Angelina
Sinto minha cabeça girar, como se estivesse prestes a desmaiar, em razão do que acabei de ver. Desejo apenas acordar e descobrir que tudo não passou de um péssimo pesadelo, ou bater a minha cabeça em algum lugar para não ter que lembrar de nada. A mulher, com a ambição transparecendo em seus olhos, completamente alterada pela frustração de não ter conseguido o que desejava, não é a minha mãe. Conheço muito bem a mulher que me criou, e essa não é ela. Apesar de ter presenciado tudo, me recuso a acreditar que minha mãe seria capaz de dar o golpe da barriga. Nos seus olhos, percebi o quanto a ambição a dominava, como nunca tinha visto antes. Já estou habituada a lidar com as adversidades que surgiram em minha vida recentemente, mas não consigo aceitar que minha mãe não seja quem eu sempre pensei que fosse. Reconheço que não sou um padrão de virtudes para julgar, que cometi muitos erros ao longo desse tempo, mas simplesmente não consigo aceitar tudo isso. Após descer pelas escadas, e seguir em direção a saída do hotel, sinto ser puxada por alguém, o que me faz acordar para a realidade e perceber que é Caio. Ele abre a porta do carro, e entra comigo.
— Me desculpa — digo entre lágrimas _ Aquela não é a minha mãe. Eu tenho certeza que a minha mãe não faria aquilo — digo, não querendo aceitar e deixando a lagrimando rolar.
— Você não tem porque pedir desculpas — diz enquanto acaricia o meu rosto — Você não tem culpa de nada. — tenta me tranquilizar, olhando em meus olhos — Infelizmente aquela é a sua mãe, só que você ainda não a conhecia. — diz enquanto flutuo em meus pensamentos — Sinto muito por isso.
— Eu preciso de um tempo — digo completamente confusa — Eu não consigo continuar no mesmo ambiente que ela. — Eu sei que ela é minha mãe, e que precisa de mim, mas antes preciso pensar e tentar entender o porquê ela fez isso, ou então, irei enlouquecer com tantas informações ao mesmo tempo.
— Vem morar comigo — pede — Eu prometo cuidar de você, e não deixar que nada de ruim te aconteça — Talvez seja uma grande loucura aceitar esse pedido de Caio, mas preciso colocar a minha cabeça no lugar. E como provavelmente minha mãe irá para a casa da avó Antônia, resolvo aceitar o seu pedido.
— Me espera aqui. Eu vou pegar as minhas coisas. — digo fazendo ele concordar com a cabeça, e logo saio do Carro. Vou em direção ao elevador, e rapidamente subo.
— Onde você foi? — minha mãe pergunta ao me ver entrar — Arrume as suas coisas que nós iremos morar com o Jonas — travo, ao ouvi-la falar.
— Está se referindo aquele homem? - pergunto e ela apenas concorda com a cabeça — Eu jamais vou morar debaixo do mesmo teto que ele. — digo fazendo minha mãe revirar os seus olhos sem paciência.
— Deixa de imaturidade que você não tem outra opção igual a mim. — fala em um tom sério — Agora vai arrumar as suas coisas que ele está nos esperando lá embaixo.
— Eu não vou — falo, mostrando seriedade — Eu vou morar em outro lugar, e não vai ser com vocês.
— Você não pode voltar a morar com a tia Antônia. Ela não pode nem sonhar com o que aconteceu. — diz aparentemente preocupada
— Tem medo que ela descubra quem a senhora é de verdade? — pergunto a deixando sem jeito — Não se preocupe, eu não irei para lá — falo e entro no quarto, fazendo minha mãe vir atrás de mim.
— E para onde você vai? — pergunta curiosa.
— Não importa. — falo, e pego uma das poucas roupas que tenho e guardo na mala — Mas eu não vou morar com a senhora e com aquele homem, não depois do que tentaram fazer.
— Tudo o que eu fiz foi para o nosso bem. — fala sem nem um pingo de arrependimento — E faria tudo de novo, para que vivêssemos bem. — diz me deixando decepcionada ainda mais —Caio não é nem um santo para que você esteja do lado dele.
— E quem falou que eu estou do lado dele? — viro após perguntar — Só não acho certo o que a senhora estava querendo fazer.
— Você não precisa dizer algo que está tão explícito em sua cara. — fala, me encarando — Mas cuidado, Caio não é o que aparenta ser. Se você soubesse o que ele fez para chegar aonde está, com certeza mudaria de lado, e me apoiaria como deve ser.
— Então me diga, o que ele fez para chegar aonde está? — pergunto ao me levantar
— Todo esse dinheiro, toda a sua fortuna era da mulher que hoje se encontra debaixo da terra, graças a ele — revela, me deixando abismada do que é capaz.
— Está dizendo que Caio matou alguém para ser bem de vida?
— Isso mesmo. — confirma
— Pare de inventar as coisas, mãe. Chega de tantas mentiras. Eu-eu não conheço Caio, mas acredito que ele não seria capaz disso. — ela rir com um deboche no olhar
— Isso é o que você pensa. Dá uma pesquisada, você irá encontrar tudo o que estou falando. — diz com bastante firmeza, mas resolvo não dar importância.
— Eu vou indo. A senhora tem o meu número caso precise falar comigo. — Com minha mala em mãos, saio do quarto. Ao me aproximar da porta da sala, dou de cara com Jonas, o amante de minha mãe à sua espera. O ignoro, e sigo o meu caminho em direção ao elevador. Com dor em meu coração, por nunca ter deixado a minha mãe em nem um momento de minha vida, sigo com lágrimas em meus olhos por tudo que está acontecendo.
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Minha Obsessão
Roman d'amourAngelina Rodriguez, uma jovem portuguesa de apenas 18 anos que se encontra perdida ao lado de sua mãe após o falecimento de seu pai. Sem condições de manter sua tão sonhada faculdade, Angelina vai a procura por um emprego na intenção de se sustentar...