A Noite Começa

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Após longos minutos, elas chegaram ao destino: um lugar que parecia ser uma mistura de bar e balada, mas que, no fundo, não era exatamente nenhum dos dois.

A entrada era vibrante, decorada com letreiros de neon vermelho que chamavam a atenção de longe. As portas de vidro estavam repletas de frases animadoras sobre diversão, amizade e drinks, tornando impossível ignorar a atmosfera convidativa. Juliana observou tudo com atenção, tentando lembrar se já tinha visto aquele lugar antes. Tinha quase certeza de que era novo na cidade.

Assim que se acomodaram em uma mesa iluminada por luzes suaves, Sofia chamou a garçonete que se aproximava com um sorriso simpático.

— Quero três do seu melhor drink — pediu Sofia, confiante, sem sequer consultar as amigas.

Era típico dela. Sofia sempre fazia isso: pedia o mesmo para todas, achando mais divertido experimentar algo juntas. No início, Juliana achava isso irritante, quase controladora, mas com o tempo percebeu que era a maneira de Sofia demonstrar cuidado. Uma forma carinhosa, ainda que inusitada, de se importar com ela e com Gabi.

Enquanto a garçonete anotava o pedido, Gabi, sempre atenta, aproveitou o momento para questionar Juliana:

— Você está melhor da enxaqueca, Ju? — perguntou, referindo-se à desculpa que Juliana havia usado mais cedo para quase não sair.

— Sim, tomei um remédio e descansei o resto do dia. Agora consigo até manter os olhos abertos — respondeu, com um sorriso forçado.

— Que bom! Por um momento achei que você fosse escapar da gente de novo.

— Ah, essa não era a intenção. — Mentira. Era exatamente isso que ela queria.

Sofia, porém, não deixaria Juliana escapar de uma conversa mais profunda.

— E como anda sua vida? — perguntou, com aquele tom casual, mas que escondia intenções claras.

Juliana já sabia que isso ia acontecer. Sofia nunca deixava uma simples saída ser apenas uma distração. Sempre havia perguntas, principalmente sobre sua vida amorosa. Às vezes, era engraçado. Outras vezes, só servia para fazê-la lembrar o quanto se sentia sozinha.

— Está tudo bem — respondeu Juliana, dando um gole no drink que acabara de ser servido.

— Isso é muito vago. Quero detalhes! Está saindo com alguém? Qual o nome? Idade? Como é ela?

— Não estou saindo com ninguém — respondeu, tentando manter o tom neutro.

— Então não está tudo bem. Ju, já faz cinco anos que tudo aquilo aconteceu. Achei que, nesse tempo, você teria conhecido alguém legal.

A voz de Sofia era carregada de preocupação, mas com um toque de delicadeza que sempre deixava Juliana sem palavras.

— Não preciso estar com alguém para que as coisas estejam bem. Não entendo essa sua necessidade de sempre querer me ver com outra pessoa.

— Não é uma necessidade. Só vejo que você quer isso, mas nunca tenta. Não faz sentido para mim.

Antes que o clima ficasse mais tenso, Gabi, que já tinha terminado seu drink assustadoramente rápido, interveio:

— Ai, gente, de novo esse assunto?

Sofia virou-se para Gabi, claramente frustrada.

— Você devia me apoiar aqui, Gabi. Você concorda comigo, mas sempre muda de ideia quando está perto dela!

— É que sempre caímos nesse mesmo tema quando saímos. Será que não dá para mudar um pouco? A Ju já é adulta e sabe o que fazer da vida dela.

Juliana manteve a expressão neutra, mas por dentro a frase ecoava com força. Não, ela não sabia o que fazer. Mas suas amigas não precisavam saber disso.

Respirou fundo e decidiu cortar o assunto.

— Podemos mudar de assunto, Sofie? Por favorzinho? — pediu, juntando as mãos em frente ao rosto e fazendo uma expressão fofa para aliviar o clima.

Sofia suspirou, rendida.

— Ok, vocês que sabem.

Apesar de concordar, seu tom mostrava que ela não estava nada satisfeita com o fim prematuro do interrogatório.

E assim, a noite seguiu, com conversas leves e risadas que surgiam aos poucos, conforme os drinks eram esvaziados.

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