Entrega

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Dentro do apartamento, Gabi olhou ao redor, nostálgica.

— Para quem não entrava aqui há anos, já é a segunda vez em poucos meses que você me deixa entrar. Estou me sentindo especial.

— Mas você é. — A resposta saiu sem esforço, mas carregada de sinceridade.

Gabi desviou o olhar, envergonhada, mas tentou disfarçar.

— Não estou interessada em comprar drogas, senhorita. Pare com os elogios. — Jogou-se no sofá com um sorriso desafiador.

— Não foi um elogio. Foi uma constatação. — Juliana respondeu enquanto remexia os armários em busca da prometida pipoca.

— Tudo bem aí? — Gabi perguntou, vendo-a sumir na cozinha.

— Você já deve ter percebido que eu não recebo muitas visitas. Isso complica as coisas às vezes. — Juliana surgiu com um pacote na mão, o rosto estampando um pedido silencioso de desculpas.

— Algo deu errado, hein? — brincou Gabi, aproximando-se do balcão.

— Achei a pipoca, mas... — Juliana olhou atentamente para a embalagem. — Expirou no ano passado.

Gabi gargalhou, a risada ecoando pelo pequeno espaço e enchendo o ambiente com uma leveza que Juliana não sentia havia anos.

— Podemos pedir algo, se quiser.

— Relaxa, Ju. Tá tudo bem.

Enquanto Gabi voltava ao sofá, Juliana se pegou observando-a. A curta distância entre a cozinha e o sofá parecia se estender em câmera lenta. Cada movimento de Gabi parecia ensaiado, gracioso, quase hipnotizante.

"Nunca pensei que iria querer tanto beijar você como quero agora."

A lembrança daquele momento invadiu sua mente, aquecendo-a.

— Tudo certo, Ju? — Gabi perguntou, percebendo o olhar distante de Juliana.

— Tudo. Quer dizer... — Juliana hesitou, o coração disparado.

— O que foi? — Gabi se aproximou, a preocupação suavizando sua expressão.

Juliana ergueu a mão, segurando-a pela cintura e puxando-a suavemente para perto.

— Nunca pensei que iria querer beijar tanto você como quero agora.

As palavras saíram antes que ela pudesse refreá-las. Gabi mal teve tempo de reagir antes de sentir os lábios de Juliana encontrarem os seus, doces, quentes, urgentes.

As mãos de Gabi deslizaram pela nuca de Juliana, um gesto de carinho que ela nem sabia o quanto precisava. As de Juliana, por sua vez, apertavam Gabi contra si, como se quisesse fundir os dois corpos em um só. O beijo era lento, explorador, mas carregava uma intensidade que fazia o ar ao redor parecer vibrar.

Sem perceber, foram se movendo na direção do quarto. Gabi empurrou Juliana suavemente para a cama, encarando-a por um instante. O olhar dizia tudo o que palavras não precisavam dizer.

Juliana a puxou pela cintura, observando-a tirar a blusa. Gabi revelou um corpo que Juliana nunca ousou imaginar, mas que agora parecia uma obra de arte viva. Cada curva, cada detalhe, era uma descoberta fascinante.

— Você é linda. — Juliana sussurrou, o tom carregado de admiração.

Gabi inclinou-se, respondendo com um beijo no pescoço de Juliana, que estremeceu com o toque. O nervosismo começou a tomar conta, mas Gabi segurou seu rosto, acariciando-o.

— Tá tudo bem. Eu tô aqui.

As palavras de Gabi foram como um antídoto para os temores de Juliana. Ela sorriu e, com um gesto decidido, deitou Gabi na cama. Sua boca explorava cada centímetro de pele, enquanto suas mãos seguiam caminhos desenhados pelo desejo.

Gabi respondeu a cada toque com gemidos baixos, quase inaudíveis, mas que incendiaram Juliana por dentro. Quando Gabi retirou a camisa vermelha de Juliana, um sorriso iluminou seu rosto.

— Você é tão linda... — sussurrou Gabi. — Tão linda.

O resto da noite foi um turbilhão de sensações e descobertas, um encontro de almas que ansiavam por conexão. E, pela primeira vez em muito tempo, Juliana sentiu que o mundo lá fora podia esperar. Aqui, neste instante, tudo fazia sentido.

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