Guerra Entre Raças

LI - Destinado a Voar

No final do século XIX, em uma região do leste do Império Alemão, hoje pertencente a Polônia, uma criança andava com um rifle em mãos. Ela possuía oito anos de idade, mas já era apta a caçar com seu pai e irmãos.

— Ei, irmãos! Olhem lá, é um Wolpertinger! — Dizia o garoto, vendo uma lebre Alemã com chifre, um animal considerado folclórico em seu país.

— Wow, vamos caçá-lo! — Respondia Lothar Von Richthofen, correndo junto dele para caçar a tal criatura.

A vida da família era bem pacata, com as quatro crianças vivendo apenas com o pai, já que eles haviam perdido a mãe anos antes. O progenitor da família os treinava para um dia os homens fossem caçadores, enquanto a garota era preparada para outras coisas.

— O quê? Mas, pai, eu quero seguir uma carreira como dançarina! — Dizia Ilse Von Richthofen ao pai.

— Não me importo com isso, quero que você seja uma dona, enquanto vocês, garotos, vão para o exército. A mulher deve cuidar da casa enquanto o homem está na guerra, por isso fiquem bem preparados para quando forem lutar.

Isso sempre causou problemas entre o pai e a filha, que sempre observava seus irmãos caçarem junto dele, e o segundo dos quatro, no caso, Manfred, notava isso, e ia sempre falar com ela: — Ei, irmã, olha o que eu encontrei! — Mostrava a lebre mítica para ela, deixando-a encantada.

— Uau! Você tem um bom talento! Conseguiu caçar um animal deveras exótico, mas... — Apontou para outro animal — O que acha de tentar caçar aquele ali?...

O animal que ela havia apontado era um falcão, um animal bem silvestre para a região em que viviam. Manfred topou o desafio, então portou seu rifle para caçar o animal, que ia para muito longe, o que fazia o garoto o persegui-lo o mais rápido que podia.

— Ei, volte aqui! Eu quero caçar você para orgulhar a minha irmãzinha! — Dizia enquanto corria até o animal, que continuava a fugir, parando para atirar nele, mirando o melhor que conseguia, mas algo o fazia parar.

— Espera, aquilo é... — Olhava para o céu ao ver o animal voando, enxergando algo em meio à noite estrelada — Uma estrela cadente!!!

— Rápido, faça um pedido! — Ordenou a irmã.

— Eu desejo... Conhecer a altitude que esse falcão foi, e encontrar lá no céu alguém que faça o meu coração se apaixonar, além de um possível melhor amigo!

— Uau, quanta coisa hahaha, mas não se acha novo demais para desejar tudo isso?

— Acho... Mas que pedido você fez?

— Pedi para que você um dia se tornasse reconhecido pela sua maestria com a caça. Você é muito bom, irmão, merece ser muito mais do que é hoje por suas habilidades!

— Mas, irmã, você não queria se tornar uma dançarina?

— Sim, mas eu não quero que o meu sonho interfira no seu — Se aproximou dele, o abraçando — Eu prefiro ser a dona de casa que cuida dos sobrinhos enquanto o irmão está na guerra. Quero muito que você se case com alguém que seja digno de você, e tenha filhos com ela, para que eu cuide muito bem da sua criança quando precisar!

— Uau... Isso é tão bonito, irmã.

— Höhöhö, é tudo pelo meu irmãozinho!

Esses pensamentos sempre ficaram na mente de Manfred, que continuava a caçar, até ver aquele mesmo falcão que um dia viu outras vezes. Ele todas as vezes tentava o alcançar, mas nunca conseguia, e assim nasceu um desejo naquele garoto.

— Esse falcão é mesmo muito rápido... Mas tudo bem, eu posso me tornar mais, höhöhö!

— Que fofo ver a sua vontade em treinar para ser como um animalzinho — Sua irmã o admirava.