Capítulo 42 - 'Amo-te tanto'

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Salto no tempo – 23 de março de 2015

Já passou mais de um mês desde que tudo aconteceu, desde que a minha vida deu uma volta de cento e oitenta graus. Tem sido muito difícil, mas não é impossível. O assunto vai morrendo um pouco, embora as pessoas continuem a falar sobre a "traição" nas redes sociais e continuem a dizer coisas horríveis sobre nós. Quanto ao Sam... Bem, nós só falamos no trabalho e só quando não há outra solução. Estou realmente zangada com ele e acho que nunca deixarei de o estar.

Estou numas miniférias de Páscoa e eu era para ir para Portugal já esta semana, mas como os rapazes chegam hoje, as raparigas obrigaram-me a ficar. O Louis disse que queria falar comigo quando voltasse, mas não sei se continua a querer. Seja o que Deus quiser...

Hoje, fiz o turno da manhã com a Brenda na cafetaria, por isso são cerca de três da tarde quando termino o meu turno. A Nonô e a Madalena disseram-me que os rapazes chegavam à hora de almoço, por isso o mais provável é elas não estarem em casa quando eu chegar. Não evito suspirar de tristeza ao pensar que, se tudo tivesse bem, provavelmente, a esta hora eu estaria com o Louis, também. Afasto os meus pensamentos, não muito felizes, e troco a minha farda pela minha roupa, hoje um pouco mais preguiçosa do que o costume, visto que se resume a umas leggings, a uma sweatshirt e a umas sapatilhas.

"Carol?" – Brenda chama-me, entrando também nos balneários, o que me faz virar para a encarar – "Está ali uma pessoa para falar contigo."

"Comigo?" – pergunto, para confirmar, uma vez que era raro haver pessoas a procurarem-me. Ela assente e eu franzo a sobrancelha – "Hum... Diz que se sente numa mesa que eu já vou lá ter."

Brenda assente e sai dos balneários. Termino de me arranjar, arrumo as minhas coisas e dirijo-me para a parte da frente da cafetaria. Brenda aponta-me uma mesa e é então que os nossos olhos se cruzam. Sinto-me como se tivesse levado um murro no estômago quando encaro as enormes olheiras por baixo dos seus lindos olhos azuis. Eu sei que não estou melhor, mas sou incapaz de me preocupar comigo quando vejo o rapaz que amo neste estado e sei que a culpa é minha.

Respiro fundo antes de caminhar até à mesa onde está sentado. Antes disso, peço à Brenda que me leve um café e um muffin à mesa, visto que almocei muito cedo e já estou a morrer de fome. Olho para ele antes de me sentar, como que a pedir autorização para o fazer, ao que ele assente. Sento-me, então, em frente a ele e nenhum de nós fala. Ambos olhamos em direcções diferentes, incapazes de olhar nos olhos um do outro. Brenda traz-me o meu pedido, mas rapidamente se afasta de novo, deixando-nos num profundo e tenso silêncio.

"Não estava à espera que viesses..." – murmuro, a medo, quebrando o silêncio.

"Nem eu." – ele diz e eu não percebo – "Foi um impulso. Não estava planeado eu vir até aqui."

"Hum..." – é a única coisa que respondo, fazendo com que o silêncio volte a reinar.

Estou numa batalha comigo própria sobre o que hei de ou não dizer. A verdade é que, se foi ele quem veio até aqui, deveria ser ele a começar a falar; mas sou eu quem tem de se explicar. Fui eu que, de algum modo, fiz asneira, então devia ser eu a começar esta conversa.

"O Sam andava a convidar-me há algum tempo para ir beber café, mas eu dizia sempre que estava muito cansada porque simplesmente não me apetecia." – começo a explicar – "Mas, naquele dia, eu estava a fazer o turno da manhã e ele convidou-me. Dar a desculpa de que estava cansada não seria muito fiel, além do mais, eu já estava farta da insistência dele, então resolvi aceitar para ver se ele parava de me chatear." – Louis não reage. Apenas continua a ouvir-me enquanto brinca o seu telemóvel, pousado em cima da mesa – "Nós fomos beber café a Covent Garden e estávamos a conversar quando ele me beijou, do nada. Eu fiquei possessa com ele. Gritei com ele ali mesmo e dei-lhe uma estalada. Preferia que a media tivesse feito um escândalo disso do que do beijo. Porque só passaram a imagem que eles quiseram." – suspiro, tentando controlar as lágrimas – "Eu nunca te iria trair, Louis."

Dream | l.t. ☑Onde histórias criam vida. Descubra agora