Cap 72 - Não totalmente

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Kaylee Roy

Eu não sei o que aconteceu com ele, mas ele também está machucado, talvez até mais do que eu. Mas isso não me interessa agora. Eu só não quero desmoronar. Os tempos estão caóticos e se eu caio toda minha luta terá sido em vão, eu não vou lutar por nada.

Então eu não posso deixar que ele consumir tudo de novo. Mesmo que eu saiba o quanto isso seria fácil para uma porra.

Essa merda é culpa minha. Mesmo que eu tente culpar o RJ. Eu tive que matar aquelas duas pessoas porque fui machucada. O que elas tinham a ver?

Eu quis ser a vilã, eu me tornei na vilã.

E agora eu só quero ser poderosa o suficiente para não ter que ter medo de perder tudo de novo. Para que pessoas como ele não mandem na minha vida. Ser poderosa o bastante para ser a pessoa que faz as regras, que dá as ordens e não a marionete dessas cortes de doentes loucos fodidos.

A tatuagem que eu fiz. Demone, não inteiramente por ele. Representa o que somos, o que precisamos ser para sobreviver. Demônios. Não anjos.

— Angel, por favor. — ele dá outro passo e eu dou outro para trás, isso não destrói apenas o coração dele, esse ato me quebra de formas que fui ensinada a nunca ser.

O Ryan não é o mesmo cara orgulhoso e louco que eu vi semanas atrás. Talvez continue louco, mas agora me parece a beira de desmoronar, mas pelo jeito que ele me olha, ele espera que eu o salve. Mas eu não posso fazer isso.

Mas como eu poderia fazer isso se eu também estou à beira do abismo?

Uma queda certa me espera no final dessa luta, porque é nesse momento em eu realmente vou enfrentar as consequências de cada decisão que tomei, seja lá onde elas me levem.

— O que acontece agora? Nós vamos lá para cima e fingimos que ainda podemos com aquele teatro? — pergunto — Porque nós só estávamos fingindo esse tempo todo.

— Poderia ser verdade. — ele diz.

O que ele quer de mim porra?

— Eu consigo ver o desespero nos seus olhos. — o encaro enterrando meu receio, meus medos e tudo que faz de mim fraca pois eu sou uma fortaleza — Quer tanto se manter firme quando eu, podemos parar de fingimentos e sermos nós mesmos? Com todo nosso ódio, toda a nossa fúria, tudo que nos tornas os melhores dos piores, tudo o que nos torna ruins? Tudo o que de nos faz tóxicos um para o outro e jogar na merda as máscaras?

Eu não suporto mais não saber quem ele é. Não suporto entrar lá e esquecer do mundo. Não dá, simplesmente não dá mais para fingir.

Essa era a luta. Era contra nós mesmos esse tempo todo. Um caminho de ruínas feito por duas pessoas quebradas, qual de nós vai sobreviver?

— Eu quero o cara que não tem medo de me chamar de vadia ninfomaníaca. — eu digo — Não a mentira que nós somos quando tentamos ser bons.

— Nem tudo era mentira.

Eu sei. Mas eu quero que nada seja.

Talvez eu possa colocar o passado para trás. Mas não por uma mentira. Estou farta de segredos e traição. E ainda assim eu não quero mais nada romântico com o Ryan, as coisas ficam fodidas quando misturamos a merda toda.

— Eu também estou farto de máscaras. — ele diz — Você nem imagina o quanto, Angel.

Olho para ele um tempo antes de virar e seguir o caminho para o elevador. Sem mais máscaras de boa garota? Sem fingir mais que o suporto de verdade ou que podemos ser normais?

Bad boys - AlvorecerOnde histórias criam vida. Descubra agora