VINTE E SETE.

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 Pela primeira vez cheguei em casa sem dor na perna, subindo pro quarto e me jogando na cama

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Pela primeira vez cheguei em casa sem dor na perna, subindo pro quarto e me jogando na cama.

Odiava discutir com a Ceci mais do que odiava ficar fora de campo, mas ainda estava chateado, não ia mentir quanto a isso.

Abri os olhos, vendo os dois bonitos me encarando, o que me fez rir.

- Acham que eu peguei pesado? - Sentei na cama. - Apesar que eu falei o que estava sentindo, esse é o nosso combinado desde que eu começamos a namorar. Naquele momento realmente estava sentindo que ela não confiava em mim. Mas fui duro? - Eles miaram e Valentina se aproximou, enquanto Enzo continuava me encarando. - Você sempre do lado dela, né? Impressionante. Mas pensem comigo, seria errado não dizer meus sentimentos, não é justo eu falar só quando eles são bons e se fosse ao contrário, ia querer que ela falasse o que a chateia também. Então não me arrependo. Mas também já não estou tão bravo assim, só quero... Que a gente se resolva. Não gosto de ficar brigado com a mãe de vocês.

- E eu também odeio ficar brigada com você. - Virei rapidamente, vendo ela encostada na porta, com flores na mão.

- São pra mim? - Olhei as flores, surpreso e ela assentiu, se aproximando.

- Você ama me dar flores, achei que fosse gostar de receber também. - Segurei, todo bobo.

- Eu am... - Tossi. - São muito bonitas. - Corrigi. Não ia facilitar as coisas pra bonitinha.

- Tá confortável pra conversar agora? - Acariciou meu rosto e senti um frio na barriga, assentindo.

Cecilia me tinha na mão só com um toque, acho que nunca ia me acostumar.

Ela puxou a cadeira, sentando na minha frente e os dois suspiraram.

- A Ana me convidou no começo da semana, quando fomos pra Barcelona. Brilhou meus olhos assim que ela fez o convite, mas depois, comecei a olhar a proposta de maneira mais realista. Primeiro, é pra ficar um mês lá, consequentemente ficar longe de vocês. Segundo que, sim, é uma oportunidade enorme, mas será que estou preparada? Um errinho ali, talvez valha a minha carreira. Tem por que eu colocar isso em jogo agora? Não devo esperar mais um ano? Se acontece alguma merda, eu vou estar lá sozinha, nem vou ter seu ombro pra chorar, enfim... Comecei a criar inúmeros cenários negativos na cabeça que poderiam acontecer e fiquei tão nervosa que só queria... Fingir que o convite tinha rolado até me sentir confortável e pronta pra falar sobre ele e definir uma resposta. Não queria te esconder, nem te fazer se sentir assim. Eu te amo e você tem minha confiança pra tudo, eu só... Não soube lidar. Me desculpa.

Suspirei, puxando a cadeira que ela estava sentada, que chegou até mim rapidamente, já que era de rodinha.

- Ceci, nós dois ficarmos longe é o de menos. Se você compreende sempre que preciso viajar por muito tempo, seria injusto eu não te compreender também. Eu fiquei sim magoado e ao descobrir, a primeira coisa que pensei é que tinha me deixado de fora de algo tão importante pra você. Eu poderia ter guardado pra mim, ter esperado você me contar, mas prometemos ser sinceros um com o outro, né?

- Sempre.

- Então achei importante deixar claro pra você o que estava sentindo. Mas confesso que minha mágoa, não me fez pensar em outras possibilidades do porquê não me contou. - Acariciei a perna dela. - Dito isso, é claro que eu te desculpo. E peço desculpas também, coloquei meu sentimento na frente e não entendi que isso não era sobre mim.

- Mas sua chateação é válida, eu também ficaria. Não queria que tivesse descoberto assim. - Segurou minha mão, a acariciando.

- Vem cá... - A puxei e ela sentou no meu colo, me abraçando, enquanto eu a abraçava de volta, forte, beijando seu ombro.

Nos afastamos e eu observei seu rosto, o acariciando, enquanto ela selava meus lábios.

- Eu amo você. Desculpa. - Falamos praticamente juntos, dando um sorrisinho e um selinho demorado, seguido de um abraço novamente.

- E... Você tá se sentindo pronta pra falar sobre o convite? - Acariciei seu rosto e ela assentiu, dando um sorrisinho. - Benzinho, não acho que seja cedo pra você ir. Simplesmente é um reconhecimento da profissional foda que você é. Erros acontecem, caso role, você vai saber lidar com seu jeitinho desenrolado, mas acho muito difícil que acontece. Você é incrível, Ceci, não tem quem não ache isso e nada mais justo que mostrar isso pro mundo. - Ela me observou.

- Mas... - Fez um biquinho e eu ri fraco, doido pra beija-lo, mas me segurei.

- Até você sabe que não tem pontos negativos nisso. Tá, ficar longe vai ser terrível, mas... Daremos um jeito. Paris não é tão longe, consigo te visitar nas minhas folgas e quando acabar, estarei aqui te esperando, cheio de orgulho. - Ela seguiu com o biquinho, fazendo um barulhinho manhoso e escondendo o rosto no meu pescoço.

- Promete?

- Só se prometer que vai analisar a proposta mais pro sim, do que pro não, deixando a insegurança de lado  Tudo bem se não quiser ir, mas não por medo. - Ela me olhou.

- Prometo.  - Entrelaçados os mindinhos e eu selei nossos lábios de novo. - Me promete outra coisa?

- Todas.

- Não vamos mais dormir brigados?

- Por favor!! Dormi no chão do CT hoje. - Ela gargalhou. - Te mandaram foto, né?

- Com certeza.

- Safados. Mas é ruim demais não dormir agarrado em você. Nunca mais, vamos sempre nos resolver antes, inegociável. - Ela riu e eu senti meu peito esquentar, por saber que estávamos oficialmente bem.

Ceci sempre foi a mais madura e centrada de nós dois. Agia de forma racional, com tranquilidade e resolvia tudo completamente rápido.

Enquanto eu, era totalmente emoção. Agia no impulso, na emoção e sempre levava pro peito quando algo não saia como o esperado.

Nenhum dos dois de forma exagerada era bom, mas nos completavam muito bem, além de que, a cada dia que passava, mais equilibrados ficávamos. Era gostoso dar colo pra ela, assim como era gostoso receber.

Tínhamos nossas diferenças, nossas questões e claro que gerava atritos algumas vezes, mas algo que nunca abriamos mão era do diálogo.

Sempre conversavamos sobre o que estávamos sentindo, o que não tínhamos gostado, onde estava doendo, sem medo de que isso fosse causar uma reação negativa no outro. A desculpa saia fácil e sempre dos dois lados.

Essa maturidade que estávamos conquistando juntos, como casal, me fazia sentir uma confiança do caralho na nossa relação.

E deixava cada vez mais claro que Cecilia era o amor da minha vida.

Podíamos não ficar juntos até ficarmos velhinhos, apesar de querer exatamente isso, mas ela sempre teria meu coração. Pra sempre.

 Pra sempre

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