Carol's P.O.V.
Na última semana, não tenho saído à rua. Simplesmente, não consigo sentir o olhar de todos em mim, como se estivesse escrito traidora na minha testa. Provavelmente, isto é só uma paranóia minha, mas é assim que me sinto. Quanto às aulas, tenho feito os trabalhos na mesma, porque as raparigas me trazem os apontamentos e depois eu mando os trabalhos por e-mail, com a desculpa de que estou doente e não posso sair à rua. Quanto ao meu part-time na cafetaria, falei com a Sally, expliquei-lhe a situação e pedi-lhe uma semana de férias, que ela cedeu. Não me sentia capaz de ir trabalhar, sabendo que o Sam lá iria estar, e acho que ainda não me sinto, mas sei que não posso ficar trancada em casa para sempre.
Levanto-me da cama, logo após ouvir o toque do meu despertador, e caminho até à casa de banho, para tomar duche. Quando saio do duche, seco o corpo e visto alguma roupa quentinha, visto que nos últimos dias têm estado temperaturas realmente baixas e tem nevado bastante. Quando estou vestida, trato de colocar alguma maquilhagem muito natural e de colocar as minhas coisas dentro da mala. Saio, então, do quarto para me juntar às raparigas na cozinha a tomar o pequeno-almoço.
"Bom dia." – cumprimento, enquanto pego no café, despejando um pouco para a minha caneca, que já tinha algum leite, e numa torrada, que barro com manteiga.
"Bom dia." – ambas me cumprimentam, enquanto degustam os seus pequenos-almoços.
"Pronta para, finalmente, sair de casa?" – a Madalena questiona-me.
"Pronta, eu não estou; mas sei que não posso mais ficar aqui trancada." – suspiro.
"Vais ver que vai tudo correr bem." – Nonô diz-me.
Elas as duas têm sido os meus maiores apoios. Sinto que os rapazes me abandonaram todos, porque nenhum deles voltou a falar comigo. Também eles não acreditam em mim e isso magoa-me; julguei que me conhecessem melhor. Louis terminou comigo porque não consegue aguentar isto, mas disse que quando voltassem da tour, iriamos conversar sobre tudo isto. Todos parecem estar preocupados com ele, mas... E comigo? Ninguém parece querer saber do que eu sinto, de como eu estou a lidar com tudo isto, exceto a Nonô e a Madalena. A Raquel também me tem apoiado, mas é diferente porque ela está longe.
Depois de tomarmos o pequeno-almoço e pormos a louça que sujámos na máquina, saímos de casa em direção à estação de metro. Apesar de ninguém ter olhado para mim durante todo o caminho, eu sentia-me bastante exposta. Tentei ignorar todos os medos e paranóias na minha cabeça durante o caminho para a escola. Eu tinha de ser mais forte que tudo isto e tinha de me abstrair dos meus problemas, para que o dia me corresse mais ou menos bem. Durante as aulas, foi mais fácil concentrar-me, porque estava ocupada, mas sempre que tinha um tempo livre eu não era capaz de esquecer a confusão em que estava a minha vida. Eu não pedi nada disto, porque é que isto tinha de acontecer? Logo agora, que eu estava tão feliz...
Embora não tivesse qualquer vontade, depois das aulas tive de ir trabalhar. Saber que o Sam lá ia estar estava a deixar-me bastante irritada, porque só o nome dele me fazia fervilhar de nervos. Tudo isto está a acontecer por causa dele! Eu nem acredito que algum dia pude dar-lhe confianças ao ponto de ele achar que me podia beijar. Grr, que nervos!
Entro na cafetaria e é Brenda quem está atrás do balcão. Sorrio-lhe, ainda que de forma pouco verdadeira, e vou para a zona dos balneários para trocar de roupa. Infelizmente, dou de caras com Sam e isso arruína logo o resto do meu dia. Percebo que ele tenta falar comigo, mas eu viro-lhe a cara e continuo o meu caminho. Troco de roupa e depois vou trabalhar. Poucos minutos após ter começado a trabalhar, sou chamada por Sally, que se encontrava no escritório – como na maior parte do tempo em que estava em Londres.
"Senta-te." – ela diz, sorrindo-me – "Como estás?"
