Fui ao último corredor onde fica alguns quartos de hóspedes, e finalmente no último quarto eu o encontro.
• Pai, tá fazendo o que? - Pergunto
• Nada que não se resolva. Precisa de algo?
• Lembra? Eu tô indo ensaiar na casa dos meus amigos
• Claro que lembro. Quer carona?
• Vou a pé e venho de carona.
• Tá certo. Vá com cuidadoConfesso que fiquei surpresa ao ver ele naquele quarto, faz uns duzentos anos que ninguém vai pra lá. Notei que naquele momento ele estava muito pensativo.
Enrolando a esquina de casa, começo a observar extremamente tudo. Não ando por aqui a pé, então é algo novo e além de quê também preciso tomar cuidado. Sair sozinha é motivo de ser assaltada. Sem vacilar no olhar, postura ereta e rosto duro.
A rua está um pouco escura, acredito que a luz queimou. Que sorte a minha. Não tem quase ninguém nela, tirando eu e dois caras que estão encostados na parede. Será que irei ser assaltada? Eu não duvido. Os dois homens se separam, enquanto um fica me observando passando pela rua, o outro vai ao oposto de minha direção, menos mal. Essa é a pior rua que existe no meu bairro, ela está agora escura, estreita e é a mais longa.
Começo a ouvir uns passos atrás de mim a 2 metros de distância
Deus me tira daqui…
Na metade da rua ele me alcança e segura em meus braços para perto de si. Não consigo ver direito o seu rosto, está escuro.
• Não precisa fazer nada, eu te dou o dinheiro, só tenha calma - continuo dura em minhas palavras
Com todas as forças acabei dando uma joelhada na parte mais sensível de qualquer homem, fazendo me soltar.
Corro sem olhar para trás.Deus me ajude, por favor.
Continuo correndo o mais rápido que consigo, já três ruas depois, consigo chegar perto de um rapaz, a primeira coisa que passa em minha cabeça eu faço.
Alcanço-o ficando em sua frente, acabo o abraçando bem apertado com medo em meu peito.O solto para encará-lo e pedir ajuda, mas penso em um roteiro diferente. Ele me olha sem entender nada com esses olhos castanhos claros, que chamam muita atenção. Fazendo neste momento sentir algo diferente.
De repente me sinto segura, protegida.
Seu rosto é famíliar, porém a está hora não reconheço com facilidade.
Reúno poucas palavras que restam em minha boca:• Nem me esperou né?- dou um gole seco e continuo - eu pedi pra você me esperar. É por isso que brigamos quase sempre.
Ele fica encarando, não com o olhar de raiva, ele procura entender essa atuação da minha parte, por trás desses olhos percebesse confusão.
Ainda assim, o homem não desiste, então algo acontece. Não sei o que me deu, talvez tenha sido o medo de acontecer mais coisas ruins.
De repente meus lábios tocam nos dele e acaba rolando um beijo por impulso. A uma mistura de calor, consigo sentir seus lábios quentes, mas ele consegue perceber os meus frios, talvez seja nervosismo, medo ou até falta de sentimentos.
O meu coração dispara mas não por medo, e sim por esse momento.
Abro os meus olhos e percebo que o homem continua observando. Eu me afasto de seu rosto e reparo que ele está prestes a falar algo. Então que venha a bomba, simples palavras de um estranho não irão fazer diferença.• Depois falamos sobre isso - ele olha em volta e depois me encara - Floquinha, Você está bem?
• É você? - encaro surpresa
• Ele te machucou? - pergunta verificando as minhas mãosMas como ele soube que era eu?
Não respondo ele. Só consigo ser grata e o abraça-lo por estar ali presente naquele momento horrível, por ser ele em vez de ser qualquer um. Me sinto grata por ele ser gentil, ao me perguntar se estou bem em vez de gritar e reclamar por isso que eu fiz. Sei que foi errado minha atitude, mas ele está aqui preocupado com o meu estado.• Faz tempo que ele estava atrás de você? - pergunta
• E você não sabe o quanto - limpo a garganta e falo - menos de 10 minutos, mas para mim foi horrível.
• Como soube que era eu?
• Eu reconheci você, só não tinha entendido o que era aquilo. Mas comecei a observar tudo. E depois você me beijou, daí eu já tinha entendido tudo.
• Valeu por ter me ajudado, não sei como eu teria lidado com a situação caso você não estivesse alí.
Ele sorri e diz - Agradeça a Deus.
• Ele foi muito importante neste momento, não pelo beijo, mas sim pelo escape, não me leve a mal. - limpo a garganta novamente - Parece que ele voltou a se importar e me ouvir.Ele olha para o outro lado, observa tudo e depois fala calmante:
• Se esqueceu o que conversamos naquele dia? Ele sempre se importou com todos nós, às vezes esquecemos disso e somos nós que o abandonamos. E mesmo assim ele continua firme em lealdade a nós.
Ficamos em silêncio durante um bom tempo. Só observamos tudo, admiramos o céu, a lua no caso.
Sinto constrangimento por tê-lo feito passar por essa situação. Como pude fazer isso com esse garoto?
Neste exato momento, acho que uma das minhas crises quer aparecer, eu quero chorar. Mas logo agora? Detesto isso.• Posso te pedir algo? - meus olhos estão cheios de lágrimas
• Pode, não vejo o problema - Ele transmite paz em sua voz
• Pode me dar outro abraço? - digo sem olhar para os seus olhosEle não falou nada, simplesmente olhou-me com um olhar de empatia e abraçou-me. Esse foi o melhor abraço que eu recebi em toda a minha vida. Preciso pedir desculpas. Mas não quero soltá- lo para fazer isso. É tão bom. Faz um tempo que não sou abraçada dessa forma, sem ter o peso da dor e despedida. Como se um abraço fosse algo importante. Se eu tentar explicar o que estou sentindo vai ser complicado, não sei usar palavras para se expressar. Não gosto de demonstrar algo, no caso, nada. Sentimentos, emoções, dor…
Solto ele e nós olhamos. Os seus olhos me fazem pensar em momentos bons em minha vida, no dia que eu conheci uma pessoa e…. Nossa!
• Quero te agradecer por isso. Só não queria que ficasse em palavras.
• E o meu convite para o baile?
• Eu não sei…
• Vai ser legal. Te garanto.
• Então combinado.[ OIII TUDO BEM? DESEJO QUE SIM!
MINHA NOSSA, O SONHO DO MASON FOI TÃO ESTRANHO, MAS E ESTE CENÁRIO? COMO SERÁ QUE VAI FICAR TUDO, DEPOIS DESSA CENA.
CONFESSO QUE FIQUEI BEM CHOCADA....Jesus te ama!!
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SUPERANDO MEUS LIMITES | romance cristão
RomansaQuanto tempo a mais eu conseguirei suportar as coisas que estão presas dentro de mim? Entrar na faculdade e fazer amigos talvez me ajude a ficar mais leve do fardo da perda da minha avó, a falta de fé que me encontro e quando meu melhor foi embora...