Toni Topaz
Estou pouco me lixando para a sinalização, passo praticamente voando pelo sinal vermelho. Não tenho tempo a perder.
Mau paro o carro e já desço do mesmo, aperto o passo e assim que meus pés tocam o cais meu corpo inteiro treme. 17 anos, 17... e eu ainda não consigo vir aqui e não ter medo.
Meus pensamentos se vão quando vejo uma ruiva parada na beira do cais.
Graças a Deus ela está bem.Corro até o encontro da mesma a abraçando por trás.
-Amor... não sabe o tanto que fiquei preocupada com você.
Uma de suas mãos toca meu braço, eu deixo minha cabeça na curva do seu pescoço afogando meu rosto em seus cabelos.
Olho para baixo e vejo um...
Pera, é um corpo?
Cheryl...Me desvencilho dela e dou uns passos para trás. Mia se vira com um sorriso satisfeito no rosto.
-Não sabe quantas vezes eu sonhei com você me chamando de amor...- Ela estava usando uma peruca ruiva, as roupas eram de Cheryl. Ela tinha se fantasiado dela.
-O que você tá fazendo com as roupas dela?- Levo meu olhar para Cheryl que estava apenas de roupa íntima.- Meu Deus...- Tento me aproximar mais escuto um gatilho e automaticamente paro. Olho para a mulher em minha frente e a mesma está segurando um revólver.
-Desculpe, mas você não pode se aproximar dela.- Ela sorri desta vez com maldade no olhar.
-Está congelando aqui, ela pode pegar alguma doença.- Desvio meu olhar reparando um corte na cabeça de Cheryl.- O que foi isso na cabeça dela? Você a machucou?
-Sabia que ela não é muito obediente?
-Ela precisa de um médico Mia!- Levanto um pouco a voz já ficando sem paciência.
-Eu sei, seria muito triste se ela morresse aqui não acha?- Mia olha para Cheryl depois para mim.- Que pena, parece que ela tá começando a tremer.
-Por Deus Mia deixa ela ir!- Desta vez não me aguento e grito.
-Ei!- Ela aponta o revólver para meu peito. Levanto as mãos em forma de rendição.- Não gosto que gritem comigo.
-Tudo bem, não vou gritar.- Abaixo um pouco minhas mãos.
Cheryl parece mesmo mal, posso ver seus lábios roxos e sangue escorrer sobre sua testa.
Ok, oque eu posso fazer? Talvez tentar pegar a arma. Mas não posso correr o risco de levar um tiro.
Não vou conseguir sair daqui com Cheryl sem manipular Mia.-Eu vou com você.- Mia volta a olhar para mim curiosa.- Hm? Que tal. Podemos viajar juntas e viver juntas.- Mia começa a rir quase que instantaneamente.
-Você acha mesmo que eu vou acreditar em você? Essa história de viver juntas já é velha Toni. Você consumava ser mais inteligente.
-O que você quer de mim então!?- Não aguento mais ver Cheryl nesse estado, eu faço qualquer coisa para que ela fique bem.
-Você ainda não percebeu? Eu não quero ter você ao meu lado Toni, não quero viver um amor com você. Não depois de você ter se casado com ela.- Ela aponta para Cheryl.- O que eu quero mesmo é que você sofra, sofra o que eu sofri. Ver seu amor se esvair. Quero que você sinta na pele a amargura de viver sozinha.- Suas mãos começam a tremer e lágrimas brotam em seus olhos.- E olha como eu sou boa vou te dar até um bônus! Além de viver sozinha vai carregar pro resto da vida o fardo de saber que Cheryl morreu por sua culpa. Ela morreu por que você não conseguiu protegê-la.-
Ela sorri, um sorriso de satisfação.Uma lágrima solitária rola sobre minha bochecha, meus lábios tremem ao imaginar a morte de Cheryl.
-Eu acho que já conversamos de mais.- Ela vira o revólver para a cabeça de Cheryl.
-Não, por favor. Eu te peço Mia, não machuca ela. Me mata mais não mata ela.- Ela abaixa a arma e um alívio enorme consome meu corpo.
-Gostei da sugestão, acho que prefiro te matar mesmo.- Ela cruza os braços.
-Ok, estou pronta...- Fecho meus olhos.
-Não, vai ser nos meus termos queridinha.- Abro meus olhos e a encaro.- Vou confessar, eu sempre gostei de piratas, e sabe de uma coisa que eu sempre tive vontade de ver?- Seus olhos se enchem de empolgação.
-Que jogo doentio é esse...
-Responde Toni! Sabe o que eu sempre tive vontade de ver?
-Não.
-Alguém andando na prancha.- Ela sorri.- Isso não é exatamente uma prancha mais serve.- Mia abre espaço para que eu possa ir até o final do cais, mas eu fico parada.- Anda... pode ir. Quem diria que você ia morrer que nem seu pai.- Ela gargalha enquanto passo por ela.
Passo pelo corpo de Cheryl relutantemente, não acredito que não vou nem me despedir dela... queria pelo menos ver seus olhos. Isso me confortaria.
Chego a um passo de cair na água mas fico parada.-Aí... isso tá demorando mais que o esperado. Anda logo Toni!
-Promete que não vai fazer nada para machucar a Cheryl. Vai deixar ela em segurança e nunca mais vai vir atrás dela de novo.- Olho por cima do ombro.
-Que seja, ande logo com isso.
-T...Toni?- Viro imediatamente quando ouso a voz fraca de Cheryl soar em meus ouvidos, seus olhos quase se fechando e ela lutando para que eles continuem abertos.
-Prometa.- encaro Mia séria.
-Não posso.- Ela sorri e só consigo ouvir um disparo.- Matar ela é mais legal.
Nos primeiros segundos eu fico paralisada.
Depois lágrimas rolam sobre meu rosto descontroladamente quando observo seus olhos apavorados.
Em seguida dou passos lentos até me agachar perto de seu corpo.
Aperto a ferida para estancar seu sangue.-Desculpe... por favor me desculpe.- Falo entre soluços.- Isso é tudo culpa minha.- Sua pele empalidece e seus olhos encaram os meus. Eles estão confusos e tristes.
Sangue conheça a rojar de seu corpo, eu não sei o que fazer é muito sangue.
-Vai ficar tudo bem.- Passo uma de minhas mãos sobre seus cabelos.
Repito essa frase muitas vezes tentando me convencer que vai ficar tudo bem.
Escuto sirenes e carros se aproximando.
-A ajuda tá vindo Cher... você vai ficar bem.
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A farsa
FanfictionCheryl Blossom uma arquiteta e decoradora famosa por seus projetos e bem sucedida é chamada para decorar a casa de uma atriz famosa chamada Toni Topaz, mas quem diria que isso iria ser muito mais que outro projeto para nossa querida Cheryl. Onde seg...