Capitulo 79

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Angelina

Dói, dói profundamente o que estou passando e, principalmente, o que estou descobrindo da pessoa que mais amo. Sinto como se nada disso fosse real, que logo irei acordar desse pesadelo e ver que a minha mãe continua sendo a pessoa que sempre achei que fosse: uma companheira cheia de princípios e, principalmente, leal a todos ao seu redor. Nunca passou pela minha cabeça que algum dia eu iria viver longe dela. E hoje é o que eu mais preciso: me distanciar para acalmar a minha cabeça e o meu coração. Com minha cabeça encostada no peitoral de Caio, dentro do carro, sigo com ele em direção à sua casa, sem nos importar com os olhares curiosos do motorista, que provavelmente não está entendendo nada dessa cena. Com os meus pensamentos longe, percebo o carro ser estacionado e, de imediato, o motorista abre a porta para que possamos sair. Caio sai primeiro e, em seguida, me ajuda a sair. Apesar de não ter acreditado nas palavras de minha mãe, o que ela disse sobre como Caio adquiriu sua fortuna acabou perturbando minha cabeça. Ela falou com tanta certeza que meus pensamentos não pararam um minuto de me atormentar. Entro com Caio e subimos em direção ao seu quarto principal, que fica localizado no último andar.

— Você apareceu no hotel de repente  — comento enquanto entro em seu quarto — O que foi fazer lá? — pergunto, fazendo ele fechar a porta do quarto, e me encarar, após virar.

— Fui confirmar o que eu já imaginava. — diz, me deixando confusa — Você não sabe, mas..eu deixei um dos meus homens vigiando a sua mãe. — revela — Eu precisava saber quem era o homem com quem ela estava no coquetel. E para a minha surpresa, era a pessoa que no passado também tentou me passar a perna. — fala, e percebo o seu alívio — Mas graças a você, eu confirmei o que já desconfiava. — forço um sorriso ao ouvir suas palavras. Acabo não aguentando mais, e resolvo perguntar o que minha mãe contou, já que desde então isso não sai da minha cabeça.

— Sei que nós não estamos nos nossos melhores momentos. Mas eu preciso que você me responda algo — digo, fazendo-o ficar atento. — Minha mãe me contou que tudo que você tem hoje em dia foi graças a uma mulher que, hoje, não está mais entre nós. Sei que essa pergunta pode ser uma grande loucura, mas...

— O que a sua mãe contou é verdade. — confirma, me deixando perplexa — Mas não foi do jeito que todos pensam ou falam, isso eu posso garantir a você. — me diz, mostrando preocupação com a minha reação

— Você a matou? — pergunto, com medo da sua resposta.

— Nao — responde, me deixando aliviada enquanto se aproxima de mim — Eu posso ter sido tudo antes de ter conhecido você, menos um assassino, isso eu lhe garanto. — diz olhando em meus olhos

— Quem era essa mulher? — pergunto curiosa, fazendo ele ficar sem jeito.

— Alguém que me ajudou no passado, quando cheguei à cidade. — ele responde, respirando fundo, e percebo que há mais a ser revelado — Quando pisei em Portugal, senti-me totalmente desorientado. Jamais cogitei que as dificuldades seriam tantas. — diz, refletindo profundamente — Vim para estudar e construir um futuro, já que no Brasil não tive essa chance, mas nada aconteceu como eu esperava. — ele faz uma pausa antes de prosseguir — E foi então que apareceu Clarisse na minha vida, a mulher que me deixou tudo isso. Fiquei encantado com a forma luxuosa como ela levava a vida. — ele se perde em suas recordações enquanto fala — Em pouco tempo, decidimos viver juntos. Ela, sendo bastante mais velha que eu e sem filhos, transferiu todos os seus bens para o meu nome com medo que o pior acontecesse, era como se ela já soubesse que algo ia acontecer. E, pouco depois, encontrei-a morta na nossa antiga casa — ele engole em seco, como se as palavras estivessem pesadas — O que para mim foi tudo, para ela o dinheiro já não tinha mais valor algum. E por isso, todos os seus conhecidos, me colocaram atrás das grades alegando ser o assassino, inclusive Anita.

— Anita? — pergunto surpresa

— Sim. Elas eram melhores amigas de muitos anos. — revela me deixando surpresa — Mas o tempo me ajudou a provar que todos estavam errados, e eu fui inocentado, meses depois.

— E o que realmente aconteceu com ela? —pergunto, e percebo que essa pergunta o deixou bastante desconfortável.

— Ela tirou a sua própria vida. — diz e percebo os seus olhos ficarem avermelhados — Eu juro que não percebi nada de errado com ela, caso ao contrário, teria ajudado sem nem pensar duas vezes — ele fala meio desesperado, mas logo se recompõe — E mesmo com todas as provas os seus conhecidos continuam achando que eu sou o verdadeiro culpado de tudo, justamente por ter ficado com toda a sua herança e a sua empresa. Eu não nego ter me aproximado dela devido aos seus luxos e  benefícios, que poderia me dar. Mas nunca desejei a sua morte, ela foi a única que me estendeu a mão quando mais precisei. — Por meio do que ele disse, percebo a honestidade em cada uma de suas palavras. Sem dúvida, estou assombrada com tudo que me revelou, mas tenho plena certeza de que ele jamais faria algo assim. Apesar de não o conhecer bem naquela época, tenho uma confiança absoluta nele.

— Eu acredito em você. Sei que jamais chegaria a esse ponto. — ele concorda com a cabeça, como se estivesse aliviado por eu ter acreditado nele. —Você não é um assassino — afirmo ao me aproximar e perceber ele apreensivo — Você é o homem que eu sempre desejei. E nada, e nem ninguém vai me fazer mudar de ideia.  — Colo os meus lábios aos dele, e o beijo para tranquiliza-lo.

— Você é tudo que eu tenho, Angel, tudo. — deixo escapar um sorriso, e volto a beija-lo, completamente apaixonada e feliz por estar ao seu lado.

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