Dream | l.t. ☑

Capítulo 2 - O concerto (parte 1)

[Salto no Tempo – cerca de 2 meses depois]

São 5h30 da manhã e eu já estou de pé, é verdade. E é dia 13 de julho. Esperei tanto por este dia e ele finalmente chegou, só Deus sabe o quanto o tempo custou a passar. Mas finalmente chegou o dia. E tivemos de nos levantar a esta hora porque vamos apanhar o comboio de Sintra, às 6h, para chegarmos ao Porto por volta das 10h, 10h30. E ainda temos de ir de carro de Algés, que é onde vivemos, até Sintra, o que são cerca de 20 minutos. Já estamos no carro, com a Raquel ao volante e, apesar de ser muito cedo, eu, a Nonô e a Madalena estamos verdadeiramente histéricas.

"Espero que não façam esse barulho todo no comboio, porque eu quero ver se durmo um bocado." – a Raquel reclama e nós rimo-nos.

"Nós provavelmente também vamos adormecer, por isso não tens com que te preocupar." – Madalena diz e eu e a Nonô concordamos.

Sem darmos pelo tempo passar, estamos a estacionar na estação de Sintra, 10 minutos antes do comboio para o Porto partir. Compramos os nossos bilhetes e entramos no comboio. Encosto-me no meu assento e coloco os fones nos meus ouvidos e em menos de 15 minutos, já estou completamente ferrada no sono.

***

Acordo com um forte abanão. Demoro algum tempo até processar onde estou e porque raio estou num comboio. Mas depois acende-se uma luz e eu lembro-me: eu vou ao concerto dos One Direction, hoje mesmo, e eu vou conhecê-los! O comboio para pouco depois de ser acordada pela Raquel e nós abandonamos logo o mesmo. Felizmente, a estação não é muito longe do estádio e por isso pomo-nos lá em 10 minutos de táxi.

"Uau." – é a única coisa que conseguimos dizer ao chegar ao estádio.

Há centenas, se não mesmo milhares, de raparigas a cantar e a dançar e o ambiente é absolutamente incrível. Há pessoal da MTV, policia e bombeiros por todo o lado. O calor já é bastante, mas ninguém arreda pé, como fãs dedicadas que são, que somos. Sentamo-nos no chão, à sombra de uma árvore a conversar, enquanto aproveitamos para conhecer outras Directioners. Quando falamos dos passes, são muitas as que nos pedem para entregarmos bandeiras e muito mais coisas que guardamos cuidadosamente nas nossas mochilas.

A verdade é que o tempo passa de forma muito mais lenta do que aquilo que esperámos, mas lá acaba por passar, debaixo daquele calor tórrido que valeu algumas 'enjoadelas' e desmaios a várias pessoas e um banho dado pelos bombeiros. Através de um altifalante, às 15h30, avisaram que as pessoas com passes VIP e com pacote Rock Me seriam as primeiras a entrar, pelo que as outras fãs se começaram a afastar e nós fomos tentando passar pela multidão, já com os nossos passes ao pescoço. Quando chegámos à segurança, eu e a Raquel tivemos de explicar ao segurança que o nosso era um passe duplo e depois lá entrámos, correndo a toda a nossa velocidade até ao relvado A, o local onde iriamos ficar. Ainda não estava muito cheio quando chegámos, mas foi cada vez enchendo mais e mais e mais. E o calor aumentava também. Eu sabia que poderia ter problemas lá dentro devido ao facto de sofrer de claustrofobia e agorafobia, mas nunca esperei que fosse tão mau. Respirei fundo, sentei-me sempre que pude, bebi imensa água e tentei distrair-me, mas eu podia sentir uma das minhas crises a aproximar-se.

"Tens a certeza que estás bem?" – Raquel insistiu e eu apenas assenti, poupando ao máximo as minhas palavras e a minha saliva.

E então eu só sinto as coisas a ficarem piores sucessivamente. A minha cabeça começa a andar à roda, a minha garganta está cada vez mais seca e a minha respiração cada vez mais acelerada. Tudo o que vejo está desfocado e tudo o que ouço parece demasiado distante. Sinto que irei desmaiar a qualquer momento. Ouço, ainda que ao longe, uma das raparigas a gritar por um segurança que me possa ajudar e depois disso, tudo o que me lembro é de uma nuvem preta.