11 - mentoring

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⛧╾──╼⛧
BILLIE

Quando acordei no sábado, Sam estava penteando o cabelo depois do banho, e imagens da noite anterior me inundaram — ela apertada contra mim, meu rosto junto ao seu cabelo. Especialmente o jeito que ela me olhou quando eu a desafiei a escalar a calha. Naquele momento, cheguei a senti-la fisicamente, entre nós — aquela conexão que tínhamos.

Que tivéramos, um dia.

Eu mal tinha colocado as pernas para fora da cama quando ela falou:

— E aí, decidiu o que vai fazer? Porque sei que você vai fazer alguma coisa a respeito daquela história do sr. Darius, e espero que não seja nenhuma idiotice.

— Uau, estou me sentindo muito julgada agora.

Sam parou de se pentear e me lançou um olhar irritado, que de jeito nenhum fez meu coração bater mais forte.

— Então você não vai fazer nada?

— Nossa, quem você acha que sou? Não podemos deixar Ebonhart perseguir Darius!

Ela voltou a se olhar no espelho.

— Nem tenho certeza se é isso mesmo que está acontecendo. A sra. Ebonhart estava falando de uma enorme ameaça, e o sr. Darius é... ele é tão gentil.

Mordi o lábio. Um dia antes, eu teria concordado com Sam, mas teria sido antes de Darius ter me confessado ser reunionista. Eu não pretendia contar para Sam, mas, se por acaso Ebonhart soubesse disso, explicaria muita coisa.

— Ebonhart é uma vatra. Vatras ainda se sentem ameaçados pela invenção da luz elétrica. Darius... não é um vatra — falei. — Talvez seja essa a questão.

— O que os vatras querem, afinal? Achei que fosse só um estilo horroroso.

— São supremacistas vampiros — expliquei. — Não que essas ideias sejam raras na Vampiria, mas os vatras são especialmente vidrados nelas. Eles acham que, desde que a DFaC impossibilitou que vampiros se alimentassem de humanos, a cultura vampírica se perdeu. Acham que os Sangue-Frescos precisam saber que existiu um passado , quando fazer cosplay de morcego não era absurdo, e vampiros eram criaturas obscuras da noite que dormiam em caixões mofados.

E, lembrando que Sam não fora agraciada com dois anos de educação vampírica, acrescentei:

— A parte mais idiota é que isso é basicamente uma fantasia inspirada em filmes do Bela Lugosi e livros da Anne Rice. Até onde eu sei, antes do Perigo, não existia cultura vampírica. Nem existia a Vampiria. Um vampiro solitário podia passar décadas sem nem esbarrar em outro sanguessuga, então era literalmente impossível que surgissem tendências estéticas idiotas.

Sam estava de testa franzida.

— Nunca ouvi falar disso... então o Perigo uniu os vampiros?

— Os vampiros que não matou, sim. Quem sobrevivia tinha acesso regular a Hema. Ou seja, pela primeira vez, os vampiros começaram a se juntar, a conversar entre si. É a essência da Vampiria. Os vatras surgiram como uma moda nostálgica.

— Então é por isso que a sra. Ebonhart ensina Ética Vampírica, para que os Sangue-Frescos sejam bons vampirinhos — disse Sam. — Não que isso tenha nada a ver com o sr. Darius. Ele é só um professor de química. Não está exatamente corrompendo a juventude.

— Isso mesmo.

É claro que a conversa da noite anterior dava um pouco a impressão de que ele estava tentando me recrutar para uma seita reunionista, mas nós já éramos amigos há quase dois anos antes de esse assunto ser mencionado. Ele não estava nem perto de iniciar uma insurreição pelo campus.

SANGUE FRESCO, billie eilishOnde histórias criam vida. Descubra agora