Saudade

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Estamos andando por Roppongi, e a cidade à nossa volta está viva com luzes e sons. Ran segura minha mão, seus dedos entrelaçados com os meus, e me guia pelas ruas com uma confiança que só alguém que conhece cada canto deste lugar pode ter.

Ele me leva por entre as lojas e restaurantes, e eu sigo seus passos, admirando a forma como ele se move com tanta familiaridade. Seus olhos brilham com entusiasmo enquanto aponta para lugares que ele parece saber tudo a respeito.

- Aqui é um dos melhores lugares para sushi. - ele diz, apontando para um restaurante discreto, e eu posso ver a paixão em seu olhar enquanto fala sobre cada detalhe.

A rua está cheia de vida, e as luzes brilhantes das vitrines piscam ao nosso redor. Ran me conduz por um caminho pitoresco que leva a um pequeno café com uma vista encantadora da cidade. Ele para e me mostra um edifício icônico, explicando com entusiasmo a história por trás dele.

É fascinante ver como ele se perde nas histórias que conta, transformando uma simples caminhada em uma verdadeira jornada pela cidade que ele ama. Seus gestos são naturais, e a forma como ele me guia por Roppongi faz com que eu me sinta parte de algo especial, como se cada passo fosse uma descoberta que ele está compartilhando comigo.

Ran me guia até um parque encantador, sua mão ainda entrelaçada com a minha. O caminho é repleto de árvores bem cuidadas e flores coloridas, e a atmosfera tranquila é um alívio bem-vindo do agito da cidade. Caminhamos juntos, e a sensação de estar em um lugar tão especial para ele me envolve.

Chegamos a uma ponte que se estende sobre um lago sereno. A vista daqui é realmente impressionante, o lago reflete as luzes da cidade e os edifícios ao fundo, criando um cenário digno de um cartão-postal. Ran para e se inclina sobre a grade, olhando para a água com um sorriso nostálgico.

- Este parque era onde eu passeava com o meu irmão mais novo, Rindou. - ele diz, a voz carregada de uma saudade doce. - Toda vez que vínhamos aqui, eu comprava ração para peixe. Ele adorava jogar para as carpas no lago.

Ele aponta para o lago, como se pudesse ver o Rindou de criança jogando as pequenas bolinhas de ração para as carpas que nadavam alegremente. Seus olhos se iluminam com a lembrança, e eu posso imaginar a cena com clareza - duas crianças felizes, compartilhando momentos simples e preciosos.

- Era um dos nossos lugares favoritos. - Ran continua, ainda olhando para o lago. - Aqui, ele era simplesmente feliz. E eu também.

Sinto um carinho profundo por ele enquanto compartilha essas memórias, e a importância deste lugar para ele se torna ainda mais clara. O parque e a ponte não são apenas um cenário bonito, mas um espaço carregado de afeto e memórias preciosas.

Enquanto observamos a vista do lago, não posso deixar de notar a melancolia no olhar do Ran. É claro que ele sente uma falta profunda do seu irmão mais novo, Rindou. Ran sempre se refere a ele carinhosamente como "Doudou"ou "Rinrin", e isso diz muito sobre o vínculo especial que compartilham.

Eu sei que Rindou é uma figura importante na vida do Ran. Rindou é um ginasta excepcional e patinador talentoso, participando de competições ao redor do mundo. A combinação das suas habilidades é impressionante, ele é campeão mundial tanto na ginástica artística quanto na patinação no gelo. E ele é dono de inúmeras medalhas de ouro e troféus que refletem seu talento e dedicação.

É fácil perceber o orgulho e a saudade que Ran sente ao falar sobre Rindou. Ele fala com entusiasmo das conquistas do irmão, mas também revela uma certa tristeza por não poder estar tão próximo quanto gostaria. O fato de que Rindou está constantemente viajando para competir e se apresentar em diferentes partes do mundo faz com que a distância entre eles seja ainda maior.

Mesmo com a distância, o carinho e a admiração que Ran sente por seu irmão são palpáveis. Rindou é uma grande fonte de inspiração e orgulho para ele, e a falta que ele faz é evidente em cada palavra e olhar. É um lembrete de como os laços familiares podem ser profundos e como, mesmo quando estamos longe, as memórias e o afeto permanecem presentes.

- A única coisa da minha infância e adolescência que eu realmente sinto falta é da convivência constante com Rindou. - ele diz, a voz um pouco vacilante. - Agora é um pouco difícil, porque Rindou está sempre em competições ao redor do mundo. Ele raramente fica em Tokyo. Sinto falta de quando éramos grudados, quando passávamos o tempo juntos todos os dias.

As palavras dele carregam um peso emocional, e eu consigo perceber o quanto ele valoriza essas memórias. A distância e as constantes viagens do Rindou para competir em ginástica artística e patinação no gelo deixaram um vazio na vida do Ran. Cada momento que passavam juntos era precioso, e agora, quando a presença do irmão é tão rara, a ausência é ainda mais sentida.

Ran sorri, mas é um sorriso tingido de saudade.

- Ele é sempre tão ocupado com as competições e as apresentações, e eu fico feliz pelo sucesso dele. Mas, às vezes, eu só queria poder voltar no tempo e ter mais daqueles momentos simples com ele. Aqueles dias em que éramos inseparáveis.

Eu sinto uma onda de empatia por ele. A força dos laços familiares e o impacto da distância se tornam ainda mais claros. A admiração do Ran por seu irmão é profunda, e a falta que ele sente é um reflexo de quão valiosos aqueles momentos foram para ele.

Vejo a tristeza nos olhos dele e sinto a necessidade de fazer algo para confortá-lo. Coloco uma mão gentil em seu ombro e o puxo para mais perto, oferecendo um sorriso encorajador.

- Eu sei que deve ser difícil para você. - digo, minha voz suave e reconfortante. - Mas quero que saiba que, mesmo que Rindou esteja longe e muito ocupado, ele ainda se importa muito com você. E, mesmo que as circunstâncias sejam difíceis agora, os laços entre vocês são fortes e duradouros.

Ran me olha, os olhos ainda um pouco brilhantes, mas agora com um toque de gratidão.

- Eu sei que você está certo. - ele responde, sua voz um pouco mais firme. - É só que às vezes a distância faz parecer que a saudade é maior do que eu posso suportar.

Aperto um pouco mais seu ombro, tentando transmitir o quanto eu realmente me importo.

- Às vezes, pode parecer que as coisas estão mudando e que as pessoas que amamos estão longe, mas isso não diminui o quanto elas significam para nós. E sempre que vocês se reencontrarem, esses momentos juntos serão ainda mais especiais.

Ran sorri lentamente, e o peso da sua tristeza parece um pouco mais leve.

- Obrigado, Mochi. - ele diz, a voz carregada de sinceridade. - Eu realmente aprecio suas palavras. Elas significam muito para mim. - ele diz e me abraça, eu o acomodo em meus braços e deposito um beijo em sua testa. Eu amo ele mais que tudo.

Continuamos a olhar para o lago, e eu sinto que, de alguma forma, consegui trazer um pouco de consolo e esperança para ele. A conexão que temos é uma fonte de apoio importante, e ver Ran começar a relaxar um pouco me dá uma sensação de alívio e gratidão.

Doce Tentação (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora