Capítulo 31 - Nada no mundo que começa com "preciso falar uma coisa" termina bem

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Quando você tem um prazo e não faz a menor ideia do que fazer, as horas passam mais rápido do que elas passam normalmente. Mariana e Igor saíram correndo para rua no momento seguinte que Alex passou pela porta. Claro que eles voltaram algumas horas depois, sem nada nos braços. Ficou acordado que acordaríamos cedo no dia 24 para irmos comprar presentes, mas claro que dormimos mais do que o previsto e ficamos com pouco tempo disponível.

Menos ainda, se você considerar que eu não estava me locomovendo exatamente rápido. Igor e Mari até arrumaram uma cadeira de rodas para mim na maioria das lojas que visitamos, mas eu precisava de alguém para empurrar e eles normalmente estavam ocupados demais pegando tudo da prateleira e colocando de volta, em pânico.

Eu já estava desistindo e prestes a fazer um cartão quando nós viramos em um corredor de tecnologia. Os dois passaram direto, me empurrando com velocidade. Mariana estava gritando que já era quase meio-dia e que ela precisava voltar para o hotel para SE ARRUMAR.

Mesmo com a velocidade, meus olhos captaram algo pendurado nas estantes que me chamou atenção.

— Espera! Espera! – Eu gritei. – Eu quero ver uma coisa aqui.

— Não temos tempo, Kate – Igor concordou com Mariana.

— É rapidinho – implorei.

Ele empurrou minha cadeira de volta até a sessão indicada. Eu não tinha visto errado: um pen drive de Mestre Yoda estava me encarando de volta. Ele era o último pen drive do Mestre Yoda. Pelo jeito que as prateleiras estavam vazias ao seu lado, era provável que houvesse pen drives de diversos personagens, mas todos eles já haviam sido comprados.

— Não acredito que você fez a gente voltar aqui para comprar um treco para você – Mariana reclamou.

Olhei para ela sem saber o que dizer. Será que eu estava surtando sobre o fato de Alex gostar de Star Wars? Mariana deveria saber que ele é um fã, certo? Será que estava em um dos monólogos? Mas, por outro lado, por que ele tinha mentido sobre o assunto?

— Sim, fiz mesmo – menti. – Meu próprio presente de Natal. Agora vamos?

Nós três acabamos comprando blusas para Alex. Eu, na verdade, comprei só para fazer cena. De forma nenhuma eu iria dar uma BLUSA para alguém que provavelmente tem um closet cheio delas em casa. Mesmo assim entrei na onda deles e paguei uma blusa que nunca usaria, nem daria para ele.

Talvez eu pudesse dar para outra pessoa. Quem sabe para Caio? Ah, espera. Eu odeio o Caio no momento. Às vezes era um pouco difícil lembrar desse fato. Mas, quando eu lembrava, as memórias ainda eram recentes e doloridas.

Igor foi para seu hotel e eu e Mariana nos arrumamos. Ela me ajudou a colocar sacos nos meus gessos e me ajudou também a lavar o cabelo. Eu me sentia ligeiramente incapaz com aqueles gessos, mas pelo menos ela estava sendo solícita e me ajudando em tudo que podia. Era histérica, claro, mas era boa pessoa. Sempre foi. Ela secou meus cabelos, fez minha maquiagem e me ajudou a escolher um vestido.

— Vestido, Mari? Eu não vou conseguir colocar meia de lã por baixo com esse gesso – eu disse, preocupada de congelar.

— Na casa dele com certeza tem aquecedor – ela respondeu, revirando os olhos. – No carro, idem. Você vai ficar bem.

Igor voltou vestido social, alguns segundos antes da recepção ligar avisando que tinha um carro nos esperando. Nós pegamos nossos presentes (eu peguei o verdadeiro e o falso) e descemos para encontrar o motorista. Até esse momento, não tinha verdadeira noção de para onde estávamos indo. Mari tinha alguns chutes. Eu queria avisar ao motorista que ele deveria vendar Igor e Mari para evitar que eles voltassem a esse lugar para perturbar Alex ou seja lá quem morasse lá, mas quando nós abrimos a porta de trás do carro, foi o próprio Alex que sorriu na poltrona do motorista.

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