A farsa

#31

Cheryl Blossom

Abro um sorriso enorme quando Donna põe um prato de panquecas em minha frente, agradeço a mesma e já vou logo pondo um pedaço daquelas deliciosas panquecas na boca.
Me desmancho de prazer quando aquela massa doce entra em contato com o meu paladar, me satisfazendo.

-Então Cheryl,- Donna abre a geladeira pegando um suco enquanto eu coloco outro pedaço do alimento em minha boca.- como foi ontem? Fiquei sabendo que nem voltou pra casa.- Ela me olha com um olhar de malícia e eu arregalo os olhos. Faço um esforço para não engasgar.

Donna coloca o suco em um copo em minha frente e eu tomo um gole generoso pensando no que dizer.

-Eh... foi...bom.- Dou um sorriso nervoso.

-E?- Me olha curiosa esperando mais.

-E divertido?- Tento contornar a conversa mas Donna me olha com tédio.

-Mais detalhes Cheryl, mais.- Observo ela ir até a geladeira colocando o suco lá dentro e logo após se sentando ao meu lado.- A Toni tava lá? Vocês conversaram?

Desde o início Donna sempre desconfiou que tinha alguma coisa a mais com Toni, acho que pelo o fato de eu nunca ter trazido outra amiga aqui em casa a não ser Verônica. Talvez eu seja um pouco antissocial...
Porém o mais importante é que Donna ficou contente por eu achar alguém e também por Toni ser uma pessoa legal.

Me ajeito na cadeira ficando mais ereta.

-Sim, ela tava lá.- Paro de comer e a olho largando os talheres no prato e colocando os cotovelo sobre a mesa.- A gente conversou um pouco.

-Estou toda a ouvidos.- Donna coloca o queixo sobre sua mão.

-Não ouve nada de mais, a gente só teve uma conversa meio turbulenta e depois...- Faço um movimento com as mãos- Você sabe.

Ela franze o cenho.

-Sei oque exatamente?- Ela me fita curiosa.

Eu sei que ela sabe.
Passo uma das mãos sobre a testa e volto a comer.
Donna me analisa ainda curiosa, tomo outro gole de suco e a olho.

-A gente ficou e... aconteceu que...- Me enrolo um pouco com as palavras e acabo não prosseguindo.

Donna parece pensar por um segundo e depois arregala levemente os olhos.

-Ah meu Deus, entendi.- Ela levanta e vai até a pia.

Apenas rio da situação e volto a comer.

Coloco o meu prato e copo na pia e saio da cozinha adentrando a sala, temo por oque estar por vir mas é uma coisa que não posso evitar.
Vejo minha mãe e sua amiga e torço para que não me chamem, então continuo caminhando em direção ao corredor que dá para o meu quarto.

-Filha, se junte a nós.- Mamãe me olha.- Não a vejo desde ontem cedo.

Sorriso sem mostrar os dentes e me sento na poltrona cruzando as pernas e ficando de frente as duas.

-Bem, como eu estava dizendo Suzi,- Mônica se vira para minha mãe.- eu acho isso um absurdo, esse tipo de coisa é intolerável.