7 - Minha vida, meus mortos, meus caminhos tortos

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Fiquei tão absorto em meus pensamentos e em meu luto que demorei a perceber que a cela de Aredhel estava vazia novamente. Não conseguia imaginar para onde a levaram e nem o porquê. Nada me importava no momento. A única coisa que ainda havia feito foi manter uma ilusão para mascarar minha dor e minha deplorável situação.
    No dia seguinte vi Thor entrar nas masmorras e vir em direção da minha cela. Parecia que finalmente ele tinha se lembrado de mim. Através de minha ilusão o enfrentei.
    - Thor... Depois de todo esse tempo, agora você vem me visitar? - fui cáustico. - Por quê? Veio se regojizar? Zombar? - questionei.
    - Loki, chega. Sem mais ilusões - falou Thor.
    Desfiz a ilusão.
    - Agora você pode me ver, irmão.
    Ele se aproximou da lateral de minha cela.
    - Ela sofreu? - perguntei.
    - Eu não vim aqui para compartilhar nossa dor. Em vez disso, eu lhe ofereço a possibilidade de um acordo interessante.
    - Continue - falei com curiosidade.
    - Eu sei que você busca vingança tanto quanto eu. Você me ajuda a escapar Asgard e vou lhe conceder vingança. E depois, você retorna a esta cela - explicou Thor.
    Eu ri. Aquela proposta chegava a ser irônica. Ele realmente estava me pedindo ajuda? Ainda confiava em mim?
    - Você deve estar realmente desesperado para vir a mim para pedir ajuda. O que faz você pensar que você pode confiar em mim? - inquiri.
    - Eu não. Nossa mãe confiava. Você deve saber que quando lutamos um contra o outro, no passado, eu fiz isso com o vislumbre de esperança que meu irmão ainda estava aí, em algum lugar. Essa esperança já não existe para protegê-lo. Se você me trair, eu vou te matar - retrucou Thor.
    De certa forma o que Thor falara me abalou. Ele não tinha mais esperanças ao meu respeito, mas Frigga realmente confiava em mim, mesmo depois de tudo que fiz? Era a minha chance de vingá-la e quem sabe... Deixar aquela prisão de modo definitivo.
    - Quando começamos? - perguntei em meio a um sorriso.

    Em seguida Thor me retirou da cela. Eu não podia perder a oportunidade de ironizar sobre aquela situação. Aquilo era tão diferente dele. Algo clandestino. Ele que sempre fora impulsivo, chamativo. Agora fugia sorrateiramente? Comecei a trocar minha aparência brincando com Thor. Primeiro para um guarda, depois mudei a aparência de Thor para Sif. Por fim mudei minha aparência para um dos companheiros de Thor, Capitão América.
    - Oh, esse é muito melhor. Uau! - ironizava. - A roupa é um pouco exagerada. Tão apertada. Mas a confiança... Eu posso sentir o surgimento do sentimento de justiça. Ei, você quer ter uma conversa empolgante sobre a verdade, honra e patriotismo? Deus salve a América...
    Thor me agarrou tapando minha boca e me empurrando contra uma pilastra. Thor me indicou com a cabeça os dois guardas que estavam passando ali perto.
    - Você poderia pelo menos me fornecer uma arma. Uma adaga, alguma coisa! - pedi.
    Pensei que ele me entregaria uma espada ou adaga, mas ele me enganara. Ele colocara uma algema em minhas mãos.
    - Achei que você gostava de truques - riu cinicamente para mim.

    Na saída da masmorra, tive uma surpresa. Parada no corredor, estava Aredhel.
    - Pronto. Vamos esperar... Sif deve estar chegando - Thor esfregou as mãos uma na outra.
    Ignorei Thor e encarei Aredhel.
    - Ah, então era aqui que estava - comentei em um esgar. - Foi por isso que não estava mais em sua cela? Porque a tiraram de lá? - perguntei curioso.
    - Odin me fez uma proposta - ela deu um sorriso cínico. - Disse que me daria a liberdade se eu o ajudasse prevendo o ataque que os elfos-negros fariam a Asgard - arqueou as sobrancelhas despreocupadamente.
    - Ah.. E você prontamente aceitou. Afinal é vidente muito prestativa - comentei com sarcasmo.
    - Sim, mas aceitei para ajudar Thor - ficou séria. - Tive que mentir para Odin - disse baixando a cabeça.
    - Oh! Imagino o quanto deve ter sido difícil para você mentir - provoquei. - Logo você que nunca mente - fui irônico.
    Aredhel deixou escapar um suspiro de impaciência.
    - Você pode tentar, mas não vai me irritar - revirou os olhos. - O que importa é que farei o que for preciso para ajudar Asgard. Então irei com vocês - ergueu os ombros.
