Dream | l.t. ☑

Capítulo 28 - Atentado à Integridade Física

Carol's P.O.V.

Alguns dias depois...

Já entrámos no mês de outubro, mas aqui em Londres quase que já parece dezembro. O tempo arrefeceu bastante e o sol já não brilha há várias semanas. Hoje, eu e as raparigas resolvemos aproveitar que é domingo e que não temos muitos trabalhos para fazer nem muito que estudar, para irmos até ao centro comercial. Vamos ao cinema e aproveitamos para comprar umas coisinhas.

Quando saímos do cinema, eu apercebi-me de que algumas pessoas – possivelmente, fãs dos rapazes – nos começavam a reconhecer e a comentar a nossa presença. Contudo, eu e as raparigas sabemos que o melhor que podemos fazer é fingir que nada está a acontecer e continuar a nossa tarde como se fosse tudo normal.

"Meninas, preciso de ir à casa de banho." – eu aviso-as, quando terminamos as nossas compras – "Podem esperar aqui por mim?"

Ambas assentem e eu entrego-lhes as minhas sacas, para que as guardem enquanto vou à casa de banho, e entro na casa de banho feminina. Depois de sair do cubículo, quando estou a lavar as mãos, sinto alguém a tocar-me no ombro. Viro-me para encarar uma rapariga, ligeiramente mais nova que eu, com uma expressão furiosa no rosto. Relembro o meu dia, para pensar se fiz algo de errado que possa ter ofendido esta rapariga (que nunca vi nem mais gorda nem mais magra), mas nada me ocorre.

"Posso ajudar-te?" – pergunto educadamente.

"Podes, por acaso, podes." – ela diz-me, num tom arrogante – "Deixa o meu Louis em paz, okay? Tu só queres a fama e o dinheiro dele, eu já conheço as do teu tipo. Olha a Eleanor! Conseguiu fama, dinheiro, e agora largou-o. Ninguém mais brinca com os sentimentos do meu rapaz, ouviste?"

"Ouve, eu percebo o teu lado, mas eu gosto mesmo do Louis e..." – eu tento soar calma, mas ela interrompe-me.

"Cala-te. Eu não acredito nas tuas falinhas mansas, ouviste?" – ela diz, agarrando o meu braço com força, magoando-me.

"Larga-me, miúda!" – eu digo, soltando o braço do aperto da sua mão, agora marcado com os seus dedos a vermelho – "Ganha juízo e cresce. Os rapazes não vão ficar sozinhos para sempre. Eventualmente vão arranjar namoradas e constituir família. Vocês só têm de aceitar isso!"

Eu saio dali, tentando não chorar. Estou orgulhosa de mim própria por não me ter ido abaixo em frente àquela fã, mas estou tremendamente magoada. A marca que ela deixou no meu braço nem se quer é importante; a marca de ódio que ela deixou em mim abala-me muito mais. Tento disfarçar a minha perturbação quando chego ao pé das minhas amigas. Elas comentam o meu silêncio, mas não me pressionam – o que eu agradeço. Peço-lhes para irmos para casa e elas acedem ao meu pedido.

A verdade é que eu já me tinha habituado ao facto de haver milhares de raparigas a não gostarem de mim, já tinha percebido que isso fazia parte do papel de ser namorada de um dos rapazes dos One Direction. Contudo, eu não estava pronta para que uma fã me abordasse cara a cara e me tratasse daquela maneira. Na verdade, não acredito que alguém algum dia esteja pronto para se sentir ameaçado e violentado daquela forma. Se eu quisesse, eu podia fazer queixa dela por atentado à integridade física, mas eu não quero confusões e prefiro fingir que isto foi um acontecimento sem precedentes ou importância.

Quando entramos em casa, vou para o meu quarto para arrumar as minhas compras e tentar descansar um pouco. Este incidente deixou-me extremamente triste e cansada, só preciso de estar sozinha durante um bocadinho e depois ficarei bem.

Umas batidas na porta, algum tempo depois, fizeram-me despertar dos meus pensamentos algo tristes e depressivos. Levantei-me da cama, esfreguei os olhos para limpar a água que neles se tinha acumulado e dirige-me até à porta do quarto. Quando rodo a maçaneta e vejo quem se encontra do outro lado, o meu coração explode. Apesar de tudo o que aconteceu esta tarde, neste momento, eu não podia estar mais feliz. Agarro-me ao seu pescoço e salto para o seu colo, enquanto os seus braços se envolvem em torno do meu tronco.