Minha chegada em Asgard já era esperada. Ao adentrar fui logo encaminhado para a sala do trono de Odin. Fiz minha entrada de forma solene. Não me arrependia de nada do que havia feito em Midgard, então não tinha porque parecer culpado.
- Loki - chamou Frigga quando cheguei diante de Odin.
- Olá, mãe - respondi. - Eu a deixei orgulhosa? - perguntei com ironia.
- Por favor, não piore as coisas - murmurou Frigga.
- Defina "pior" - retruquei arqueando as sobrancelhas.
- Basta! Eu quero falar com o prisioneiro sozinho - ordenou Odin.
Frigga se retirou me deixando a sós com Odin. Aproximei-me e o saldei com escárnio, imitando um soldado. Mal contive o riso. Era tudo muito exagerado.
- Eu realmente não vejo a necessidade de todo esse alarido - falei rindo com sarcasmo.
- Você realmente não vê a gravidade de seus crimes? - perguntou Odin. - Onde quer que vá há guerra, ruína e morte - dizia com imponência.
- Eu fui a Midgard para governar o povo da Terra como um deus benevolente - fiz uma pausa. - Assim como você - falei com ironia.
- Não somos deuses. Nós nascemos, vivemos, morremos. Tal como os humanos - lembrou Odin.
- Com uns cinco mil anos de diferença - rebati.
A comparação era ridícula.
- Tudo isso porque Loki deseja um trono - falou Odin.
- É meu direito de nascença - retruquei.
- Seu direito de nascença era ter morrido! - gritou. - Ainda criança... Jogado de uma rocha congelada - foi incisivo. - Se eu não o tivesse lhe acolhido, você não estaria aqui agora para me odiar - falou calmamente.
- Se estou aqui para o machado, então por misericórdia, use-o. Não que eu não ame nossas pequenas conversas, é que apenas... - fiz uma pausa procurando as palavas - Eu não as amo - falei por fim.
- Frigga é o único motivo de você estar vivo e você nunca mais a verá. Você passará o resto de seus dias nas masmorras - sentenciou Odin.
- E quanto a Thor? Fará daquele imbecil rei enquanto apodreço acorrentado?
- Thor deve empenhar-se para reparar o dano que você causou. Ele trará ordem aos Nove Reinos e... Então, sim, ele será rei - declarou Odin com um prazer sonoro.
Aquilo era um acinte. No final o incapaz do Thor seria rei.Depois de minha sentença fui conduzido ao meu novo "lar". Minha estada na prisão estava longe de ser agradável. Só não era mais lamentável, pois eu dispunha de uma cela só minha. Não que isso fosse surpresa, afinal, sou um príncipe e não ficaria com os demais prisioneiros de Asgard.
Tudo parecia fadado à monotonia, mas um dia depois de chegar à prisão, outra pessoa foi enviada para ser minha nova companhia nas masmorras, Aredhel. E pelo jeito ela havia conseguido as mesmas regalias: teria uma cela só para si.
Aredhel entrou em sua cela e saiu explorando o que tinha no local. Depois ela se aproximou de uma mesinha e começou a folhear um dos livros que estavam lá.
- Duvido que consiga ler o que está escrito - falei com escárnio.
Ela ergueu a cabeça e fitou-me, estreitando os olhos.
- Então a traidora não conseguiu enganar o Pai de Todos e ser declarada inocente? - perguntei com ironia.
- Acho que só consigo enganar os filhos - respondeu dando um sorriso torto.
Era muita audácia!
- Você nunca me enganou! Você tentou me manipular! Sempre soube que escondia o que realmente sabia! - vociferei.
- Realmente - meneou a cabeça despreocupadamente. - Eu não consegui enganá-lo. Não consegui convencê-lo a mudar de ideia, por isso estamos os dois presos - retrucou voltando a me encarar.
- Oh, quer que eu lamente por você sua mulher estúpida? Por acaso quer que eu sinta pena de você? - perguntei com sarcasmo.
- Não. O máximo que tempo que passarei presa aqui será algumas décadas. Você tem milênios pela frente. Sua pena é maior. Eu que lamento por você - respondeu exibindo um sorriso irônico.
Bufei. Parecia que Aredhel possuía prazer em me irritar. Era atrevida e sempre tinha uma resposta pronta. Tinha a mania de ousar me enfrentar.
- O que ainda não compreendi é porque decidiu ficar ao meu lado, se desde o início sabia que eu seria derrotado. Você não viu isso em seu próprio futuro? Ou será que você é burra ou suicida? - perguntei.
Ela sentou-se no chão e olhou-me.
- Eu não consigo ver meu próprio futuro - meneou a cabeça e sorriu de novo. - E ainda que você não acredite, o que falei no seu esconderijo é verdade - baixou os olhos e fitou o chão. - Eu simpatizei com você, identifiquei-me com sua história. Como já havia dito eu também tenho um irmão e nosso relacionamento é tão confuso quanto o seu com Thor - fez um muxoxo.
Eu a fiquei observando e parecia ser sincera. Resolvi ouvir o resto da história, afinal não tinha nada melhor para fazer no momento. Sentei-me no chão e esperei que continuasse.
- Eu não falo muito com meu pai - ficou séria. - Nossos diálogos são sempre difíceis. Ele vive me comparando ao meu irmão ou me culpando por algo - ergueu os ombros, mas parecia triste. - Minha mãe é diferente. Nunca senti diferença entre o amor que ela dava ao meu irmão e a mim. Sei que Frigga é assim em relação a você.
Se o que ela dizia era verdade, talvez tivéssemos algo em comum. Realmente Frigga nunca me tratara de maneira diferente.
