Capítulo 29 - Filme Comentado

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Os médicos repetiram, em termos técnicos e inglês, o que Igor já tinha me dito sobre meu braço. Eles acrescentaram, ainda, a informação de que eu estava tomando uma dose muito alta de remédios para dor e anti-inflamatórios e que, por isso, era provável que eu sentisse muito sono. Que bom que era só isso, por um segundo achei que já estava sofrendo algum tipo de distúrbio.

Porque é claro que quando Alex voltou, eu estava dormindo. Mariana disse que ele só apareceu perto das dez horas da noite. Eu não sei como raios ele conseguiu permissão da equipe médica para entrar no quarto de uma doente dez horas da noite, mas acho que esse é o tipo de coisa que você consegue quando é um ator mundialmente conhecido.

A parte boa é que os médicos confirmaram quando eu acordei que eu teria alta, provavelmente logo depois do almoço. Avisaram também que não iam dar novas doses fortes dos meus remédios, então disseram que eu provavelmente começaria a sentir menos sono. Eles passaram os remédios que eu precisava comprar na farmácia, mas ressaltaram que eles não eram tão fortes e que talvez eu sentisse um pouco de dor nos primeiros dias, especialmente no braço.

— E você precisa voltar no dia 29, para analisarmos sua perna e possivelmente tirarmos o gesso – o médico explicou, em inglês. – A previsão para tirarmos o do braço é dia 20 de Janeiro.

Eu já tinha me acostumado com a ideia de ter que passar mais um mês na Inglaterra, mesmo que debilitada não pudesse fazer tudo que queria da melhor forma possível. O problema, todavia, seria ligar para MINHA MÃE e dizer que eu não estaria de volta para o Natal.

Aposto que seria possível ouvir os gritos desse lado do oceano.

Mariana já tinha colocado meus pais mais ou menos a par da situação. Eu mesma já tinha conversado com eles, mas não tinha explicado esse probleminha. O médico saiu, dizendo que voltaria mais tarde para minha alta e eu peguei meu celular, pensando em avisar minha mãe sobre o ocorrido.

Eu estava abrindo o aplicativo do Skype quando Igor entrou correndo no quarto e sentou-se na cadeira, fazendo cara de quem estava ali o tempo todo. Não passaram três segundos antes de alguém bater na porta.

— Devemos ficar preocupadas? – Mariana perguntou, olhando para ele. – Você está fugindo da polícia ou algo assim?

— Quê? Claro que não – ele respondeu. – Eu estava chegando e vi Alex chegando. Não queria que ele pensasse que eu era um péssimo amigo e não estava aqui ao lado de Kate, então saí correndo e subi pelas escadas.

— Mas Igor – disse eu. – Você é um péssimo amigo e não estava aqui ao meu lado.

— Não precisamos falar isso para ele, não é mesmo? – Ele deu um sorrisinho.

— Eu não sei o que deu errado na minha vida para eu ter vocês dois como amigos – reclamei e Mariana reclamou de volta, dizendo que isso não tinha nada a ver com ela.

Aumentei o tom de voz, para que a pessoa do outro lado da porta pudesse me ouvir (possivelmente Alex Rodder).

— Pode entrar!

Depois eu lembrei que provavelmente ele estava com o DVD do último filme de Fogo no Telhado e me arrependi de ter mandado entrar. Mas aí o leite já estava derramado e não adiantava chorar. Ele já tinha entrado no quarto e fechado a porta atrás de si. Dessa vez não parecia ter muita gente atrás dele, exceto, é claro seus seguranças.

Deve ser realmente insuportável ser famoso.

Mas deve ser ótimo ser rico, não é mesmo?

— Oi – ele disse, dando um aceno sem graça. – Como está se sentindo?

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