45 "Inseparáveis"

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Durante todo o caminho, Oliver dirigia aquele carro em alta velocidade, e vez ou outra, ele sempre esmurrava o volante, e rosnava ao tentar se conter. Foi quase uma hora de viagem, mais alguns minutos de caminhada quando finalmente chegamos a uma cabana escondida na floresta.

— Essa cabana é sua...?

— Entra logo... Entra! — Mais uma vez ele se descontrola, fazendo a bebê acordar aos berros.

Apenas obedeço, entrando na cabana, enquanto o via se afastar, voltando pelo mesmo caminho em que viemos.

[•••]

Com os meses se passando, Maxine já estava engatinhando, Oliver sempre deixava coelhos recém mortos na porta da cabana, mas nunca havia entrado nela. Depois daquele dia, ele só aparecia para deixar suprimentos, e sempre quando eu estava dormindo.

Com o tempo ele foi melhorando, até o dia em que o vi deixar dois coelhos na porta, como de costume. Naquele dia eu o convidei para entrar, e relutante ele aceitou. Ele estava de volta, sem crises, sem instinto matador, apenas ele, e isso era o suficiente para mim.

Um ano depois eu engravidei novamente, e assim nasceu nossa Victória, nossa filha do meio. Sim, tivemos outra depois dela, que se chamou Katherine, nossas meninas. Nunca pensei que pudesse ser mãe, e nem que pudesse amar tanto outro alguém, mas sem sombra de dúvidas, eu daria a minha vida por todos eles.

— Mamãe, a Kat não quer dividir os brinquedos de novo! — Victória vem até mim choramingando.

— Katherine, tem que dividir, filha. — Oliver Que mexia em seu celular diz.

— Mas esse é meu! Ela pode brincar com aqueles. — Ela aponta para alguns brinquedos de quando elas ainda nem andavam.

— Não! Esses são velhos! — Cruzando os braços, Victória enche os olhinhos de lágrimas.

— Eu divido os meus com você, Vic, não precisa chorar. — Maxine, a mais velha, consola a irmã, a chamando para brincar com ela.

— Não podem brigar por isso, vocês são irmãs e precisam ajudar umas as outras, sempre. — Falo, me sentando no sofá ao lado do pai delas.

— Desculpa Vic... — Depois de uns segundos, Katherine parecia arrependida. — Você pode brincar com os meus também.

Apesar das pequenas intrigas entre elas, no fim, o amor que sentiam era bem maior do que isso, elas são inseparáveis, e será sempre assim. Ou pelo menos, era o que eu achava.


[•••]

— Stella, pega as meninas, e corram pelo caminho da floresta! — Oliver fala nervoso, após chegar da cidade.

— O que? Do que está falando?

— Não temos tempo pra isso. Só pega as meninas e fuja pela floresta. Tem um carro a caminho, e ele esperará no final da floresta para pegá-las.

— Mas, e você?

— Me escute, tenho informações que o Lúcio está a caminho, ele pode chegar a qualquer momento, então eu preciso ficar para despista-lo.

— Oliver... Não.

— Mamãe...? O que está acontecendo? — Maxine surge com os olhos inchados de sono.

— Filha, você se lembra quando eu disse que chegaria um dia em que teríamos que ir para outro lugar? Então... Esse dia chegou, e eu preciso que seja forte e proteja suas irmãs. Tudo bem?!

— Tudo bem...

Corro até o quarto delas, acordando as duas que ainda dormiam, e as levo para a sala, onde Oliver e eu nos despedimos delas.

— Obedeçam a sua irmã mais velha. Vocês irão para um lugar seguro, e logo a mamãe e o papai irão buscar vocês.

— Vocês não vem com a gente...?

— Não agora... Mas iremos assim que for seguro. — E assim eu as guio até um caminho traçado da floresta até a estrada. Observando elas correm de mãos dadas.

— Tem certeza disso? — Oliver pergunta já do lado de fora.

— Sim... Não vou deixar você sozinho. Tudo isso começou por minha causa. — Seguro a sua mão enquanto o vejo acender um palito de fósforo e o lançar em direção a casa, que logo começa a arder em chamas. Não podíamos deixar vestígios de que tivemos outras filhas. Ele nem sequer sabe se a primeira sobreviveu ou não, então quanto menos soubessem, melhor seria para a segurança delas.

Sabíamos que esse dia chegaria, e que nossas filhas poderiam correr perigo se soubessem. Então tínhamos que ser discretos, e eliminar tudo que provasse que não era só nós dois. Sabíamos que ele estava com um grupo maior, então não tínhamos como lutar contra eles.

Então corremos em direção ao carro, partindo para longe. Para onde iríamos? Não sabíamos. Talvez para outro estado, outra cidade, ou até mesmo outro país. Tudo que garantisse a segurança de nossas filhas.

A única coisa que me conforta é que elas estarão seguras, e juntas.

CONTINUA...

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