Capítulo 02 - A Vida Amorosa da Taylor Swift

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Eu não tinha nem fechado a porta do Fiat Uno de Caio e Mari já estava falando para o irmão:

— Caio, adivinha? Kate ganhou mais uma advertência.

Eu encolhi os ombros, batendo a porta. Evitei olhar pra frente porque sabia que ia encontrar seus olhos me repreendendo pelo retrovisor.

— Quantas já foram esse ano? Vinte? – ele perguntou com um tom indecifrável.

— Só treze, exagerado – respondi, sorrindo um pouco.

— Ainda estamos em setembro – Mari lembrou.

— Sim. Querem fazer um bolão ou algo assim? "Quantas advertências Kate ganha até se formar?".

— Imagino que vá querer que eu assine mais essa – Caio perguntou.

Eu me encolhi mais ainda no banco, constrangida por ter sempre que pedir esse favor.

— Prometo que vou me controlar – disse, realmente esperando que eu conseguisse. – Por favor, Caio.

Dessa vez estou olhando para ele pelo retrovisor. Então vejo quando ele revira os olhos, mas assente com um sorriso.

««

No caminho para casa, Caio e Mari me deixam no meu trabalho. Prato e Tambor é uma pequena loja de discos, mas bem localizada. No centro da cidade, cercada por grandes prédios comerciais, tem a localização perfeita para os trabalhadores da área pararem para tomar um café, ver um pocket show ao vivo ou, simplesmente, comprarem um presente de última hora.

Todos sempre disseram - inclusive minha supervisora, Rosângela - que a loja ia definhar aos poucos, até fechar, devido à ascensão dos compartilhamentos online e das grandes lojas que vendem de tudo... Livros, DVDs, CDs, jogos, e etc. A verdade é que eu sempre achei que a Prato e Tambor ia superar isso. Metade por sua boa localização e outra metade porque havia algo de acolhedor nela. E bom, ela estava superando.

— KATE, O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO? – Rosângela gritou de longe. – Vá já para o estoque tirar os CDs novos das caixas!

Obviamente Rosângela não está dentre as coisas acolhedoras. Sorri pra ela de onde eu estava, arrumando o TOP 10 e colocando o último CD do Maroon 5 na posição número 1. Então bati as mãos na minha calça, como se limpasse o pó, só por força do hábito e me direcionei ao estoque.

Passei por Daniel, meu colega de turno, enquanto estava subindo a escada em caracol no fundo da loja para o estoque. Estava abrindo a boca para dar-lhe boa tarde quando ele me agarrou pelo braço, dizendo:

— Kate, graças a Deus que você chegou, estou com um problema, é uma emergência...

E desandou a falar. Daniel era novo na loja e, como boa funcionária, eu o ensinei tudo que sabia. Todavia, como novo funcionário, Daniel ainda não tinha segurança sobre as tarefas que realizava e, às vezes, ainda errava. Ou, às vezes, pensava que errava. Como era o caso. O problema era seu total desequilíbrio emocional para resolver os problemas que ele mesmo criava.

— Calma, Daniel. Não tem problema nenhum. Vamos, eu vou lá embaixo com você te ajudar a resolver.

Desci as escadas de volta, com ele colado atrás de mim, dizendo um milhão de obrigadas e como eu era uma pessoa incrível. Agradeci, apesar de não concordar. Nós dois nos empoleiramos atrás do computador e eu expliquei pra ele. Daniel trabalhava basicamente com o controle do estoque e eu costumava ser a atendente. Entretanto, às vezes também precisava trabalhar no estoque, dependendo da quantidade de encomendas que chegaram. O que era o caso daquele dia.

Tiete!Onde histórias criam vida. Descubra agora