28° Capítulo do Mason

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Papai, será que eu suportaria essa dor?
Sei muito bem que nunca poderei pensar mais além do que sou capaz, então por favor, só ajude-me para que continue confiando em ti, isso será o bastante. Seus planos são maiores, sua vontade é boa, perfeita e agradável, então só confio em ti.
Ver ela quase indo embora, quase me fez desmoronar. Mas então naquele momento te entreguei as minhas preocupações, e foi assim que ela conseguiu melhorar, porque entrei em suas mãos o que médico, e principalmente eu, não conseguiria resolver.
Grato estou eternamente como sempre, pai.
Muitíssimo obrigado por tudo que tens feito.

*
Depois da minha oração após o devocional, fui correr.
O senhor Antônio queria passar mais um tempinho com ela sozinho. Depois daquele susto que tivemos, ele acabou passando essa semana toda visitando a filha até umas duas horas da tarde, o médico disse que tinha possibilidades dela acabar acordando por esses dias, então ele quer muito está presente.

A minha rotina está quase do mesmo jeito, sei que é pouco tempo, mas quando ela acordar talvez voltamos a mesma coisa de sempre. Quero muito saber como será a reação dela assim quando nos encontrarmos, não como dois desconhecidos, mas sim, como os melhores amigos, como a garota da minha vida.
Sei que namoro evangelístico não funciona, mas vou esperar por ela o tempo que for, ter a encontrá-la foi benção, é suficiente para continuar a ter fé nela sobre voltar para casa.

Amor de criança em visão de adulto é ilusão. Meus pais quando me levaram embora, diziam quase todos os dias. Isso de algum jeito mexia comigo, porque apesar de sermos jovens demais, eu a amava. Sempre foi assim. Quando comecei a me aproximar dela agora mais velho, confesso que culpei o meu coração por se sentir confortável, esperançoso perto dela, só que no final de tudo, ele estava certo.

Meus pais queriam que o meu foco fosse os estudos, então cortou todos os possíveis laços que eu poderia ter com ela, me senti tão inútil por ser uma pequena criança. Fiquei durante um ano com pouco contato com os meus pais, pois sentia a traição ao meu redor quando estava por perto deles, mas depois que comecei a frequentar a igreja, estudar mais a bíblia, tudo isso passou. Entendi que alimentar aquilo fazia a minha alma adoecer. E o que sobraria para Deus? Algo podre e sem utilização? A minha adoração seria enganosa e desrespeitosa para Ele.

Perdoei eles com sinceridade, afinal aquilo era de minha parte, egoísmo. A minha mãe estava ficando careca, o câncer estava tentando consumir a doçura que conhecia quando menor, nos mudamos para ajudá-la em seu tratamento físico e psicológico. O trabalho do meu pai também tinha sido um fator importante, era o único que possuía durante anos, já que desistiu de seus sonhos para trabalhar e sustentar todos nós. Foi difícil entender que não é sobre si, mas sim, todos porque somos uma família.

SUPERANDO MEUS LIMITES  | romance cristãoOnde histórias criam vida. Descubra agora