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Toni Topaz

Olho para minhas mãos e não posso evitar lembrar de como elas estavam logo antes de lavá-las, cobertas por seu sangue.

Minha cabeça está um turbilhão.
Cheryl entrou na emergência já faz um tempo, seu pai está desesperado falando com a recepcionista, Verônica está a prantos com Archie ao seu lado, minha família em choque. Não vou nem comentar sobre a mãe e a irmã da Cheryl...

Mas nesse momento eu não consigo fazer nada. Não consigo brigar como Victor, não consigo chorar descontroladamente igual Verônica e muito menos só ficar preocupado como minha família está. Eu estou apenas em estado de transe, pensando no pior mas sem nem conseguir me mover.

Lágrimas são inevitáveis, mas o choro em si não aparece, fúria está dentro de mim mas não consegue sair para fora. Minha cabeça está rodando, meus nervos estão à flor da pele. Estou em um estado deplorável, mas minha preocupação é maior.

Um dia inteiro parece se passar, mas eu sei que se passaram apenas 2 horas.

Um médico adentra a recepção e eu automaticamente levanto.

-Vocês são à família de Cheryl Blossom?- O médico pergunta olhando para mim, Suzana e Sophie.

-Sou a esposa dela.- Digo e ele me encara, passeando o seu olhar pelas minha roupa.

Não ligo para o estado em que estou, Cheryl é mais importante.

-Ela está bem?- Victor se aproxima rapidamente.

-Cheryl sofreu dois ferimentos graves, um pela pancada e outro pelo tiro.- Ele olha para Victor.- Ela precisou de duas cirurgias de emergência, a bala perfurou seu pulmão e a pancada resultou em um rompimento de um vaso sanguíneo.

-Aí meu Deus.- Suzana volta a chorar descontroladamente e Victor vai ao seu lado com o objetivo de conforta-lá.

-Felizmente, não ouve nenhuma complicação no decorrer das cirurgia.- Automaticamente um peso sai de minhas costas.- Ela está sedada, provavelmente só vai acordar de manhã. Peço que vocês tenham paciência e esperem até ela acordar para vê-la. Agora ela precisa descansar.

-Não, eu preciso ver ela agora.- Falo no mesmo instante.

-Peço desculpas senhora mas não será possível, Cheryl está na sala de recuperação sendo monitorada por nossa equipe médica. Ela ainda está com a anestesia e se recuperando da cirurgia.- Ele me encara.

-Inacreditável.- Nego rindo desacreditada. Como não posso ver minha esposa!

-Doutor, quando podemos vê-la?- Archie pergunta.

-Acredito que pela manhã já vai ser possível.- Ele se vira para olhar Archie.

-Doutor!- Uma das enfermeiras o chama.

-Peço que me deem licença.- Ele se vira e vai em direção a enfermeira entrando em uma sala.

Archie e Verônica assim como à família de Cheryl se preparam para ir embora.

-Eu não vou sair daqui. Não vou deixar ela sozinha.- Falo recebendo olhares de todos.

-Eu sei que não,- Jughead fala se aproximando.- Por isso eu vou ficar aqui. Você precisa ir para casa descansar. Eu fico e assim que ela acordar eu ligo para avisar.

Tento argumentar mas não adianta, todos me dizem a mesma coisa que Jug. Então, vou para casa junto a minha mãe mesmo sabendo que não vou conseguir pregar os olhos.

Abro meus olhos lentamente enquanto tento acordar. Talvez o chá que minha mãe preparou fez efeito na noite passada e eu consegui dormir algumas horas.
Meu celular começa a tocar e eu rapidamente me levanto da cama.

Por favor que seja o Jughead...

Encaro a tela e vejo o número. Graças a Deus.

-Alô Jug?

-Toni? Oi.

-Iae, Ela acordou?- Pergunto já aflita.

-Sim, faz um tempo mas ela voltou a dormir.

-Chego em 15 minutos.- Desligo o celular e corro pro banheiro.

Adentro a recepção do hospital e vou direto falar com a recepcionista.

-Oi, pode me enformar o quarto de Cheryl Blossom?

-Bom dia.- Ela digita alguma coisa no computador e logo levanta o olhar para mim.-  Quarto 231. É só entrar por aquela porta seguir em frente virar à esquerda depois à direita.- Ela aponta para a porta.

-Ok, muito obrigada.- Nem espero por sua resposta já vou em direção a porta a abrindo.

Viro à esquerda e vejo Jug ao longe.

-Toni,- Nos abraçamos.- eu sai para pegar um café. A Cheryl está dormindo no quarto. Você avisou à família dela?

-Falei com nossa mãe antes de sair de casa, pedi para que ela avisasse a todos.- Vou em direção ao quarto.

-Você quer um café?- Ele pergunta quase que em um grito.

-Não obrigada!- Me viro correndo de costas.

Ele concorda e se vira, eu faço o mesmo.

228...230...

Paro na porta 231, a abro devagar. Observo todo o quarto até meus olhos pararem na ruiva dormindo.
Ela estava com a cabeça enfaixada.
Me aproximo de sua cama tocando em seu braço direito, fazendo um movimento de vai e vem.

Ela parece acordar lentamente com meu movimento, assim que seus olhos se abrem se prendem aos meus, e um sorriso brota em seu rosto.

-Toni...- Sua voz sai rouca.

-Oi Cher...- Seguro sua mão a trazendo até meus lábios deixando um beijo.- Eu tive tanto medo de te perder.- aperto de leve sua mão, ela sorri.

-Vai precisar de muito mais do que uma bala para se livrar de mim Antoniette.

-Fico muito aliviada por isso...- Rio de sua fala.

Ficamos um minuto em silêncio até eu começar a falar.

-Desculpa por isso... se eu tivesse ficado com você o tempo todo Mia não iria conseguir te pegar, eu... sinto muito.

-Não diz isso,- Ela põe uma mão em cima da minha.- não tinha como saber que ela estaria lá. Nada foi culpa sua.

Sorrio levando minha mão livre até seu rosto fazendo um carinho, Cheryl sorri com o gesto. Me aproximo e deposito um beijo em seus lábios, demorado e delicado.

Já tinha se passado algum tempo que Cheryl estava acordada, todos vieram visitá-la e estavam super preocupados com ela.

Eu só tenho a agradecer por ela está bem e a salvo.

A farsaOnde histórias criam vida. Descubra agora