(se quiserem, ouçam com a música My Immortal - Evannescense)
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13 de julho de 2015
Carol's P.O.V.
Um barulho constante de máquinas a funcionar enche os meus ouvidos, tal como um pi irritante que não para de soar. Tento abrir os olhos, mas sinto uma forte dor de cabeça. Respiro fundo uma vez, para tentar não entrar em stress. Mexo um pouco as pernas, os braços e as costas. Respiro fundo de novo e volto a tentar abrir os olhos, desta vez, com sucesso.
Tudo à minha volta é branco e a minha vista está algo baça. Respiro fundo, de novo, fechando os olhos e voltando a abri-los. Tudo se torna mais nítido e eu percebo que estou deitada numa cama de hospital. Tento mexer-me mas não sou capaz. Não sinto as pernas e estou com bastantes dores nos braços e nas costas. Penso em chamar alguém, mas sinto-me tão fraca que duvido ser capaz de abrir a boca para pronunciar algo, pelo que me vou manter aqui, simplesmente parada, à espera que alguém apareça.
Não tenho de esperar muito até que a porta do quarto se abra e uma enfermeira abra. Ela parece ficar surpreendida por me ver acordada e volta a sair rapidamente, o que me deixa algo confusa. Ela volta a entrar, minutos depois, seguida de um médico. Ambos se aproximam de mim e parecem conversar baixo entre si, verificando alguns papéis e as máquinas que me rodeiam.
"Bom dia, menina Carolina. Como se sente?" – o médico dirige-se a mim.
"Bom dia." – finalmente falo, mas a minha voz soa mais fraca do que aquilo que eu gostaria – "Sinto-me um pouco cansada, bastante dorida e não consigo mexer as pernas." – o médico e a enfermeira entreolham-se e o primeiro escreve qualquer coisa nuns papeis que carrega consigo – "O que se passou, senhor doutor? Porque é que estou aqui?"
"Não se recorda?" – a enfermeira questiona-me e eu nego. O médico volta a anotar qualquer coisa, fazendo-me sentir como se estivesse num interrogatório policial – "Há um ano atrás, a menina deu entrada neste hospital inconsciente. Tinha desmaiado num concerto, no Porto, e tinha batido com a cabeça quando caiu no chão. Achámos que seria uma coisa temporária, mas nunca mais acordava. Percebemos que tinha sofrido uma paragem cardíaca e que isso tinha tido alguns repercussões a nível nervoso. Esteve em coma durante todo este tempo e, tal como prevíamos, perdeu uma parte da sua memória mais recente." – a enfermeira explica.
"Espere... Há um ano?" – pergunto, sentindo-me extremamente confusa.
"Sim... Estamos em 2015. Treze de julho de 2015. Durante todo este tempo, esteve em coma." – ela responde.
Sinto-me confusa e sem saber bem o que pensar. Isto significa que sempre estive aqui... que foi tudo um sonho, uma mentira.
"Temos outra coisa para lhe contar." – o médico fala e eu faço sinal para que ele prossiga –"Devido às lesões cerebrais que sofreu relacionadas com a pancada e a paragem cardíaca, os seus membros inferiores deixaram de funcionar, por assim dizer."
"Isso significa o quê?" – pergunto, não querendo acreditar em tudo o que se estava a passar.
"Que está paraplégica." – o médico responde.
Controlo-me o suficiente para não os mandar embora e partir tudo o que tenho à minha volta, mas não consigo evitar as lágrimas que começam a escorrer pela minha cara em catadupa. De um momento para o outro, tudo aquilo em que eu acreditava, tudo o que eu pensava ser verdade, se desmoronou e eu percebi que vivi numa mentira, num sonho, durante um ano no qual estive meramente inconsciente. Como foi possível eu criar tudo isto dentro da minha cabeça?
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Dream | l.t. ☑
FanfictionNem sempre as coisas são como queremos. Nem sempre as coisas são como sonhamos. Na verdade, raramente as coisas são como queremos e sonhamos. E, às vezes, a vida resume-se só e apenas a isso: a um sonho, mesmo que ele nunca se tenha chegado a realiz...