Capítulo 25 - Gente séria também acredita em Papai Noel

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Eu sempre achei a coisa mais chique do mundo ter alguém esperando por você na área de desembarque do aeroporto, segurando uma plaquinha com seu nome. Coisa de gente importante, não é não?

Quase dei um berro quando vi que existia alguém segurando uma plaquinha para mim. Quer dizer, para nós. A plaquinha tinha o meu nome e o de Mariana. Tive que fazer um grande esforço para não demonstrar nenhuma emoção. Afinal, eu estava na Inglaterra, terra onde todos são recatados... Não podia simplesmente sair por aí gritan...

— AI, MINHA LADY GAGA! O nome de vocês tá na plaquinha! Eu tô é me remoendo de inveja!!!! – Igor gritou, interrompendo meus pensamentos.

Não contente em apenas gritar, ele ainda começou a apontar na direção do senhor que segurava a plaquinha. Eu tentei manter a compostura, mas era difícil parecer séria arrastando um carrinho de malas com muita dificuldade (porque CLARO que Mariana jogou as dela no meu carrinho, ao invés de pegar um para ela. Ela disse que revezaríamos, mas CLARO que eu sou a única otária que está empurrando).

Conclusão, quando eu finalmente consegui chegar perto do senhor, nosso motorista, responsável por nos levar até o hotel, Mariana e Igor já tinham o convencido que ele poderia levar também Igor, apesar do nome dele não estar na placa. Afinal, ele não era o ganhador do concurso e muito menos o acompanhante. Ele era só um invasor mesmo.

Um invasor muito folgado, que estava ocupando quase dois lugares no banco de trás do nosso transfer. Era um carro espaçoso, bem daquele estilo inglês que vemos nos filmes. Quadradinho e preto. Tinha espaço suficiente para nós três e nossas malas, mas Igor estava esparramado no banco, me imprensando contra a janela.

— Você dormiu super bem no avião, minhas pernas estão dormentes até agora de tão apertado que eu fiquei – ele se justificou, esticando-se ainda mais.

Não preciso nem dizer que quando chegamos ao hotel, as MINHAS pernas que estavam dormentes. Passei a viagem inteira ouvindo Igor e Mariana discutindo com o nosso motorista sobre possíveis programas para nossos dias livres. COMO SE MARIANA JÁ NÃO TIVESSE PROGRAMADO CADA SEGUNDO COMO A LOUCA VARRIDA QUE É.

Não demorou muito para ela perguntar para o pobre senhor se ele sabia qual era a melhor forma de encontrar Alex Rodder.

— Oh – o senhor respondeu, adicionando uma pequena gargalhada ao final. – You are one of them.

Mariana fez questão de explicar que claro que ela era uma dessas e que esse era o principal motivo da nossa viagem. Ele não estava ciente que nós éramos ganhadores de um concurso. Simplesmente foi contratado pela firma para o trabalho. Mariana fez mais questão ainda de explicar tudo sobre o concurso, ESPECIALMENTE a parte sobre a minha letra de música ter sido responsável pela conquista. Como se o motorista estivesse minimamente interessado! Gente séria não tem tempo para perder com galãs de Hollywood, mesmo quando eles moram no lugar de gente séria.

Às vezes eu me questionava sobre as razões de nós duas ainda sermos amigas.

Mas aí eu olhava para o lado e via a paisagem linda da Inglaterra e minha raiva diminuía.

Mas só um pouquinho.

O senhor do transfer nos deixa na porta do nosso hotel por volta das quatro da tarde, horário local. Quando saí do carro, achei que ia morrer. Estava um frio de rachar. Antes de começar a sequer pensar em separar as malas, enfiei-me no casaco quentinho que tinha trazido na mala de mão. Mariana e Igor fizeram uma estratégia diferente: agarraram suas malas e saíram correndo para o lobby como se suas vidas dependessem disso.

Empurrei minhas malas para dentro do lobby sem muito estresse. Elas estavam pesadas e minhas mãos começavam a fazer calos, então fui com calma. Quando cheguei lá dentro, Mariana estava fazendo nosso check-in. Sentei perto das malas e comecei a procurar um sinal de wi-fi para avisar minha mãe que estava viva e salva.

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