Kaylee Roy
A pior dor nem sempre é aquela que sentimos no exterior, ela as vezes vem de dentro, das nossas partes feias que as pessoas criam dentro de nós.
Acordo abruptamente com água gelada e salgada. Cada ferida no meu corpo arde, rosno cerrando os dentes.
Levanto do chão, as minhas mãos acorrentadas.
Uma luz forte encima de mim, mas todo o resto a volta de mim é escuro, como se a luz fosse feita apenas para mim.
Olho para a frente me levantando com tudo doendo. A merda de uma camera e uma tela viradas para mim, vejo a mim mesma. Vejo o Ryan com as mãos nos bolsos olhando para mim. Alguém usando uma máscara que vai até o topo do nariz recua com um balde agora vazio.
— Eu não sei se você estudou química na escola. — diz o Ryan dando um passo para frente.
Vejo pessoas a volta de mim, no escuro.
— Mas metais são bons condutores.
Olho para as correntes, elas passam por um aro de metal no teto e vão até a escuridão.
— A água pura não. — ele diz — Mas essa porra não é água pura.
— Fodidamente salgada. — rosno ainda sentindo as feridas ardendo me acostumando com a dor.
Puxo as correntes me mantendo em pé.
— Mas água com sal conduz eletricidade. — ele diz — Já foi eletrocutada, Kaylee?
O olho pela primeira vez com medo. Sim eu já fui electrecutada uma vez mas foi um acidente com pouca voltagem em um carro. E eu odiei.
— Ryan, Ryan não. — eu peço.
Ele acena com a cabeça concordando.
— De joelhos. — ele diz.
Meu coração falha. Eu tenho fome, estou fodidamente irritada, estou tremendo de frio e esse filho da puta vem com essa. Olho para a câmera e depois para as pessoas ao redor de mim.
Firmo os pés. Meu irmão não me verá vergar, agarro as correntes deixando elas percorrerem os meus braços e olho para frente, diretamente para a câmera.
O Ryan me olha com raiva e uma gota de admiração lá no fundo.
— Você ainda não aprendeu nada sobre mim? — eu digo arrogante me preparando para o pior.
Ele ergue a mão, a eletricidade percorre o meu corpo, queimando e destruindo, tremo sentindo as correntes queimar. E para. Meus pés balançam mas me seguro as correntes agora aquecidas e me posiciono de novo.
— Pode me matar. — eu rosno cerrando os dentes em seguida.
Ele faz de novo, aperto os dentes tudo em mim parecendo a ponto de explodir, me ergo de novo.
O meu corpo treme, isso é pior que as correntes com pequenas lâminas.
— Começo a ver que você aprecia o uso das correntes. — eu digo dando um sorriso mesmo com tudo doendo.
Não me atrevo a olhar minhas mãos. Tudo em mim doi e treme, me sinto queimada. A dor insuportável me atinge de novo e estremeço tremendo e gritando de dor. Lágrimas vão para os meus olhos e eu os sinto queimarem. O sal nas lágrimas. Duas lágrimas escorrem. Olho para o chão e quando a primeira atinge o chão vejo vermelho. Sangue. Lágrimas de sangue. Pisco os meus olhos e a minha visão se embaça borrada de vermelho. O mundo parece tremer quando recupero um pouco de orgulho e levanto a cabeça sentindo os braços a arderem e queimarem por causa das correntes.
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Bad boys - Alvorecer
ActionVersão 1 "Me mate me destrua, faça o que quiser mas eu não me ajoelho para ninguém." Kaylee Roy, filha de um criminoso, irmã do chefe da gangue Las Serpentes, foi torturada e colocada em abstinência da própria gangue. Era suposto ser a segunda no co...