Capítulo 53 - Amnésia

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Acordo, sobressaltada por um pesadelo. Estou toda a transpirar e a minha respiração é pesada. Não me lembro do que acontecia no pesadelo, mas continuo a sentir o aperto no meu peito. Olho as horas, após ver que os buraquinhos do estore ainda não transmitem a luz do sol.

4 da manhã.

Volto a deitar-me, mas não fecho os olhos. Era o que eu fazia em miúda quando tinha pesadelos. Ficava apenas a olhar para o teto de olhos abertos, até que, sem eu me dar conta, adormecia. Estou a tentar que isso resulte agora, mas um pensamento sobressalta-me de novo. Será que o Louis já acordou? Será que desligaram as máquinas? O aperto no meu peito aumenta de novo e uma vontade de chorar impossível de controlar assola-me. E se ele acordar e ficar assustado ao ver-se sozinho num quarto de hospital? Sei que estou a pensar demais e a supor demais, mas não me consigo controlar. É mais forte que eu.

Levanto-me da cama e saio do meu quarto, indo até à cozinha. Tiro um copo e encho-o de água, sentando-me na cadeira da cozinha enquanto o bebo lentamente, na tentativa de me acalmar. O relógio marca 4:05 e o tempo parece passar demasiado lentamente. Eu só quero que a manhã chegue rápido para poder ir para o hospital. Talvez eu devesse ir agora, mas isso só me vai deixar mais nervosa e stressada, pois duvido que alguém me dê alguma informação a estas horas da madrugada.

"Está tudo bem?" – a voz da Madalena soa atrás de mim, assustando-me um pouco – "Ouvi barulho aqui e achei estranho."

"Foi só um pesadelo. Mas está tudo bem." – minto.

Nada está bem. O meu coração está num alvoroço tremendo e eu sei que muito dificilmente vou ser capaz de voltar a adormecer.

"Um pesadelo com quê?" – Madalena pergunta, sentando-se ao meu lado.

"Não sei, mas não interessa." – encolho os ombros – "E o que é que tu estás a fazer acordada?"

"Estive a ver um filme e a falar com o Zayn." – ela revela.

"As coisas estão bem entre vocês?" – pergunto, sorrindo-lhe levemente.

"Estão a ir pelo caminho certo." – ela responde – "É verdade que eu preciso de ganhar de novo confiança nele, mas isso consegue-se com tempo e calma. Primeiro que tudo, queremos garantir que temos uma amizade sólida e que confiamos a 100% um no outro, para tudo. E depois, logo se vê." – ela explica.

"Fazem bem." – sorrio – "Mas vai deitar-te, eu fico bem."

"Não, não ficas. Eu conheço-te, Carolina. Sei que estás atormentada com alguma coisa e que não vais descansar. E, por isso, eu vou ficar contigo até tu adormeceres ou não." – Madalena fala e eu respiro fundo, para não chorar – "Vamos sentar-nos no sofá, a ver um filme para ver se tu relaxas um bocadinho. Vai tudo ficar bem, sim? Acredita em mim."

Eu assinto levemente, não abrindo a boca para falar. Penso que os meus olhos dizem tudo e por mais que eu lhe queira agradecer, eu sei que se começar a falar eu vou desatar a chorar. Por isso, eu simplesmente sigo a minha amiga até à sala e aninho-me no sofá, com a minha cabeça no seu colo.

Tanto ela como a Nonô sabem que o último mês tem sido horrível para mim. Sabem que ando todos os dias exausta, que durmo mal e que é difícil controlar os meus sentimentos. E eu só tenho a agradecer-lhes toda a paciência que têm tido comigo e a forma como estão sempre do meu lado. Têm-me provado que são, efetivamente, verdadeiras amigas e que nunca me vão abandonar.

***

Acordo quando me sinto desconfortável. Abro os olhos e reparo que ainda estou no sofá, a dormir no colo da Madalena. Levanto-me lentamente, para não a acordar e espreguiço-me. Rodo o pescoço, tenso por causa da posição onde dormi, e encaro o relógio na parede. São quase dez da manhã. Uau!

Dream | l.t. ☑Onde histórias criam vida. Descubra agora