    - O quê? Ela vai conosco? - perguntei a Thor, meio chocado.
    - Ela se ofereceu para ajudar e toda ajuda é bem-vinda - respondeu Thor dando de ombros.
    - Mas ela é uma humana, não possui treino e tampouco sabe algo de magia - retruquei. - Só vai nos atrapalhar!
    - Atrapalhar? - ela deu um sorriso condescendente. - Quem é a única pessoa que pode ver tudo o que vai acontecer? - falou com a voz suave e levantou uma das mãos.
    - Sabendo ou não, ainda assim pode ser morta - encarei-a. - Não é você que não pode ver o próprio futuro?
    Ela ficou séria e crispou os lábios.
    - E você se importa? - retrucou.
    Dei um suspiro irritado.
    - Suicida e burra... - resmunguei.
    - Basta vocês dois! - rosnou Thor. - Vamos repassar o que combinamos.
    Thor explicou o plano que executaríamos ao chegar a Svartalfheim. Eu e Aredhel fingiríamos trair Thor com a ajuda de uma das minhas ilusões. E que quando Malekith retirasse o Aether de Jane, ele iria destruí-lo.
    - Você acha que consegue de encenar tudo isso? - perguntou Thor a Aredhel. - Tem que ser convincente.
    - Acredito que sim - respondeu Aredhel com convicção.
    - Será? Fazer papel de má não é a sua especialidade. Se fosse papel de mocinha... - falei sarcasticamente.
    Aredhel me arremedou e bufou. Neste instante, vimos Sif entrar no fim do corredor acompanhando Jane. Thor virou-se para vê-las, nesse momento Aredhel agarrou meu braço e puxou-me para baixo.
    - Sei de seu plano e desta vez irei apoiá-lo até o fim - sussurrou em meu ouvido.
    Fiquei confuso e surpreso.
    - O quê? - perguntei quase inaudível.
    - Você verá - ela apenas moveu os lábios.
    Thor nos olhou por um tempo, meio desconfiado e depois se voltou novamente para as duas que chegavam. Perguntei-me o que ela queria dizer com aquilo.
    - Como está seu rosto hoje? - Aredhel perguntou meio rindo.
    - Do que você está falando? - rebati.
    - Nada... - riu mais.
    - Mulher louca...
    Quando Jane e Sif chegaram, a amada de Thor pareceu surpresa ao me ver.
    - Você?
    - Sou o Loki, você deve saber quem...
    Ela nem me deixou me apresentar. Deu-me uma sonora bofetada. Aredhel deixou escapar um riso baixo. E na hora entendi a pergunta esquisita dela. Tudo fez sentido.
    - Isso é por New York - rosnou Jane.
    - Eu gostei dela... - ironizei em direção a Thor.
    Inclinei-me na direção de Aredhel.
    - Você sabia disso... - sibilei para ela.
    O sorriso cínico que ela estampava no rosto se intensificou. Um grupo de guardas adentrou no salão, Sif mandou-nos seguir, mas não antes de me ameaçar de morte caso eu traísse Thor.
    Seguimos em direção ao salão do trono de Odin. Chegando lá Volstagg já nos aguardava. Ele falou que nos daria o máximo de tempo possível para nossa fuga. Dessa vez foi Volstagg que me ameaçou.
    - Se você, pelo menos, pensar em traí-lo.. - começou Volstagg.
    - Você vai me matar? Evidentemente terá uma fila - falei com ironia o interrompendo.
    Chegamos à aeronave. Ficou evidente que Thor não fazia ideia de como pilotar aquilo. Comecei a apressá-lo, mas Thor, com sua ignorância, só sabia esmurrar os botões. Mesmo com sua "sutileza" ele conseguiu ligar a máquina. Ligar não significava saber pilotar. O estrago já havia sido grande no salão do trono, mas Thor conseguiu piorar a situação com suas habilidades de manobras. Thor ficava irritado com meus comentários. E Aredhel, de braços cruzados em um canto, só ria daquela situação.
    - Olha, por que você não me deixa assumir, eu sou claramente o melhor piloto - falei.
    - É mesmo? Bem, de nós dois, qual realmente pode voar?
    Jane desmoronou no chão. Aredhel correu para socorrê-la.
    - Oh, coitada. Ela está morta? - perguntei com ironia.
    - Jane? - chamou Thor.
    - Eu estou bem - gemeu Jane de volta, enquanto Aredhel a acomodava.
