Projeto Leech

38 "Família"

Se passaram um mês, e desde que eu vim para esse lugar, Oliver nunca veio me ver, ou sequer me ligou. Ele só fala com Isaac, pelo menos é o que o mesmo me diz sempre que eu pergunto sobre ele.

Por mais que eu esteja me acostumando a ficar aqui, as pessoas e o ambiente no geral, não era a mesma coisa, faltava algo, e eu sabia onde ele estava.

— Vocês viram o novo garoto que virá para cá? — Beth comenta, enquanto caminhavamos em direção ao gramado.

— Não só eu, como todas as garotas daqui, elas amam carne fresca. — Claire responde debochando, fazendo Beth revirar os olhos.

— Não só as garotas pelo visto.

— Desembucha Marjorie.

— O Matthew está afim você. — Ela fala com o dedo apontado para mim. — Está tão na cara.

— Desculpa mas... Eu não entendo o que quer dizer. — Falo, olhando para os garotos que treinavam mais a frente, e parecendo sentir, Matthew que estava no meio deles, olha diretamente para mim.

— O que ela quis dizer é que ele gosta de você, sabe, de outra forma. — Claire tenta explicar, mas acaba sendo interrompida por Marjorie.

— Ele quer te dar uns beijos garota, te pegar, sei lá.

— O que? Não! — Respondo de imediato, me lembrando das vezes em que eu e Oliver nos beijamos e dormimos juntos.

— O que é que tem? Você tem namorado?

— Não... Mas, eu não quero fazer isso com ele.

— Então tá. — As três me olhavam estranho, pela forma a qual eu havia respondido.

Era noite, e esse era o horário em que estavam todos aqui fora, já que todos eles têm sensibilidade a luz do sol, não como nos filmes em que a pele derrete ou queima, é claro, era mais uma fotofobia, como o Isaac diz.

•••

Já era quase noite do dia seguinte, quando eu arrumei minhas coisas na mala e saí do quarto, indo diretamente para fora da casa. Eu estava decidida, não podia mais esperar por uma resposta.

A dias vinha me sentindo estranha, desconfortável, algo dentro de mim pedia para que eu fosse até ele, e assim eu faria, eu iria atrás de Oliver, goste ele ou não. Não aguentava mais ficar no escuro, sem saber o que estava acontecendo e do porquê de não tê-lo visto mais desde que cheguei a esse lugar.

Assim que saí da casa, caminho devagar até os fundos da casa, mas por algum motivo, sentia que alguém estava me seguindo, e eu não estava errada.

— Stella? Aonde vai? — Era a Claire, que me olhava confusa de longe.

— Eu preciso voltar... Por favor, não conte para ninguém, e nem tente me impedir. — Peço, realmente temendo que ela fizesse isso.

— Você é muito louca em querer voltar, mas se é isso que quer, eu vou te ajudar. — Agora com o semblante mais relaxado ela se aproxima de mim.

— Faria isso por mim?

— Mas é claro garota. Você faz parte da família agora.

— Nem sei o que dizer...

— Vai por aquele caminho, darei a volta com o carro e nos encontramos lá na frente.

E assim eu fiz. Caminhei por uma pequena estrada de chão, e mais a frente Claire já me esperava com o seu carro. A cada minuto que passava eu me sentia mais apreensiva em revê-lo novamente. Não fazia ideia qual seria a sua reação ao me ver, e pior, passando por cima do que ele pediu.

Após algumas horas, Claire finalmente para o carro, ainda na estrada.

— Seria muito arriscado te levar até a frente da cada dele, então, terá que continuar daqui.

— Está tudo bem, só de ter me ajudado, eu já sou grata.

— Você pode ir pela floresta, será mais seguro, e rápido.

Aceno com a cabeça e saio do carro, levando a minha pequena mala comigo.

— Stella. — Me viro novamente para Claire que me olhava apreensiva. — Aqui, pegue isso.

— O que...? — Pego da sua mão uma seringa fechada, com um líquido dentro. — O que é isso?

— Se algo sair fora do controle, use isso. Me prometa isso.

— Tudo bem... Eu acho. — Eu não entendia o motivo de tamanha preocupação.

— Se cuida tá?! Se acontecer alguma coisa, pode me ligar que eu venho.

— Obrigada Claire.