Capítulo 50 - Saudades

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Leiam a nota final, por favor. 

Passaram-se duas semanas desde o acidente e o Louis continua em coma. Apesar de a dor não ter passado, nem amenizado, o passar do tempo ajuda-nos a lidar com ela. Continuo a sofrer todos os dias, sempre que chego ao hospital e me recordo de que o meu namorado está preso numa cama de hospital, sem se saber qual o seu futuro. Contudo, aprendi a controlar as minhas emoções, a ser forte em frente a todos e a esconder as minhas fraquezas.

Os meus pais e a Raquel conseguiram tirar este fim-de-semana para poderem vir até aqui, apoiar-me. Não lhes podia estar mais grata porque, apesar de ter toda a família de Louis comigo, não é a mesma coisa.

"Como é que estás?" – a minha mãe pergunta-me, enquanto me abraça, logo após ter abandonado o táxi que os trouxe do aeroporto até aqui.

"Mãe... Não me faças essa pergunta, por favor." – pedi.

É a pior coisa que me podem fazer é perguntar-me como estou. Logicamente que não estou bem. Logicamente que estou a sofrer. Estão à espera que diga o quê? Que estou perfeitamente feliz quando o meu namorado está amarrado a uma cama do hospital? Simplesmente, deixa-me irritada e (ainda mais) sensível.

"Desculpa." – ela lamenta-se – "Bem, leva-nos até ao hotel onde vamos ficar." – ela fala, mudando de assunto.

Eu assinto e sigo com eles pelas ruas do bairro onde vivo. Fiz-lhes uma reserva num hotel algumas ruas depois da minha. É um sitio calmo e o hotel tem preços bastante acessíveis. Enquanto eles ficam a fazer o check-in e a instalarem-se, aproveito para ligar ao Niall a avisar que a minha irmã já chegou. Também ele está muito feliz com a presença dela, visto que vai ser um apoio enorme nesta situação também para ele.

Pouco depois, os meus pais e a Raquel aparecem junto de mim. Prometi-lhes que ia aproveitar para lhes mostrar um pouco da cidade de manhã e só ir para o hospital à tarde, até porque isso é o melhor para mim. Tenho lá passado quase integralmente os meus dias e a presença dos meus pais vai ajudar-me a espairecer um pouco. Visitamos alguns dos pontos mais icónicos da cidade de Londres e depois paramos num restaurante para comer o típico fish and chips. Por fim, apanhamos o metro até ao hospital.

Durante a manhã consegui, efetivamente, libertar um pouco a minha cabeça e arejar. Pensei noutras coisas que não em toda a dor que sinto e aproveitar para matar saudades da minha família.

À porta do hospital, as coisas têm acalmado. Continuam a vir aqui todos os dias centenas de fãs, mas a maioria fica por pouco tempo, deixando inúmeras velas acesas e cartazes – algo que realmente me deixa muito emocionada. Os jornais e as revistas também têm andado em cima do hospital e essa é a parte que mais me chateia. Parece que não são capazes de respeitar a dor e o sofrimento das outras pessoas.

Entro no hospital com os meus pais e a minha irmã, ignorando os fotógrafos e apenas mandando sorrisos fracos a algumas fãs.

"É muito bonito o que elas estão a fazer." – a minha mãe comenta.

Eu assinto, não sendo capaz de pronunciar qualquer palavra. A verdade é que sei que a partir do momento em que entro neste hospital me torno numa pessoa bem diferente. Vazia, fria. É como uma forma de defesa contra toda a dor e revolta que eu sinto. Além disso, eu não quero começar a chorar. Tenho lutado com isso e não é agora que vou quebrar.

Jay, Lottie e Fizzy estavam no hospital, como sempre, bem como Niall – que correu a abraçar a minha irmã assim que a viu – e Liam. Harry e Nonô tinham tirado algum tempo para espairecer e a Madalena contou-me que o Zayn lhe tinha pedido para se encontrarem e terem uma conversa acerca de tudo o que aconteceu.

