Capítulo 45 - Insônia

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O quarto era minúsculo e a cama menor ainda. Ainda que fosse de casal, duas pessoas só caberiam ali se estivessem bem apertadas. Eu sei que Alex estava pensando o mesmo. Ele esboçou uma reação e eu levantei a mão, impedindo-o de continuar.

― Se você falar que vai dormir no chão, serei obrigada a te trancar do lado de fora.

Ele deu um sorrisinho e silenciou, sacudindo a cabeça em negação.

Eu apoiei a mochila na bancada, tentando não transparecer minha tensão completa pela ausência de roupas limpas. Se já tinha sido difícil achar uma roupa no dia anterior, hoje a dor seria idêntica – ou ainda pior.

A tensão piorou quando eu ouvi o barulho do zíper. Avisei Alex arrancando seu casaco, pelo canto do olho. Ele já estava sem sapatos e agarrava a barra da camisa como se fosse tirá-la, quando eu entrei em pânico:

― Vou tomar banho – eu disse, quase em um berro.

Enfiei-me com a mochila e tudo no banheiro, apoiando-me na porta do banheiro, do lado de dentro. Buscava retomar meu ar perdido. Liguei o chuveiro, mas ainda demorei muito para entrar na água. Fui responsável por esse desperdício. Revirei a minha mochila, mas a única peça de roupa completamente limpa que consegui localizar foi uma calcinha. Teria ficado bastante desesperada se não tivesse visto que o banheiro tinha um roupão.

Demorei muito mais do que o necessário no banho, mas não conseguia me forçar a sair e encarar a realidade. Eu não sobreviveria a mais uma noite deitada ao lado de Alex. Não superaria se ele não se aproximasse novamente. Eu não queria trazer o assunto da noite do ano novo à tona, mas eu não aguentava mais tanto tempo sem seus beijos. Eu precisava de seus beijos: na minha boca, no meu corpo e na minha alma.

Saí do banheiro enrolada no roupão. A única peça por baixo? A única que eu tinha limpa. Estava agarrada na minha mochila e nas roupas molhadas, como se elas também fizessem parte do meu vestuário.

Alex deu um pulo da cama quando me viu. Suas roupas estavam espalhadas em volta do aquecedor e o quarto estava quente e agradável. Ele estava usando a mesma calça de moletom do dia anterior e novamente sem camisa – o que era desesperado.

Ele ficou olhando enquanto eu estendia minha própria roupa molhada para secar. Eu tentei me concentrar muito na ação, mas estava absorta em meus pensamentos. Conseguia perceber seu olhar, seu perfume não tinha saído com a chuva e o quarto estava tão silencioso que eu podia ouvir até mesmo sua respiração. Eu queria tanto agarrar Alexander que chegava a doer.

― Sabe, estive pensando – eu disse, quando terminei de estender a roupa. – Já que eu sou a hóspede secreta desse quarto, eu posso dormir no chão.

― Hóspede secreta? – Ele perguntou, dando um passo para frente.

Se eu esticasse minha mão, tocaria seu torso. Era só eu esticar minha mão...

― Você sabe, nunca posso ser vista com você – eu expliquei, dando um sorriso. – Vivo na sombra de Alex Rodder.

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