Baixo o olhar. Nos últimos dias, a minha resposta a esta pergunta têm sido apenas lágrimas, mas eu não posso chorar em frente à minha patroa. Isso seria algo muito pouco profissional, eu tenho de saber separar as coisas.
"Mais ou menos." – respondo, tentando ser o mais honesta possível – "Sally, eu queria só esclarecer o que realmente aconteceu. Metade do mundo, acha que eu sou uma traidora, incluindo o Louis, mas eu quero esclarecer que não sou! Não fui eu quem beijou o Sam..."
"Eu sei, Carolina." – a mulher mais velha que eu diz-me – "O Sam veio falar comigo e contou-me o que se passou. Ele não queria causar-te problemas."
"Mas causou e não foram poucos."
"Eu sei e eu sei que estás muito em baixo com tudo isto, mas tu tens de ter força e de acreditar que a verdade vem sempre ao cimo." – Sally fala, com a maturidade e a experiência na voz de quem já passou por muitas coisas, algo que me acalma bastante – "Eu tentei falar com o Louis, mas ele não me ouve. Por isso, só te resta dares-lhe tempo. Dá tempo ao tempo."
"Eu estou a tentar fazer isso." – respondo.
"Força, sim?" – ela sorri-me de forma encorajadora – "Agora, vai lá trabalhar. Sei que é difícil trabalhares com o Sam, mas ignora o que aconteceu e finge que ele é só um colega como outro qualquer."
"Eu vou tentar, prometo." – digo, começando a levantar-me para sair do escritório – "Muito obrigada, por tudo."
"Não agradeças, minha querida."
Saio da pequena sala e volto para o balcão, fazendo o meu trabalho como se nada tivesse acontecido. Evito ao máximo falar com o Sam, fazendo-o apenas quando é estritamente necessário e por motivos de trabalho. Quando fechamos o estabelecimento e ficamos apenas os dois a limpar, Sam tenta falar comigo.
"Carol, por favor, ouve-me." – ele diz, mas eu apenas o ignoro, continuando a limpar o chão – "Desculpa, eu não pensei que as coisas fossem dar nisto..."
"Pois, esse é exatamente o teu problema: NÃO PENSAS!" – gritei-lhe, mais que zangada, farta e sem paciência – "Tu tens noção que destruíste a minha vida? Meio mundo odeia-me porque acham que trai o meu namorado, que por acaso é famoso. E eu não fiz nada disso! Tudo isto é culpa tua! E tu estás à espera que eu te desculpe? Deves achar que eu sou parva!" – respiro fundo, tentando acalmar-me – "Eu odeio-te, Sam. Eu mal consigo olhar na tua cara! Só me apetece desaparecer, porque nada na minha vida está bem. Não me sinto bem em lado nenhum porque tenho sempre a sensação que estou a ser olhada de lado ou que as pessoas estão a falar sobre mim. O meu namorado acabou comigo porque não acredita que não o traí. Queres que continue a explicar de que modo é que destruíste a minha vida?"
"Desculpa, eu não queria..."
"Cala-te, Sam!" – expludo – "Não me voltes a dirigir a palavra sem ser para falarmos de algo relacionado com o nosso trabalho."
"Só te quero dizer mais uma coisa." – ele diz e eu suspiro, frustrada com a sua presença e insistência – "Se precisares que eu explique ao teu namorado o que aconteceu, eu explico. Não quero causar-te mais problemas."
Viro-lhe as costas, não deixando que ele me diga mais nada. Nem a voz dele já consigo ouvir. Só me apetece bater-lhe, espancá-lo, estrangulá-lo. Destruir tudo o que de bom ele tem na vida. Fazê-lo sentir-se como me estou a sentir agora. Porque isso... Isso ninguém pode imaginar.
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Eu sinto-me tão mal por estar a fazer isto às minhas próprias personagens que vocês nem imaginam. Mas tem de ser. Ugh, nem acredito que a escola já começou. E o pior é que já ando estoirada! E vocês? Como está a ser o vosso regresso às aulas?
Obrigada por todo o feedback no capítulo passado, são os maiores! Votem e comentem! <3 Beijos
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Dream | l.t. ☑
FanfictionNem sempre as coisas são como queremos. Nem sempre as coisas são como sonhamos. Na verdade, raramente as coisas são como queremos e sonhamos. E, às vezes, a vida resume-se só e apenas a isso: a um sonho, mesmo que ele nunca se tenha chegado a realiz...