"Jay, estes são os meus pais." – apresento-os – "Mãe, pai, esta é a Jay, a mãe do Louis, a Lottie e a Fizzy, que são suas irmãs."

Eles cumprimentam-se e os meus pais ficam a conversar com a Jay durante algum tempo. Afasto-me até à receção para perguntar se posso ir até ao quarto do meu namorado, direito que me é concedido.

Sempre que caminho por este corredor em direção àquele quarto, invadem-me os mesmos sentimentos. Dor. Mágoa. Sensação de impotência. Saudades. Parece que todo o ar foge. É horrível. E quanto mais tempo passa, pior se torna. Porque os dias vão passando e nada muda. Ele continua naquele quarto horrível, sem acordar. Contudo, eu continuo a vir aqui todos os dias, dia após dia, continuo a falar com ele na esperança de que ele me ouça, de que a minha voz o desperte. Porque, por muito difícil que seja, eu tento sempre manter uma centelha de esperança acesa em mim.

Deixo um beijo suave nos seus lábios e passo uma mão pelo seu rosto. Tenho tantas saudades daqueles olhos cor de oceano! Uma lágrima escorre do meu rosto, pousando na bochecha do meu namorado. Limpo-a cuidadosamente. Sento-me no cadeirão ao lado da cama de hospital e entrelaço as nossas mãos.

"Olá, babe." – falo, de voz trémula – "Os meus pais e a Raquel já chegaram. Estão lá fora a conversar com a tua mãe. Gostava que não tivessem vindo cá por estas razões, mas parece que é sempre nos maus momentos que estas coisas acontecem. Seja como for, estou muito grata que eles tenham vindo. Sabe-me muito bem tê-los comigo e sentir o apoio deles, para além de que me ajuda a distrair um pouco de todo este caos." – faço uma pausa para limpar as lágrimas prestes a cair dos meus olhos – "Tenho saudades tuas. Tenho saudades nossas." – sinto um nó formar-se na minha garganta e os olhos cada vez mais molhados, mas não paro de falar – "Tenho saudades dos teus olhos, da forma como ficas como eles fechados quando te ris e do teu jeito de por a mão na barriga enquanto cantas. Tenho saudades da tua voz e do teu sotaque exageradamente britânico. Tenho saudades de ter os teus abraços em torno do meu corpo. Tenho saudades dos teus beijos. Tenho saudades de todos os momentos que passávamos juntos." – fecho os olhos, deixando uma enxurrada de lágrimas molharem-me as bochechas, enquanto alguns soluços escapam pelos meus lábios – "Tenho tanto medo de não poder ter nada disto de novo. Entro em pânico só de pensar que posso nunca mais te ter. E eu só precisava de um sinal de que vais lutar por ti, por nós, de que não me vais deixar. Por favor." – eu peço.

Não sei do que realmente estava à espera, mas nada acontece. Exceto uma pequena batida mais forte no seu coração, registada no monitor. É ilógico, é estúpido, mas aquele pico maior que os restantes deu-me algum alento. Estará ele a ouvir-me?

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Oh meu Deus, olá! Lembram-se de mim?

Eu sinto-me a pior escritora do mundo por ter ficado quase um mês sem atualizar a história, mas a verdade é que as últimas semanas foram muito complicadas. Muito que estudar, muitos testes, trabalhos, apresentações... Tem sido um caos. Felizmente, tudo isso já acabou e esta última semana de aulas vai ser mais soft e, como tal, vou ter muito mais tempo e inspiração para escrever e publicar. Durante as férias, vou tentar adiantar o máximo de capítulos possível, para não vos deixar, novamente, tanto tempo sem updates

Quero pedir desculpa também por este capítulo não ser muito grande, mas eu estava sem inspiração e queria atualizar o mais rápido possível. O próximo vai ser pequenino também, mas vai ser do ponto de vista de outra personagem (spoiler!). 

Espero que estejam a gostar! E, mais uma vez, peço desculpa pela demora! Votem e comentem, beijinhos!


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