Capítulo 44 - 'Vai tudo ficar bem'

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Carol's P.O.V.

O ambiente está pesado cá em casa, muito pesado. A Madalena não está, como seria de esperar. Só cá estou eu, o Louis, o Harry e a Nonô. Depois de sairmos do escritório, comprámos umas pizzas para comer cá em casa e estamos desde esse momento no sofá, em silêncio, a ver televisão. Nenhum de nós os quatro tem qualquer vontade de falar. Isto está a ser muito difícil para todos, embora a diferentes níveis.

O Harry esteve a chorar há pouco, em silêncio, enroscado a Nonô, sem se pronunciar. Eu e a Nonô estamos a tentar manter-nos fortes. Isto não é o fim do mundo – é aquilo que tenho estado a repetir na minha cabeça desde manhã. Já o Louis está meio apático. Eu conheço-o, sei que ele está a morrer com tudo isto e que quer chorar, mas também sei que não o vai fazer à nossa frente, apesar de já o ter feito de manhã.

"Eu não aguento mais estar aqui." – falo, finalmente, levantando-me do sofá – "Eu não sei quanto a vocês, mas eu não suporto mais este ambiente. Vou dar uma volta ao parque lá em baixo."

Levanto-me do sofá, vou ao quarto buscar um casaco e abandono o meu apartamento. O ambiente naquela sala estava terrível, não era capaz de ficar ali nem mais um segundo. A minha cabeça está a mil e aquele ambiente não ajuda em nada.

"Carol!" – uma voz feminina chama atrás de mim e eu viro-me para encarar a Nonô a caminhar na minha direção – "Eles quiseram ficar lá, mas eu já não aguento aquilo. Estou morta de dor de cabeça e aquele ambiente deixa-me ainda pior."

"Somos duas." – concordo – "Isto é uma situação de merda."

"Eu sei." – Nonô diz – "Ninguém estava à espera disto."

"Não, de todo." – falo, enquanto ambas caminhamos à volta do quarteirão da zona onde vivemos – "Ao menos, o Harry consegue exprimir e expulsar o que sente. O Louis está ali a reprimir, calado, a fingir que não se importa. E isso deixa-me mesmo preocupada com ele."

"Eu sei... Mas vais ver que, mais cedo ou mais tarde, ele vai expulsar tudo o que tem ali dentro." – a Nonô fala – "Quando ele pousar os pés na Terra e se conformar com a ideia, ele vai chorar tudo o que tem a chorar. Acho que foi isso que aconteceu com o Harry."

"Espero que sim." – suspiro.

O resto do caminho de volta a casa é feito em silêncio e fazemos uma pequena paragem numa lojinha para comprarmos duas lasanhas para aquecer para o jantar. Ninguém está com espirito para cozinhar, por isso hoje é um dia de comer comida pré-feita.

Voltamos a casa e os rapazes estão exatamente no mesmo sitio, agora a ver um jogo de futebol.

"Nós comprámos lasanha para o jantar. Vamos aquecê-la e já chamamos." – digo, mas não recebo qualquer resposta – "Isto começa a deixar-me frustrada." – comento com a Nonô.

"O quê?"

"O facto de eles estarem a ser tão apáticos. É muito difícil para eles, eu compreendo. Mas, bolas, também é difícil para nós, em vários níveis, e não estamos como eles! Isto não é o fim do mundo, ele não morreu. É difícil? Claro que é! Mas, às vezes, na nossa vida, as outras pessoas tomam decisões com as quais nem sempre concordamos, mas temos de as aceitar!" – falo, algo irritada com toda a situação – "Isto também me custa! Não estava à espera que o meu melhor amigo decidisse abandonar o barco desta forma e muito menos esperava isso do meu ídolo. Mas, neste momento, eu sinto que o Louis só se está a preocupar com ele e ignora que também não estou bem com isto tudo. Eles perderam o colega de banda, passaram a ser só quatro, tudo bem, mas..." – suspiro – "Acho que ele não está a ver o meu lado."

Dream | l.t. ☑Onde histórias criam vida. Descubra agora