Capítulo 41 - Unicórnio Radioativo

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Em algum momento entre o final das escadas e o quarto de Alex, eu comecei a entrar em pânico. Provavelmente no momento em que nosso contato se encerrou para que ele abrisse a porta. O que eu estava fazendo? Beijando Alex de novo, como se da outra vez não tivesse sido simplesmente errado? E pior, aceitando segui-lo até seu quarto sendo que eu... Eu... Não posso.

Congelei no meio do corredor. Alex entrou no quarto, mas voltou alguns segundos depois, quando percebeu que eu não estava o seguindo.

— Katerine? – ele chamou, dando um passo na minha direção.

Eu levantei a cabeça para tentar encará-lo, mas baixei novamente, constrangida. Como eu poderia sequer começar a dizer os motivos que me congelavam? Não só os óbvios, que dizem respeito ao fato dele ser top das listas dos mais bonitos de Hollywood e eu não ser nem top da lista das mais bonitas do colégio (eu ouvi dizer que existe uma lista na parede do banheiro masculino. Eu também não tenho certeza se o termo utilizado é exatamente bonitas. Todavia, nunca entrei para averiguar).

— O que aconteceu? – ele perguntou. – Você está passando bem?

Fiz que não com a cabeça.

Alex se aproximou, me jogou no colo e só me soltou novamente quando me depositou suavemente em sua cama.

— Está enjoada? Precisa de água? De um remédio?

Eu continuei fazendo que não com a cabeça.

— Se você começar a fazer um daqueles seus discursos de obrigação, eu juro que vou pular da sacada lá de baixo – Alex disse. – Não é possível que você ache que eu quero... – Ele parou. Seus olhos tinham uma espécie de dor, mas também tinham uma espécie de expectativa. – Er... Não é possível.

— Não – eu consegui dizer. – Não é isso. É só que eu...

Como eu poderia dizer? Alex daria uma gargalhada na minha cara. Já conseguia ouvir o som dela.

— Eu não estou tão bêbado quanto você pensa, também – ele disse.

— Eu sei – me forcei a dizer novamente. – Não é isso. É só que eu...

— O que, Katerine? – ele sentou na cama, ao meu lado.

Era difícil dizer com ele longe, mas com ele perto parecia simplesmente impossível. Especialmente quando ele parecia muito empenhado a me fazer voltar ao plano original, beijando meus dedos de uma forma tão certo que só podia ser errada.

— Alexander – eu chamei. Ou melhor, grunhi. – Eu estou falando sério.

Seus lábios ficaram nos meus dedos, mas ele levantou os olhos para me encarar.

— Eu sou virgem – eu disse, num sussurro.

Alex, todavia, claramente ouviu. No momento seguinte ele estava do outro lado do quarto, me olhando horrorizado. Ficamos nos encarando, sem dizer nada, por um tempo que pareceu infinito – mas que provavelmente foi só alguns instantes. Eu tive vontade de engolir minhas palavras de volta, mas ao mesmo tempo, sentia que elas não foram um erro. Ele precisava saber. Não é como se ele não fosse descobrir, de qualquer maneira.

Mas quando ele me olhava daquela maneira, como se eu fosse a espécie mais esquisita que ele já tinha visto na vida, tipo um unicórnio radioativo. Eu sentia quase necessidade de pedir desculpas.

Mas foi ele que começou a pedir, agarrado na cômoda como se sua vida dependesse disso.

— Fuck, Katerine, I'm sorry. Não é para ser assim, não é mesmo? Eu não sabia... – ele soltou o móvel e deu um passo para frente. – Precisa ser lindo e memorável, não na noite do ano novo, com álcool envolvido.

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