    Continuamos batendo em tudo pelo caminho. Depois aeronaves de Asgard começaram a nos seguir. Em seguida começaram a atirar em nós. Thor só ficava cada vez mais irritado com meus comentários. Thor chegou a destruir o monumento de Bor. Parecia um caos. Estávamos sendo perseguidos, Thor esbarrava em tudo e Aredhel irritantemente não parava de rir.
    - Você só sabe rir? - rosnei para ela e sua risada se intensificou.
    Aquilo parecia um circo de loucos. Nunca sairíamos de Asgard daquele jeito. Aquele plano de Thor era ridiculamente falho.
    - Você sabe que isso é maravilhoso. Esta é uma tremenda ideia - comecei a falar. - Vamos roubar a maior aeronave, a mais óbvia do universo e escapar nela.  - continuei falando e Aredhel aproximou-se de mim gesticulando, parecia querer me dizer algo, mas eu a ignorei. - Voando pela cidade, batendo em tudo à vista para que todos possam nos ver. É brilhante, Thor! É realmente brilhante! - gritei.
    De repente Thor me empurrou. Ao perceber que cairia me agarrei em Aredhel, mas ela também perdeu o equilíbrio e despencamos juntos da aeronave. Só senti meu impacto no chão de outra aeronave e o impacto de Aredhel sobre mim.
    - Desculpe-me... Eu tentei lhe avisar... - ela deu um sorriso fraco.
    Bufei irritado. Aredhel levantou-se rapidamente e Thor chegou em seguida.
    - Eu vejo que seu tempo nas masmorras te fez nada menos gracioso, Loki. E a você também Aredhel - falou Fandral com escárnio.
    Aredhel o encarou visivelmente irritada. Thor arrumou Jane no chão da aeronave.
    - Você mentiu para mim. Estou impressionado - falei para Thor.
    - Estou feliz que esteja satisfeito. Agora, faça o que prometeu. Leve-nos para o caminho secreto.
    Eu sorri e assumi o controle da aeronave. Outra aeronave começou a nos atacar e foi a vez de Fandral partir para se livrar deles. Segui em direção à passagem que conhecia. Aredhel calmamente sentou-se no chão enquanto Thor começou a ficar aflito com a nossa proximidade da montanha. Apesar de tudo, aquilo estava sendo muito divertido.
    - Se fosse fácil, qualquer um poderia fazer - falei.
    - Você está louco? - perguntou Thor aflito.
    - Possivelmente - respondi rindo.
    Entramos na passagem e finalmente saímos em Svartalfheim.
    - Ta-dá! - brinquei.
    Segui conduzindo a aeronave até que Thor, novamente, foi verificar como estava Jane. Comentei sobre o que eu poderia fazer se tivesse aquele poder em minhas veias. Thor retrucou dizendo que ele me consumiria. Falei que havia notado que a amada humana dele estava resistindo bem, até aquele momento. Thor alertou-me que ela era mais forte do que eu imaginava. Thor era cego? Ela era humana, um ser fraco, frágil e efêmero. Não viveria o suficiente para valer a pena o sofrimento que teria quando ela se fosse.
    - Este dia, o próximo, cem anos não são nada - eu o lembrei. - Será repentino. Você nunca estará preparado. A única mulher cujo amor você valoriza será arrancada de você - falei.
    Olhei para Jane e depois para Aredhel. Esta estava encolhida, com semblante triste, ouvindo tudo que eu dissera. Isso, de alguma forma, me incomodou um pouco.
    - E isso vai satisfazê-lo? - perguntou Thor.
    - Satisfação não está na minha natureza - respondi.
    - E me entregar não está na minha - retrucou.
    - Oh.. Filho de Odin - comentei em meio a um sorriso.
    - Não, não apenas de Odin! Você acha que só você que amou nossa mãe? Você tinha os truques dela, mas eu tinha a sua confiança - rosnou Thor.
    - Confiança. Essa foi sua última expressão? Confiar? Quando você a deixou morrer! - retruquei.
    - Que tipo de ajuda você deu de sua cela? - rebateu.
    - Quem me colocou lá? Quem me colocou lá? - rosnei.
    Thor avançou para cima de mim.
    - Você sabe muito bem! Você sabe muito bem! - gritou levantando o punho para mim.
    - Chega! - Aredhel falou nos empurrando e colocando-se entre nós dois - Frigga não iria querer ver vocês dois brigando! - olhou de Thor para mim. - Ainda que isso não a surpreendesse - franziu os lábios e ergueu os ombros.
    Deixei escapar um sorriso. Ela tinha razão. Frigga não ficaria surpresa com nossas brigas.
    - Eu gostaria de poder confiar em você - falou Thor.
    - Confie em minha raiva - retruquei.

A mulher do meu destino (Loki e Tom Hiddleston Fanfiction)Onde histórias criam vida. Descubra agora