gata festeira! Vem pro refeitório, estamos bebendo o café da manhã.

De repente, o ar da Estante pareceu rarefeito.

Chloe.

É claro que Billie não me queria. Ela tinha alguém, mesmo que fosse um pesadelo disfarçado de rostinho bonito que nunca a trataria como ela merecia. Uma pessoa de quem eu sentira tanto ciúme na noite anterior que praticamente desmaiara.

Como eu podia estar obcecada por Billie Eilish , a pessoa que me entregara e quebrara minha confiança? Não, lembrei, não era verdade. Ela me contara na noite anterior, e eu acreditara nela, que nunca dissera nada para os pais. Então ela era só Billie Eilish, minha ex-melhor amiga e colega de quarto. Parecia totalmente diferente.

Na verdade, não fazia diferença. Porque eu não era queer.

Eu saberia se fosse.

Definitivamente saberia.

Pensei em ligar para Logan ou Noah, que surtariam completamente quando eu contasse.

Contasse o quê, exatamente? Como eu podia explicar algo que eu mal entendia?

A ideia de contar aquilo era tão aterrorizante que quase vomitei no meio da seção de Vampiros da América Antiga na Estante.

Eu precisava de uma distração, outra coisa na qual me concentrar. Era a primeira vez que eu estava sozinha na Estante, sem Nathan. Deveria estar pesquisando informações sobre a época da minha mãe na CasTech.

SANGUE FRESCO, billie eilishOnde histórias criam vida. Descubra agora