- Odin não faz ideia do erro que está a ponto de cometer. Thor é estúpido. Não serve para ser rei. É arrogante. Imprudente. Pude ver isso quando invadiu Jotunheim - falei com amargura.
- Você falando em arrogância? - riu. - Eu concordo em parte com você. Admito que, ainda hoje, mesmo tendo mudado e se tornado menos arrogante, ele ainda não tem condições de governar. Na verdade, ele parece nem desejar isso e... - pareceu exitar e ficou pensativa. - Mas lembre-se que foi você que o induziu a ir até Jotunheim - continuou. - No entanto, se Thor não tivesse sido banido, ele não teria amadurecido. Ele não seria o que é hoje. Pelo menos isso Odin deveria reconhecer - arqueou as sobrancelhas.
- Você sabe disso também? - surpreendi-me. Já havia esquecido que ela sabia sobre meu passado. - E vê algo positivo no que fiz? - perguntei ironicamente.
- Você pode não ter tido a intenção, mas no fim fez algo de bom. Mesmo sem querer... - encarou-me. - Sei que você no fundo ama Thor, assim como eu amo meu irmão. E sei que você também ama Odin, só não quer admitir. Você se revolta com a forma como foi tratado, porque no fundo se importa e isso te afeta. Se realmente não se importasse com o que ele sente por você, você não sentiria tanto ódio.
Trinquei os destes. Detestava a maneira como ela falava de mim. A segurança dela em descrever como eu me sentia, fazia meu sangue ferver. Insolente! Quem ela pensava que era?
- Quando nós dois aceitarmos que - ela continuou -, mesmo que tentemos ser merecedores, eles nunca nos amarão da mesma forma que amam nossos irmãos, nós encontraremos paz. Temos que aceitar que nossos pais apenas nos amam do jeito deles, mas nunca igual - concluiu.
Revirei os olhos. A mesma conversa sentimentalista.
- Enquanto esse dia não chegar, eu vou continuar remoendo as minhas mágoas também - deu um sorriso irônico.
- Eu desejo o trono. Ele me pertence por direito. Eu nasci para ser rei - retruquei.
- Você mesmo disse ao Thor "Eu nunca quis o trono, eu apenas queria ser seu igual" - rebateu sorrindo.
Eu deixei escapar um sorriso. Ela realmente sabia muita coisa sobre meu passado e usava isso contra mim sempre que podia. Isso era irritante. Mas aquela conversa melodramática havia me cansado. Levantei-me, peguei um dos meus livros e fui ler. Era tudo o que eu podia fazer naquela prisão.Eu não voltaria a ver Frigga novamente, mas ela ainda podia me "visitar" através de projeções. Ainda assim, não era sempre que ela vinha me "ver". A primeira vez que veio foi para saber se eu havia gostado do que tinha conseguido para mim.
- Pelo menos você tem uma cela somente para você - comentou Frigga.
- Como príncipe, era o mínimo que eu esperava - falei com amargura.
- Pense que poderia ter sido pior, meu filho. Você poderia ter sido condenado à morte - tentou argumentar.
Bufei irritado. Frigga falava como se ficar preso pelo resto da vida fosse muito diferente de ser condenado à morte.
- Pelo menos alguém está aproveitando sem queixas os livros que mandei - comentou olhando para a cela de Aredhel.
Aredhel estava mais uma vez sentada, agarrada a um dos livros, tentando decifrá-los.
- Ah... Pois saiba que ela não sabe ler nosso idioma. Então todos os dias tenho que suportar suas perguntas irritantes. Sempre tem alguma runa ou palavra que ela não sabe e me pergunta. Aliás, foi ideia sua a proximidade da cela dela? - perguntei com ironia.
- Pensei que gostaria de ter alguém para conversar. Ela simpatizou tanto com você - comentou.
- Quem disse que eu queria companhia? E qual o motivo dela também ter regalias? - perguntei meio irritado.
- Intercedi por ela, pelo que fez por você - murmurou Frigga.
- Fez por mim? Ela me traiu! - retruquei entredentes. - Ela, no final, ajudou os amigos de Thor. Na verdade ainda não entendi o motivo de Odin para tê-la condenado.
- Ela disse que escolheu ficar do seu lado porque temia que o matassem. Seu pai a condenou, pois ela preferiu salvar a sua vida a salvar a de centenas de humanos. Ele disse que ela havia usado sua vidência para manipular a situação a favor dos interesses dela, os quais eram lhe poupar. E, por saber o que aconteceria, ela era tão responsável pelas mortes deles quanto você - falou meio triste. - Cada pequena coisa que fez, ela fez por você - franziu a testa com uma expressão de compaixão.
- Fez porque quis. A escolha de se aliar a mim foi dela. Eu não pedi que me ajudasse. Eu realmente não entendo o que se passa na cabeça dessa mulher - rebati com frieza.
Frigga olhou-me com tristeza.
- Talvez nem ela tenha entendido o real motivo pelo que fez isso - comentou pensativa.
- O que você quer dizer? - perguntei.
- Nada meu filho - fez uma pausa. - Eu tenho que ir. Em breve lhe enviarei novos livros.
Frigga deu um sorriso tímido e a ilusão se desfez. Voltei a ficar solitário em minha cela. Olhei para a cela da frente e Aredhel continuava concentrada no livro.
- Acho que nunca vou entender essa mulher... - murmurei.
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A mulher do meu destino (Loki e Tom Hiddleston Fanfiction)
FanfictionLoki acaba de chegar a Midgard e minutos depois surge uma estranha mulher através de um novo portal. Esta mulher diz que pode ver o futuro e diz que pode ajudá-lo. Quem é essa mulher? Qual será o destino de Loki? Escrita em 2014 e sendo revisada.