Revivendo Memórias

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Caminho sozinho pelas ruas de Roppongi, os passos ecoando na calçada enquanto as luzes da cidade começam a brilhar à medida que anoitece. Mochizuki teve que ficar no hotel para uma videoconferência de emergência e de última hora, então aqui estou eu, revivendo memórias de um passado que ainda carrego com carinho.

Conheço cada centímetro de Roppongi, cada esquina, cada café e loja. Aqui foi onde nasci, onde cresci e passei boa parte da minha vida até os dezoito anos. Cada rua tem uma história, cada prédio tem uma lembrança. É uma parte de mim que nunca deixei completamente para trás, mesmo depois de ter me mudado para Tokyo.

A mudança para a capital foi uma decisão crucial. Rindou precisava de mais oportunidades, e eu queria proporcionar a ele o melhor futuro possível. Ele tinha sonhos grandes, de ser ginasta e patinador, e Tokyo parecia a única cidade capaz de oferecer as chances que ele merecia. O sacrifício de deixar Roppongi foi compensado ao ver a alegria e a determinação do Rindou ao seguir seu caminho.

Enquanto percorro as ruas familiares, sinto uma mistura de nostalgia e gratidão. Roppongi me moldou de várias formas, e embora a vida tenha me levado para novos horizontes, a conexão com este lugar nunca se desvaneceu. Olho para os lugares ao meu redor, me perdendo nas memórias e na tranquilidade que essa área sempre trouxe, mesmo em meio à agitação de uma vida que agora é cheia de luxo e compromissos.

Aqui, entre as sombras dos edifícios e as luzes cintilantes, encontro um momento de paz e reflexão. É um lembrete de onde tudo começou e de como as escolhas feitas ao longo do caminho moldaram minha vida, e a do Rindou, para o que é hoje.

Enquanto caminho pelas ruas de Roppongi, um sorriso se forma em meu rosto ao reconhecer um trajeto familiar. É o caminho que eu e Rindou fazíamos todos os dias, do orfanato até a escola. O tempo passou, mas as memórias desses momentos continuam vivas em minha mente.

Me aproximo do muro ao lado do caminho, passando a mão sobre ele. Sinto as texturas ásperas e noto que as pichações, uma vez vibrantes, estão agora mais desbotadas. As marcas do tempo são evidentes, mas há algo ali que me faz parar. A sensação sob meus dedos é diferente, um pouco mais pronunciada. Olho mais de perto e meus olhos se enchem de lágrimas.

Ali, em meio às pichações apagadas e às marcas do tempo, está uma cicatriz que Rindou fez na sua infância. É um coração gravado em alto relevo, com um canivete. No centro do coração, está escrito: "Ran + Rindou = irmãos para sempre". A marca, embora um pouco desgastada, ainda mantém a forma e o sentimento que Rindou quis deixar ali.

As lágrimas escorrem pelo meu rosto enquanto toco a gravura. É como se o passado tivesse se materializado ali, naquele muro, trazendo de volta uma parte essencial da nossa história. A intensidade do amor que Rindou me mostrou naquela época ainda ressoa fortemente, mesmo depois de tantos anos.

Fecho os olhos por um momento, absorvendo a nostalgia e a emoção. Esse simples gesto do Rindou, uma marca tão pequena mas significativa, é um lembrete poderoso de que, apesar das mudanças e das distâncias, o laço que compartilhamos é eterno. Sigo meu caminho, o coração mais leve, carregando com mim a certeza de que, para sempre, seremos irmãos.

Enquanto continuo a caminhar pelas ruas, meus olhos se desviam para um local familiar à distância. É o orfanato onde eu e Rindou morávamos. Ele ainda está ali, do mesmo jeito de antes, com sua fachada simples e o ar acolhedor que sempre teve.

Há algo reconfortante e, ao mesmo tempo, nostálgico em ver o prédio exatamente como eu me lembro. O tempo parece não ter mudado muito esse lugar, e isso traz um sentimento agridoce para mim. Decido me aproximar, movido por uma vontade inexplicável de revisitar uma parte tão fundamental da minha história.

Doce Tentação (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora