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Cheryl Blossom

Recupero minha consciência lentamente, minha cabeça ainda está doendo. Olho em volta, parece que estou em um quarto de hospital. Tento me mexer mais sinto uma dor em minha barriga quase insuportável.

-Aí!- Coloco a mão sobre o local e sinto um curativo.

Me ajeito na cama com dificuldade.
Agora eu me lembro de tudo. Lembro de entrar no carro e ligar para Verônica, depois ouvir uma buzina alta e de sentir um impacto forte e depois uma dor insuportável. E mais do que isso, me lembro perfeitamente o motivo do acidente.

-Cheryl?- Olho para o lado e vejo Toni. Ela parecia cansada. Observo ela se levantar e ir até a porta do quarto, a abre chama uma enfermeira e depois fecha ela.- Graças a Deus, você acordou.- Ela cruza os braços e me olha com um sorriso aliviado.

Não consigo acreditar na cara de pau que ela tem de estar aqui como se não tivesse feito nada de errado.

A porta é aberta novamente e um médico entra acompanhado por uma enfermeira.

-Olá boa tarde, senhorita...- O médico franze o cenho como se estivesse tentando se lembrar.- Blossom, não é?

-Isso.- Respondo o olhando.

-Bom, eu vou fazer alguns procedimentos simples em você só para checar seus movimentos e como você está em um modo geral ok?- Ele fala enquanto se aproxima de mim e eu concordo.

Após o médico guardar um oftalmoscópio em seu jaleco, ele se afasta da cama enquanto fala.

-Não tem nada do que se preocupar senhorita Blossom, o acidente foi só um susto, esse ferimento em sua barriga provavelmente vai incomodar um pouco nos primeiros dias porque foi onde a pancada atingiu, mas fora isso você está em perfeito estado.- Ele esboça um sorriso simpático.

-E quando ela vai ter alta doutor?- Toni pergunta chamando a atenção do médico.

-Acredito que amanhã a tarde ela já possa voltar pra casa.- Ele fala e concordamos.- Agora eu vou deixar vocês a sós, qualquer coisa podem me chamar ou chamar a Alice.- O mesmo aponta para a enfermeira em seu lado que sorri para nós.

-Ok, muito obrigada doutor.- Agora é minha vez de falar.

-Por nada, tenham um bom dia.- Ele se dirige a porta e sai acompanhado pela enfermeira nos deixando sozinhas.

Solto todo o ar que estava dentro de mim e coloco minhas mãos em meu rosto massageando minhas têmporas.

-Cher...- Respiro fundo quando escuto a voz de Toni.- Verônica me contou tudo e não é o que você pensa, isso eu posso te garantir só me deixa te explicar tudo com calma.- Abro meu olhos e a olho no fundo do olho.

Seu olhar estava nervoso e perdido, ansioso?
Não tenho certeza. Talvez eu devesse ser sensata e ouvir o seu lado, se eu estou sendo traída pelo menos preciso saber o motivo. Ou eu só vomite todas as palavras ruins que está dentro de mim e mande ela ir embora e nunca mais se quer olhar para minha cara.

Opto pela primeira opção.
Concordo com a cabeça e ela relaxa os ombros como se um peso estivesse saído do mesmo.

-Um tempo depois de você ter saído de casa Donna teve uma emergência e precisou sair mais cedo então eu fiquei sozinha, depois de meia hora Mia chegou lá em casa pedindo para entrar dizendo que iria voltar para Miami e queria se despedir de mim.

-E você chegou a conclusão que uma ótima maneira de se despedir dela seria levando ela para nosso quarto?- Rio irônica.

-Não! Claro que não. Eu nunca faria isso e você sabe.- Ela se aproxima um pouco da cama.

-Eu não sei mais de nada.-Cruzo os braços ainda a olhando, ela respira fundo e continua.

-Eu não tive nem tempo de discordar, ela já tinha entrado na nossa casa. Nos sentamos no sofá e ela ficou puxando papo comigo e não me deixava se quer pegar no celular. Eu tentei argumentar com ela dizendo que tinha um compromisso e iria me atrasar se continuasse conversando mas ela não quis saber e foi até a cozinha, eu a segui tentando fazer ela ir embora mas sem sucesso. Ela me fez um café e eu não percebi antes de tomar, eu me arrependo amargamente de não ter percebido.- Ela fecha os olhos por um momento.- Ela tinha colocado alguma coisa no café, acho que alguma coisa para dormir ou um calmante não sei. Mas antes que eu conseguisse fazer alguma coisa, eu apaguei e não lembro de nada que ela tenha feito comigo depois disso...- Ela olha para um ponto fixo e fica em silêncio.

Eu... talvez eu esteja acreditando nela. É difícil não acreditar quando você ama a pessoa e percebe quando ela tá mentindo ou falando a verdade.

-Eu só me lembro de acordar, sozinha, com dor de cabeça e nua. Cambaleando pela casa em busca do meu celular e quando o pego recebo a pior notícia de todas... que você tinha sofrido um acidente e mais ainda quando soube o por que.- Uma lágrima solitária cai de seu rosto.- Por favor Cher, por tudo oque a gente viveu e pela nossa história acredita em mim. Eu nunca te trairia, nunca.- Ela se aproxima mais agora ficando encostada na cama.- Se você quiser eu tenho provas, a Verônica sabe de tudo o Archie também, eu posso...- Ela parece pensar um pouco.- não sei trazer a Mia aqui e força-la a contar a verdade. Posso fazer os 2, você que sabe, oque for preciso para você acreditar em mim e dizer que me perdoa.

-Tá, tudo bem.- Coloco minha mão por cima da sua.- foi um choque pra mim quando eu entrei naquele quarto, você tinha sumido e só bastou oque eu vi para tirar minhas próprias conclusões.

-Você não tava errada em pensar aquilo, eu fui a burra de não ter percebido logo de cara as intenções da Mia. Mas por favor-

-Eii, eu já entendi.

-Eu sei mas-

-Toni,- Tento chamar sua atenção mas ela não escuta.

-Eu só quero que você saiba qu-

-Eu te perdoou.- Ela para por um momento e me olha.- Por mais que você tenha deixado aquela mulherzinha entrar na nossa casa sem o meu consentimento e tals.- Reviro os olhos fazendo a mesma rir.- Eu te perdoou.

-Obrigada...

Ficamos um tempo em silêncio só olhando uma para outra.

- E a propósito, seus pais estão na cidade.

A farsaOnde histórias criam vida. Descubra agora