Capítulo 32 - Um presente inesperado

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Acordei com alguém batendo na porta. Novamente aquela sensação estranha, de não entender exatamente onde eu estava me acometeu. Passou quando eu gritei entra e David entrou correndo no quarto, sorrindo de orelha a orelha.

— O Papai Noel deixou mais presentes, não falei que ele ia deixar? – ele disse, parando na beira da minha cama.

— Jura? Oba! Vai indo lá que eu te encontro lá! – Respondi, dando um sorriso de volta.

Eu comecei a me levantar e ele saiu em disparada, sem nem olhar para trás.

— Eu falei que ele ia madrugar – Alex disse. Só então reparei que ele estava parado na porta. – Mas na verdade já são quase 10 horas, então ele não madrugou realmente.

Minha primeira reação foi cobrir meu rosto. Provavelmente eu estava com a cara amassada, cabelo bagunçado e, ai, meu Deus, e se eu estivesse com baba seca colada no rosto?

— Não tem problema – eu respondi. – Já encontro vocês lá.

— Ok – ele respondeu, dando um passo para trás. – Ah, Katerine?

— Sim? – Perguntei, ainda tampando o rosto.

— Espero não ter sido inconveniente ontem à noite.

Eu esqueci de tampar o rosto, tamanha surpresa. Achei que o protocolo da manhã seria não citar o que aconteceu na noite anterior.

— Qual parte, a de me carregar escada abaixo?

— Espero que seja uma piada – ele disse, encostando-se no batente. – Essa também.

— Qual outra parte? A de você ter dito duzentas vezes que precisa me contar uma coisa e, no final, não contar nada?

— Essa – ele respondeu, encolhendo os ombros.

— É um pouco inconveniente que você não tenha contado até agora – eu respondi, virando de costas. – Agora, com licença, eu preciso me arrumar para encontrar seu irmão.

— Tudo bem – ele respondeu, dando mais um passo para trás. – Até já.

— Até, Alexander.

Eu esperei até ele fechar a porta para tirar o pijama. Claro que eu não tinha trazido outra roupa, então fui obrigada a me enfiar no vestido que vestia ontem novamente. Fiz tudo lentamente, já que estava sozinha, com meia perna e meio braço sendo totalmente inúteis. Pior, sendo pesados. Eu devo ter demorado muito mesmo, porque alguém bateu na porta de novo. Eu abri.

— Você está demorando muito! – Era David, reclamando com uma voz fofinha. – Eu estou muito curioso!

— Já estou pronta! – Eu ri. – Vamos?

— Por favor! – Ele agarrou minha mão boa e me puxou para fora.

Eu fiz o possível para acompanhar seus passos. Suas pernas eram pequenas, o que facilitava bastante, mas eu ainda era mais lenta por causa do gesso.

— David, vai machucar a Kate assim – Alex disse, quando nos viu chegar. – Ela não consegue andar tão rápido com a perna quebrada.

— Ah! – David pareceu horrorizado com a possibilidade de ter me machucado. – I'm sorry, Kate, machucou?

— Não – eu sorri. – Está tudo bem.

Mesmo assim, ele me ajudou a sentar no sofá (ou tentou), buscou almofadas e puxou o puff para eu apoiar a perna. Eu agradeci um milhão de vezes e Alex ficou rindo.

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