1

8.1K 402 53
                                    

Physical Education Teacher

*

Bradford, Inglaterra

Quando eu acordo às sete e meia da manhã para ir para a escola é como uma onda de felicidade rebentasse dentro do meu ser e chegasse a todos os orgãos, ossos, nervos e células. As férias parecem ser sempre mais longas do que o que já são, e a cada dia que passava, mais feliz eu ficava, pois mais perto de a escola começar eu estava. A minha mãe achava-me ligeiramente estranha, ainda que se sinta orgulhosa de mim; tem cinco filhos e eu era a única que estava desesperada para o fim das férias enquanto que todos os outros desejavam arrancar as entranhas com um garfo só para não voltarem a pôr os pés na escola.

Portanto, levantei-me e fui a correr para a casa-de-banho ao fundo do corredor. Éramos sete nesta casa e havia apenas três casas-de-banho, é correr, ou esperar. Ultrapassei o meu irmão mais velho, o Mark, entrando em primeiro lugar na casa-de-banho e logo fechando a porta atrás de mim, ouvindo-o a bater nela e a tentar abri-la.

"Para de ser chata, sua lunática! Eu cheguei primeiro!" Resmungou ele, do outro lado da porta, claramente irritado. Eu ri, brevemente, e logo me apressei a ligar a água quente.

Era o primeiro dia de aulas. Não me podia atrasar.

"Bella, vou dizer à mãe!" Gritou, ainda a tentar abrir a porta como se ainda não tivesse percebido que estava trancada.

"Tu não tens pressa nenhuma para ir para a escola, por isso deixa-me ir primeiro!"

"Tu sabes que os rapazes acordam sempre com uma vontade enorme para ir à casa-de-banho! Estudaste isso e aposto que tiraste a merda de um 20 no teste. E eu sei que há mais casas-de-banho, mas esta é a mais perto do meu quarto."

"Desaparece, Mark." Ordenei, sem sequer lhe dar hipótese de insistir mais no assunto. Quando as batidas consecutivas na porta terminaram, soube que ele tinha ido embora.

Não demorei muito a tomar banho, uma vez que tinha lavado o cabelo ontem e, por isso, não precisaria de o lavar hoje de novo. O meu corpo cheirava a coco depois da loção corporal e o meu cabelo já se tinha visto livre de todos os malditos e inconvenientes nós mal lhe passara a escova. Posteriormente, vesti a roupa que tinha preparado ontem, para evitar qualquer atraso que pudesse surgir por isso, e depois calcei-me. Para começar as aulas, nada melhor do que me sentir confortável, com umas calças de ganga não muito apertadas, uma T-shirt branca lisa, com um bolso no peito, e umas sapatilhas cor-de-rosa da Nike. Estava pronta.

Saí da casa-de-banho e protegi a minha cara, já a saber que duas ou três pessoas viriam a correr na minha direção. Martha, a minha meia-irmã, entrou primeiro do que o Mark e do que a Catherine, a mais nova de todas as irmãs, e, mais uma vez, o Mark teve de esperar por outra pessoa na fila. Obviamente acabou por desistir, descendo as escadas e indo à casa-de-banho do primeiro andar.

"Estás muito linda, Bella!" Elogiou a Cath. Como é normal em todas as raparigas da idade da Catherine, as irmãs mais velhas são sempre um modelo a seguir e querem sempre ser como elas. A Catherine já mo tinha dito a mim e à Martha: no futuro, quer ser como nós as duas, uma espécie de mistura entre Bella e Martha. Talvez um dia consiga, quem sabe.

Sorri em agradecimento e passei por ela, em direção ao meu quarto. Para qualquer visita era fácil reconhecer o meu quarto, pois era o único com uma porta que continha uma flor pintada. Tinha uns seis anos quando pedi ao meu padrasto, que eu sempre tratei por pai, para a pintar e numa bela tarde de verão sentamo-nos em frente da porta e ele desenhou o lírio gigante, deixando-me pintá-lo.

A mochila estava pronta, eu estava pronta, só faltava preparar o pequeno-almoço. Por esta altura a minha mãe já devia estar na cozinha a fazer o pequeno-almoço para a sua numerosa família, constituída pelo seu segundo marido e os seus cinco filhos. Eu e o Mark éramos filhos de um homem cruel que nos abandonou assim que os problemas começaram a surgir: Pete Sykes. A minha mãe perdeu o emprego, ficamos cheios de dívidas e quase perdemos a casa; foi exatamente por isso que nos mudamos de Londres para Bradford, a cidade natal do novo marido da minha mãe, Dean Evans, mais calma, onde as rendas eram mais pequenas e as escolas mais baratas.  Depois da Martha veio a Catherine e o Peter. As coisas melhoraram, a minha mãe já arranjou um emprego, as dívidas desapareceram, e nós estávamos felizes, com tudo aquilo que precisávamos.

Physical Education Teacher Z.M.Onde histórias criam vida. Descubra agora