17 - blood at the party

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⛧╾──╼⛧
SAM

A música estava alta e o espaço todo estava iluminado pelo brilho vermelho da placa neon. Não tinha muita gente, só uma mistura de alunos do terceiro e do quarto anos dançando, tirando fotos e fumando vape. Eu estava sentada no braço do sofá conversando com Cristen, o namorado de Jude. Ele estava bebendo uma garrafona de cerveja extraforte. Os garotos todos tinham levado aquela bebida, e Cristen não parava de falar que era boa à beça, melhor que champanhe. Eu achava que não beber nada seria melhor do que beber aquela cerveja barata de posto de gasolina. Por outro lado, eu não saberia dizer, já que não visitara a região francesa de Champagne, como Cristen. A maioria das pessoas que bebia aquela cerveja não tinha essa experiência.

Ele tomou um gole e me ofereceu a garrafa morna.

— Quer um gole?

— Não, bebi um pouco daquele Everclear que a Jude passou.

A bebida estava deixando minha cabeça leve e confusa, meu corpo solto e relaxado. Eu não estava acostumada à sensação. Vampiros não podiam ingerir comida, mas álcool não era comida de verdade. Era uma molécula que o sangue levava ao cérebro, e nosso sangue era perfeitamente capaz disso. Quanto mais puro o álcool, menos se assemelhava a comida, e melhor era para vampiros. Por isso eu estava bebendo álcool retificado com 95% de teor alcóolico, apesar de arder da boca até o estômago. Os garotos morreriam de dor de barriga no dia seguinte, mas fazer cosplay de pobre devia valer a pena.

Em casa, eu raramente bebia. Sempre tinha medo de abaixar a guarda. Admitir que eu era vampira, ou soltar as presas, podia estragar minha vida. Morder alguém teria consequências nas quais nem queria pensar. De qualquer forma, eu não tinha muito tempo para festas, considerando a escola e o trabalho, e Logan e Noah gostavam do fato de eu estar sempre apta a dirigir.

No entanto, ali, nada daquilo fazia diferença. Eu não precisava esconder ser vampira dos harcotinhos, apesar de ainda querer guardar certos segredos. O álcool tornava a festa toda mais fácil. Relaxava a tensão no meu peito. Eu tinha posado para uma selfie com Jude logo depois da primeira dose de Everclear e, na foto, via a garota que Chloe dizia que eu deveria ser: gostosa, confiante, pouco se fodendo. Postei a foto com a legenda "me achei gata, se flopar apago... brinks @judel".

Dei uma olhada nos likes enquanto Cristen falava do quanto estava ansioso para a estação de esqui. Logan já tinha comentado: "tá de sacanagem???"

— Cristen, está tentando matar Sam de tédio?

Nathan apareceu de pé ao meu lado. O rosto dele estava um pouco corado, o cabelo escuro caído na cara, e ele usava uma camisa de flanela digna de par romântico cafajeste de filme adolescente dos anos 1990. Sorri e me levantei do sofá, cambaleando só um pouco. O álcool me deixou tonta.

— Você está bonita — disse ele.

Levantei o ombro e pestanejei.

— Obrigada. Você também.

Ele abriu um sorriso irônico, os olhos cinzentos brilhando.

— É assim que é a Sam bêbada? Que paqueradora.

— Não estou te paquerando, Nathan — ri. — É você quem está me paquerando.

Ele se inclinou para mais perto, ou talvez eu é que estivesse balançando.

— Ah, é?

— Mas não vai funcionar. Porque eu ainda te acho um babaca.

O sorriso dele murchou.

— Ah. Então tá. Nada de paquera, parece.

Merda.

— Não foi isso que eu quis dizer.

SANGUE FRESCO, billie eilishOnde histórias criam vida. Descubra agora