Laços de outras vidas

1 2 0
                                    

(Pensamentos de uma bruxa)

Como posso ser uma bruxa e uma Vamber ao mesmo tempo? Isso quebraria toda a Ordem. O que Phillip pensaria? Existiria uma bruxa boa, além de

Criska? E se Criska for apenas uma exceção, e se eu também deixar a magia me controlar? Mas eu sou humana... templo da lua. Lua de sangue. Maldição. Sacrifício.

Balançou a cabeça, aturdida. Aquela inundação de pensamentos fervia dentro de si, como se sua cabeça fosse um forno. Criska lhe havia dito o que fazer, como fazer e quando. Ir até o as Ruinas do Templo da Lua durante a lua de sangue e realizar a cerimônia. Observou o arredor, o gelo e a neve já se dispersavam. Os alunos a passearem pelo jardim, ela em seu esconderijo quase secreto. Lembrou do que a bruxa na catacumba lhe disse. "Você restaurará a Ordem". E se for isso? Se a ordem tiver sido quebrada quando essa Guerra das Sombras entre bruxas e Vambers começou? Será que... quebrar a maldição das bruxas e dos Vambers... trará a Ordem de volta? Isso tudo é tão maior que eu... eu não quero ter que carregar esse fardo. eu... eu não quero morrer.

—Ellie? – a pequena garota lhe chamou.

Ela lhe fitou. Havia algo estranho em seu olhar. A amiga não estava eufórica como de costume. Alguém parecia ter apagado o pavio dos fogos de artificio. Zahara sentou-se ao seu lado.

—Estou preocupada com você.

Eu já disse que não tenho nada com aquele garoto...

—Não estou falando disso – Ellie arqueou a sobrancelha – Ellie, está acontecendo alguma coisa? Alguém... te machucou... ameaçou...

ah... não. Por quê?

—você tem andado com algumas marcas no corpo... naquele dia na casa de banho... no seu pescoço, aquela cicatriz...

—ah... – ela baixou a gola da blusa e lhe ofereceu um sorriso nervoso – deve ter sido impressão... ou algo do tipo.

—é... sim, não está mais aí – Zahara coçou a cabeça – se estiver acontecendo algo... anormal... não sei... com você, por favor, me diga.

A garota a fitou. Sim, está acontecendo algo muito ruim. Por um minuto sentiu vontade de contar tudo à Zara, de alguma forma, ela sentia que precisava. De alguma forma, sentia que aquela sentada ali a sua frente era alguém muito importante. Mesmo assim, apenas lhe mostrou um sorriso nervoso.

—não se preocupe, estou bem.

...

Era por volta das seis. Quase todos, por essa hora, estavam jantando, ou no refeitório ou nas mesas ao ar livre, aproveitando a noite agradável de começo de primavera.

Ela passa em frente ao salão de dança, onde pequenas meninas dançavam, com seus tutus, na ponta dos pés. A professora Clara, elegante como sempre, coordenava os passos contando em francês; desceu as escadas e atravessou a mansão. Chegou ao refeitório, já quase vazio, pegou o mesmo jantar de sempre e se dirigiu às mesas lá fora, procurando os amigos.

Eles conversavam sobre o mesmo assunto. O festival de primavera.

—Vocês viram no jornal que vai ter uma lua de sangue no dia do baile? – Ariane falou empolgada – o clima perfeito.

—Perfeito pra quê? – Trevor debochou – é primavera não Dia das Bruxas! – ele apontou o garfo rumo à Ellie – você já tem companhia, Ellie?

Despertar: entre a ordem e o caosOnde histórias criam vida. Descubra agora