Capítulo 60 - Wait for me to come home

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                Eu e a tela nos encarávamos por diversos segundos. As informações de login já estavam preenchidas e eu só precisava me convencer a apertar o botão de confirma. Eu estava tremendo. Jamais imaginaria tal reação. Aposto que Regina ficaria orgulhosa de como eu estava agindo como um ser humano normal, preocupado com suas notas.

Não eram notas normais, como as que eu não me preocupava no colégio. Era o resultado do ENEM. Aquilo basicamente definiria se eu tinha ou não chances de cursar uma faculdade e, se sim, qual.

— E aí, já viu? – minha mãe apareceu na minha porta.

— Nã-ão – desviei os olhos da tela só um segundo para encará-la. — Estou com medo.

— Filha – minha mãe riu e entrou no quarto. Sua mão tocou meu ombro. – Está com medo de quê?

— De não ser ninguém na vida – eu disse, horrorizada com a perspectiva desse ser meu resultado ao clicar.

— Uma faculdade não faz de você alguém na vida – minha mãe disse, arrastando sua mãozinha pelo meu ombro.

— Isso deveria me ajudar? – perguntei, chocada. – Porque não está ajudando.

— Filha – minha mãe riu de novo. Pelo jeito drama adolescente era sua diversão favorita. Sorte dela eu ser sua filha! Ela tinha uma fonte inesgotável. – O que eu quero dizer é que você não é melhor ou pior por ter uma faculdade, entende? – ela se agachou, para me olhar nos olhos. – O que faz você ser "alguém na vida" é quem você é, não que diplomas você possuí. Se o critério de alguém é esse, tem algo errado.

Eu pisquei, sentindo lágrimas nos cantinhos dos meus olhos. Quem eu era? Eu era alguém na vida? Eu era alguém bom? Eu queria correr em círculos. A sensação que eu tinha era que minha vida vinha fazendo isso, desde que voltei da Inglaterra.

— Se não for dessa vez, você pode tentar no ano que vem novamente – minha mãe piscou. – O mundo não vai acabar.

— Jura? – estava realmente surpresa.

— Claro. Sabemos esse ano não foi fácil para você. Eu prometo que eu e seu pai não vamos ficar chateados se tudo não correr conforme planejado – ela sorriu.

— Eu nem sei qual é o planejado – eu suspirei.

— Você quer eu fique ou prefere fazer isso sozinha?

— Fica, por favor – eu reclamei, segurando sua mão.

Nós duas seguramos o mouse e clicamos ao mesmo tempo.

                Nós duas seguramos o mouse e clicamos ao mesmo tempo

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