Epílogo: Uma vida feliz vocês vão ter

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4 anos e alguns meses depois

Eu saí do banheiro perfeitamente ciente de que eu estava atrasada, mas minha mãe fez questão de berrar isso no momento que eu pisei no corredor.

— Eu sei, mãe! — Eu respondi, me apressando.

Era difícil andar com salto alto! Ainda mais com pressa. Ainda mais num corredor minúsculo, onde pessoas não paravam de brotar do chão.

— Não enche o saco da menina — meu pai apareceu, passando a mão por cima do ombro dela.

Os dois não se desgrudavam nem um segundo depois que ele pediu demissão e seu chefe, horrorizado com a possibilidade de perde-lo, ofereceu um emprego na sede da empresa, no Rio de Janeiro. Agora meu pai só viajava a lazer ou, então, para ver a filha em Los Angeles. Será que isso qualificava como lazer? Provavelmente sim.

— Eu estou parecendo um saco de lixo! — Eu choraminguei.

Talvez quando eu fazia esse tipo de pirraça, mesmo com quase 23 anos, não fosse tanto lazer assim, afinal.

— Você está linda — Alexander apareceu, passando o braço por cima do meu próprio ombro. — Não estou vendo nenhum traço de saco aí.

Minha mãe deu uma pequena gargalhada e até meu pai levantou um cantinho da boca. Os dois não tinham sido muito partidários da ideia da filha se envolver com um ator e gostaram menos ainda quando descobriram que nós dois estávamos dividindo o mesmo apartamento em Los Angeles. Eu consegui esconder esse fato por 2 meses e 4 dias. Foi quando eles apareceram para me visitar pela primeira vez, completamente de surpresa, e eu não tive nem tempo de preparar o apartamento. Por sorte, Alexander estava na aula e quando chegou em casa, os gritos já tinham parado.

— Como não? — Eu respondi, esticando as mãos para mostrar minha roupa. — Preto e largo desse jeito!

Alexander baixou os olhos, percorrendo-os pelo meu corpo. Então deu um novo sorrisinho, balançou a cabeça e disse:

— Não, uh-hum. Nenhum vestígio de saco.

Meus pais riram novamente. Eu estava muito feliz de tê-los comigo nessa data especial. Eles tinham surtado durante longos dias quando eu disse que gostaria de fazer faculdade nos Estados Unidos e que, não só isso, eu também tinha sido aprovada com bolsa para a Universidade da Califórnia. Minha mãe só tinha encarado bem no ínicio porque achava que era alguma maluquice minha. Quando eu cheguei com os documentos e fatos, ela surtou. Por sorte, foi bem nessa época que meu pai foi remanejado. Ele aproveitou o momento e pediu férias. Segurou as pontas na minha casa, se convenceu de que era uma boa ideia e acabou convencendo minha mãe também. Os dois me ajudaram muito a conseguir cumprir todos os prazos do visto e da universidade.

— Fácil para você dizer! — Eu dei língua. — Você não ficou parecendo um saco na sua formatura.

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